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Pequenos sistemas alcançam 11% do total da geração de energia do País

No Brasil, 3 milhões de brasileiros que instalaram pequenos sistemas de geração e estão produzindo a sua própria energia
energia solar fotovoltaica
No Brasil, cerca de 3 milhões de consumidores têm pequenos sistemas de geração de energia solar instalados no País. Foto: Pixabay

Os sistemas de geração fotovoltaica (solar) de pequenos consumidores de energia, como aqueles colocados em cima dos telhados das casas,  já representam 11% de toda a capacidade instalada para produzir energia no Brasil, totalizando 23 gigawatts (GW) diante de um total de 210,7 GW instalados em todo o País. 

Somente para o leitor ter a dimensão do que isso significa, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) tem uma capacidade instalada para gerar em torno de 10 GW. São mais de duas Chesfs gerando energia em pequenos sistemas, o que o setor elétrico chama de geração distribuída, porque a produção da energia ocorre no mesmo lugar onde há o consumo. 

O aumento de consumidores gerando sua própria energia está ocorrendo rápido no Brasil. Em maio do ano passado, mais de um milhão de usuários passaram a produzir uma parte da energia que consomem. “A geração distribuída está crescendo de forma acelerada, o que demonstra o interesse dos consumidores, famílias e pequenos negócios de produzirem a sua própria energia em respostas ao aumento do custo da energia elétrica, a preocupação com a sustentabilidade e a redução do custo desta tecnologia”, resume o coordenador da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Guilherme Susteras. 

Segundo ele, a tendência é crescer mais a quantidade de consumidores que geram sua própria energia, em condições que tornam mais fáceis fazer um investimento deste tipo, como uma melhora nas condições de acesso ao crédito com a redução das taxas de juros. 

Ainda de acordo com Susteras, a geração própria de energia é benéfica para o sistema elétrico como um todo, porque desafoga as linhas de transmissão, reduz perdas técnicas que ocorrem no transporte da energia em longas distâncias e traz mais segurança ao sistema – porque evita sobrecarregar as linhas de transmissão. 

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Representando os consumidores, Antônio César Baleeiro, diz que os consumidores que instalam um sistema de geração solar economizam, em média entre 60% e 70% com a conta de energia. Foto: Asceel/ Divulgação

O baixo custo da geração distribuída

“O custo do quilowatt-hora (kWh) produzido na  geração distribuída – que são os consumidores que geram sua própria energia – é muito menor do que os consumidores que compram energia no mercado cativo”, resume um dos fundadores e diretor da Associação Brasileira dos Consumidores de Energia Elétrica (Asceel) e professor aposentado da Universidade Federal de Goiás, Antônio César Baleeiro. Mercado cativo é aquele formado pelos consumidores que devem comprar energia de uma única distribuidora, como ocorre com os clientes que consomem energia na baixa tensão. Geralmente, as distribuidoras atuam por Estado. Por exemplo, em Pernambuco é Neoenergia Pernambuco.

De acordo com simulações feitas por Antônio César, acontece, em média, uma economia que varia de 60 a 70% para o consumidor que constrói uma usina fotovoltaica (geração distribuída). “Mas este consumidor tem que ser do  grupo B e ter um consumo compatível com a usina que vai construir”, resume, acrescentando que isso significa que o usuário deve gerar cerca de 80% do que consome mensalmente .O consumidor do grupo B é formado por pequenos clientes, como residências, comércios, propriedades rurais e indústrias (também pequenas). 

“Cada caso é um caso, mas a única forma do consumidor pequeno pagar menos é gerar a sua própria energia”, assegura Antônio. 

Custo Brasil da energia

O consumidor que está gerando sua própria energia deixa de pagar uma série de penduricalhos embutidos nas contas de luz das distribuidoras, como encargos setoriais, subsídios etc. “O Sistema Interligado Nacional (SIN) é como se fosse um grande condomínio. E aí o consumidor do tipo B mantém a baixa renda, que paga a tarifa social”, explica Antônio. A tarifa social dá desconto de até 65% para os clientes de baixa renda.

O consumidor tipo B também banca os incentivos concedidos aos irrigantes que usam energia à noite, também paga para manter entidades do setor como o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), além de bancar o combustível dos sistemas isolados da Amazônia que ainda usam diesel para ter energia. “Eles são brasileiros como nós e têm que ter acesso à energia”, comenta Antônio. 

No entanto, a tendência é ficar cada vez menos brasileiros no mercado cativo de energia e estes vão pagar cada vez mais caro na conta de luz. Por dois motivos. Primeiro, vão aumentar os consumidores que vão gerar a sua própria energia. Segundo, a partir de janeiro de 2024,  qualquer consumidor de alta tensão poderá comprar energia no mercado livre, mecanismo no qual o cliente escolhe a empresa que vai lhe fornecer a energia e nesta conta também não entram muitas coisas cobradas ao consumidor cativo, como encargos setoriais, entre outros. Ou seja, ficarão menos consumidores no mercado cativo, até hoje não há concorrência para vender energia ao consumidor pequeno, o usuário final. 

“O Sistema Interligado Nacional (SIN) -que leva energia para quase a totalidade do País – tem uma série de complexidades. O País é continental. Não há uma solução simples. O consumidor final sente no bolso o custo alto da energia, a falta, a oscilação que faz queimar um equipamento, mas ainda não está preparado para discutir a tarifa. É preciso falarmos mais sobre isso”, conclui Antônio. 

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