A COP 28 e o legado que ficou para o Nordeste

Na COP 28, o Consórcio Nordeste e as comitivas dos Estados da região mostraram a importância de ter projetos sustentáveis no bioma da caatinga
A secretaria do Meio Ambiente de Pernambuco, Ana Luiza Ferreia, fala sobre o legado que a COP 28 deixa para o Nordeste. Foto: Assessoria/ Divulgação

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima de 2023 (COP 28) deixou como legado para os Estados do Nordeste o reconhecimento da caatinga – bioma típico do semiárido nordestino – e a sinalização de que a transição energética – que vem por aí – tem que ser justa, segundo as secretárias que respondem pelas áreas do Meio Ambiente e Sustentabilidade nos Estados de Pernambuco, Ana Luíza Ferreira, e do Ceará, Vilma Freire. O evento se encerra nesta terça-feira (12) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O evento contou com uma vigorosa participação dos Estados do Nordeste representadas por governadores, secretários estaduais ligados às áreas de meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento econômico. “Foi importante o esforço grande para posicionar a caatinga num País em que, devido às atenções internacionais, os recursos se voltam muito naturalmente para a Amazônia. A gente tem um bioma riquíssimo em diversos aspectos e até hoje não atraiu recursos compatíveis com essa riqueza. Acredito que conseguimos deixar este legado dessa voz pela caatinga”, resumiu a secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha de Pernambuco, Ana Luiza Ferreira.

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A iniciativa de divulgar a caatinga foi do Consórcio Nordeste e contou com o apoio das várias comitivas dos Estados, como a da Paraíba – cujo governador é presidente do Consórcio Nordeste -, da de Pernambuco e do Ceará. “Os governadores Elmano de Freitas (do Ceará), Raquel Lyra (de Pernambuco) e Jerônimo Rodrigues (da Bahia) tiveram oportunidade de participar e mostrar que o fundo (da caatinga) é um instrumento econômico capaz de mobilizar recursos para a conservação ambiental e desenvolvimento da bioeconomia”, comentou a secretária do Meio Ambiente do Ceará, Vilma Freire. No dia 31 de outubro último, o Consórcio Nordeste propôs a criação de um fundo para a caatinga similar ao fundo que já existe para a Amazônia.

“As discussões internacionais demonstraram a urgência de utilizar soluções baseadas na natureza para impulsionar uma bioeconomia capaz de agregar o desenvolvimento econômico ao aumento de serviços ecossistêmicos. Neste painel, ficou claro que, no caso do Nordeste, a solução parte do fundo da caatinga”, defendeu Vilma Freire.

Energias limpas e a COP 28

Inicialmente, a expectativa era de que o relatório final da COP 28 citasse a previsão de eliminar o uso dos combustíveis fósseis, que contribuem para o aquecimento global. Pelo que foi divulgado até ontem o documento vai falar da necessidade de substituir os combustíveis fósseis. Outro termo muito discutido durante o evento foi a transição energética. “A estrela desta transição energética vai ser a energia renovável justa. O grande diferencial não é só a transição energética, mas o que isso está deixando de justiça climática nos territórios”, comentou Ana Luíza Ferreira.

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Durante a COP 28, O governo de Pernambuco lançou um documento chamado Estratégia de Hidrogênio Verde do Estado durante o evento e também passou a ser signatário do Race to Resilience, coalizão de entidades, governos e empresas com foco no desenvolvimento de estratégias e metas de adaptação às mudanças climáticas, estabelecendo emissões zero de carbono até 2050. “O Estado já tem um plano de descarbonização. O mundo todo precisa de ações de mitigação, que é a redução das emissoes dos gases que provocam o efeito estufa. Mas os países em desenvolvimento, como o Brasil, e muito em especial o Nordeste e Pernambuco, precisam se voltar para as ações de adaptação às mudanças climáticas. Com o Race, a nossa intenção é ampliar o olhar para a adaptação”, disse Ana Luiza.

Segundo a secretária pernambucana, a primeira iniciativa é trazer para o plano de descarbonização e adaptação às secretarias que não são grandes emissoras, mas constroem uma infraestrutura pública significativa e agora essas infraestruturas precisam ter olhar de adaptação e resiliência. Ela citou, como exemplo, as secretarias de mobilidade, infraestrutura, saúde e educação. Os parceiros da Race to Resilience trabalham com uma meta de tornar 4 milhões de pessoas em todo o mundo mais resilientes aos impactos das alterações climáticas até 2030.

Ainda durante o evento, Ana Luiza informou que Pernambuco foi selecionado pelo UK Pact, uma iniciativa do governo do Reino Unido (UK) para receber R$ 2 milhões para estruturar projetos que depois possam ser financiados por fundos do Reino Unido ou “potencialmente” pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que está com recursos para bons projetos. “Agora, a tarefa é desenvolver bons projetos de infraestrutura verde e resiliente para ampliar a adaptação às mudanças climáticas”, concluiu Ana Luiza.

A transição energética e o Ceará

A secretária do Meio Ambiente do Ceará, Vilma Freire, afirma que a COP 28 trouxe mais clareza de como a transição energética é um tema transversal. Foto: Divulgação

Uma das palavras de ordem da COP 28 foi a transição energética justa. “Isso nos trouxe uma clareza nos benefícios de tratarmos este tema de uma maneira mais transversal. Aqui, tem representantes das indústrias, empresas, academia, outros governos, entidades da sociedade civil e foram apresentadas metas para um meio ambiente mais equilibrado. O Ceará já vem fazendo na transição energética o que a COP 28 apontou como caminho”, resumiu a secretária do Meio Ambiente do Ceará, Vilma Freire.

O Ceará é um dos grandes produtores de energia eólica e está se preparando para ser um grande produtor de hidrogênio verde, que só pode ser fabricado a partir de energia limpa, como a eólica ou a solar. “Na COP 28, se consolidou que o Nordeste vai ser, muito em breve, um fornecedor de energias limpas. Estamos à frente de muitos outros Estados do Brasil e até de países. O Nordeste possui características parecidas e está se unindo para consolidar tecnologias, procedimentos na geração de energia limpa competitiva”, contou Vilma, acrescentando que cada Estado tem a sua peculiaridade.

Segundo Vilma, a transição energética precisa ser diversificada e cada atividade sendo complementar a outra. “Dessa forma, se cria mais resiliência e diminui as vulnerabilidades frente à crise climática. O Ceará está liderando e já tem 35 memorandos de entendimento assinados com grandes empresas, entre elas uma planta licenciada para produzir hidrogênio verde a partir de 2024”, comentou. O governador do Ceará, Elmano de Freitas, participou de paineis na COP 28 falando da transição energética e o papel que o hidrogênio verde pode ter nesse contexto.

A expectativa é de que o relatório final da COP 28 sugira que ocorra que seja triplicada, rapidamente, a capacidade de produção de energia renovável em nível mundial, que seja reduzido o uso do carvão e sejam criados sistemas usando combustíveis com zero carbono ou baixo teor de carbono até meados deste século.

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