A eleição municipal de 2024 do Recife é prevista como uma das maiores costuras políticas a serem feitas entre os partidos do campo político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesta quarta-feira (29/11), na sede do PSB, em Brasília, estiveram reunidos o prefeito do Recife e vice-presidente nacional do PSB, João Campos, candidato à reeleição e apontado pelas pesquisas de opinião como favorito; o ministro Márcio França (Empreendedorismo), do PSB; o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira; o senador Humberto Costa, vice-presidente nacional do PT e coordenador do GTE da legenda para as eleições 2024; e a presidente nacional do PT e deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann.
Apesar de despertar muita curiosidade, pouco se falou depois do encontro. “Tivemos uma excelente conversa, na tarde desta quarta-feira (29), na sede do PSB, aqui em Brasília, sobre conjuntura política e eleições”, postou Humberto Costa, nas suas redes sociais.
Um dos principais encaminhamentos dessa reunião deve ter girado em torno da montagem da chapa majoritária de João Campos para o ano que vem. No último mês de setembro, Gleisi Hoffmann Gleisi Hoffman, deixou claro que o PT vai querer o protagonismo no pleito de 2024 da capital pernambucana. No mínimo, segundo ela, o PT vai querer a vice de João Campos, que hoje é ocupada por Isabela de Roldão, do PDT.
“Respeitamos o PDT, mas queremos o protagonismo”, afirmou. Ela também considera inevitável que seu partido faça alianças com partidos de direita para que a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ‘não perca o rumo’. O posicionamento contundente de Gleisi não foi bem recebido pelo PDT, que deveria ser rifado da vice para abrir espaço aos petistas.
Nesse mesmo dia, poucos minutos depois, João Campos abria as portas da Prefeitura do Recife para o ingresso do grupo político “de direita” da “Família Coelho”, do ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União). Na ocasião, o deputado estadual Antonio Coelho (União) assumiu a secretaria de Turismo recifense. Ou seja, uma aliança à direita, o que seria segundo Gleisi Hoffmann: “inevitável”, da mesma forma que acontece em âmbito federal.
Mas, por que a vice-prefeitura de João Campos interessa tanto? Justamente porque na possibilidade de ser reeleito, o prefeito do Recife se credenciaria para disputar, em 2026, o Governo de Pernambuco contra a governadora Raquel Lyra (PSDB). Nesse caso, a sua ou o seu vice assumiria, em tese, a Prefeitura do Recife depois que o socialista deixasse o cargo.
Portanto, por mais que tivesse conversado sobre qualquer outra conjuntura nacional é inevitável que as tratativas sobre as eleições do Recife de 2024 não estivessem no centro do debate. Resta lembrar que, dentro do Governo Lula 3, o PSB de João Campos, ocupa a vice-presidência da República, com Geraldo Alckmin, que ainda desempenha o papel de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O PSB também tem o Ministério da Justiça, com Flávio Dino (que foi indicado por Lula ao STF). Os socialistas ainda tem como Secretário Nacional de Justiça Secretário Nacional de Segurança Pública, o ex-deputado federal por Pernambuco e correligionário, Tadeu Alencar. Tem Danilo Cabral, na superintendência da Sudene, além de outros cargos importantes.
Na Prefeitura do Recife, o PT também possui espaço com Oscar Barreto, secretário de Meio Ambiente do Recife, e Ermes Costa, na frente da Secretaria de Habitação. Ambos são indicações do PT, de Humberto.
Portanto, faz todo sentido o temor do PDT em ser rifado da chapa majoritária de 2024. Também é compreensível que o PT deseje este lugar tendo em vista sua densidade eleitoral frente aos pedetistas. O que falta acertar são os ponteiros entre o PT, de Humberto e Gleisi, e o PSB de João Campos. São ajustes tênues e delicados.
Afinal, em 2026, o próprio Humberto concluirá sua segunda sequência de 8 anos como senador. Humberto tem a confiança socialista, a dos petistas e de Lula. Por isso, Humberto se coloca como um dos principais articuladores dessa conjuntura que envolve as eleições recifenses e alianças políticas nacionais. Como faz desde os tempos de Eduardo Campos no Governo de Pernambuco, Humberto ajuda na construção da aliança PT/PSB, mas é justo que requisite seu próprio espaço.
Por enquanto, os dois partidos fecharam o entendimento de seguir conversando, mantendo encontros semelhantes.
2024 ainda não chegou, mas ele passa por um subsequente 2026.
Senado aprova projeto de Humberto que cria poupança para alunos do ensino médio
O plenário do Senado Federal aprovou, na tarde desta quarta-feira (29), o Projeto de Lei Complementar nº 243/2023, de autoria do senador Humberto Costa (PT), que viabiliza a aplicação de R$ 6 bilhões do Fundo Social para incentivar estudantes de baixa renda a permanecerem no ensino médio.
Chancelada pela unanimidade dos 61 senadores presentes no plenário da Casa, a proposta cria a estrutura legal e orçamentária para financiar a Poupança Estudantil, programa idealizado pelo governo Lula para tentar fazer face aos altos índices de evasão escolar no ensino médio no Brasil, que dobrou em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De acordo com pesquisa da ONU, a evasão atinge mais de 500 mil jovens brasileiros. Entre os mais pobres, somente 46% chegam ao fim do percurso.
“A conclusão do ensino médio para a juventude mais pobre é um desafio fundamental, sobretudo, para a redução das desigualdades sociais, ponto central para que se tornem adultos com capacidade de acesso a melhores condições de vida, contribuindo para o rompimento do ciclo intergeracional da pobreza e da extrema pobreza”, afirmou Humberto.
Os recursos virão do superávit do Fundo Social, criado ainda no 2º governo Lula com dinheiro de fontes como o Pré-Sal, e pensado para investimentos em desenvolvimento humano e regional, especialmente em áreas como a educação. Ontem, o governo federal editou medida provisória estabelecendo as diretrizes para o novo programa, que contemplará jovens de baixa renda cujas famílias estejam inscritas no Cadastro Único. Os alunos poderão sacar parcelas dos recursos mês a mês ou ao final de cada ano de ensino concluído. O modelo detalhado do programa será definido em novo texto legal.
“A evasão escolar traz consequências para o indivíduo por toda a vida. Sair da escola fecha portas, desqualifica o capital humano, reduz a renda, implica no estado de saúde e até na criação dos filhos, cuja chance de concluir o ensino médio também reduz. Então, vi com muita alegria a decisão do Senado de aprovar esse nosso projeto, que dá esperança aos nossos estudantes para construírem um futuro mais promissor”, explicou o senador petista. Aprovado pelo Senado, o projeto de Humberto segue, agora, para apreciação da Câmara dos Deputados.
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