Grupo João Santos recupera fábrica de cimentos Itaguassu e diz que usará ativo para saldar dívidas

O Grupo João Santos está em processo de recuperação judicial e enfrenta uma crise desde a morte de seu fundador, em 2009
Cimento Nassau fabrica
Uma das empresas do grupo é a Fábrica de Cimentos Nassau, que fica no município de Goiana (PE)

O Grupo João Santos anunciou na tarde desta segunda-feira (30) o retorno ao conjunto de seu patrimônio da fábrica de cimentos Itaguassu, localizada no município de Nossa Senhora do Socorro, no estado de Sergipe. A unidade, avaliada em mais de R$ 3 bilhões, foi vendida por pouco mais de R$ 316 milhões, em julho do ano passado. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) agora determinou o retorno do parque fabril ao patrimônio do grupo, que está hoje em processo de Recuperação Judicial (RJ). Em nota, a empresa informou que fará uso deste ativo para saldar dívidas com seus credores.

A fábrica Itaguassu não opera há sete anos, tinha cerca de 500 empregados diretos quando em atividade e acumulou uma dívida trabalhista que supera R$ 90 milhões, ao ser afetada pela crise econômica que atingiu a Cimentos Nassau – que chegou a ser a segunda maior do segmento no país, detendo 13% do mercado nacional e faturando cerca de R$ 2,5 bilhões. A crise estaria relacionada à desaceleração do setor da construção civil no país. Contudo, a não modernização das operações e uma disputa interna entre os herdeiros do grupo, após a morte de seu fundador, em 2009, também são apontadas como causas da má saúde financeira da corporação.

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Recentemente, uma reportagem da VEJA revelou que as dívidas do Grupo João Santos somariam cerca de R$ 13 bilhões – sendo, destes, R$ 10 bilhões referentes a dívidas tributárias e R$ 3 bilhões em dívidas civis e trabalhistas. Atualmente, a empresa tem faturamento próximo a R$ 1 bilhão, um passivo de R$ 13 bilhões e gera aproximadamente 4.250 empregos diretos. Das 58 empresas do portfólio do grupo, 44 estão ativas.

Recuperação judicial

O Grupo João Santos ajuizou, no último mês de dezembro, o pedido de RJ na Comarca de Recife-PE, sede de sua administração e teve o pedido acatado pelo juiz Marcus Vinícius Barbosa de Alencar Luz, do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

A gestora independente de recursos Quadra anunciou que financiaria a RJ da empresa por meio de dois fundos. O plano deve ultrapassar R$ 1,5 bilhão, num prazo que pode variar entre cinco e dez anos. O aporte inicial foi calculado em valores entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões, após a aprovação do plano de RJ. A Quadra atua em operações de crédito estruturado e controle e participação de empresas.

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Confira abaixo na íntegra a nota divulgada pelo grupo

Com o retorno ao patrimônio a fábrica se torna importante ativo para sanar compromissos com credores e o Grupo Joao Santos vem informar que:

  1. Em 13/julho/2022 foi realizada uma alienação judicial promovida pelo Juízo Auxiliar de Execuções – JAE do Tribunal Regional do Trabalho da Vigésima Região, do parque fabril da Itaguassu Cimentos, importante ativo do Grupo João Santos.
  2. A fábrica Itaguassu, avaliada em mais de R$ 3 bilhões, foi estranhamente vendida pelo valor de R$ 316.870.748,16, com pagamento de um sinal de meros R$ 79.217.687,00 milhões; incluindo os ativos minerários que não foram, sequer, objeto de avaliação.
  3. O Superior Tribunal de Justiça decidiu pela competência do juízo recuperacional que declarou a ineficácia da alienação judicial da Itaguassu, determinando seu retorno ao patrimônio do Grupo João Santos.
  4. O Grupo João Santos fará uso deste importante ativo para através da geração de caixa que gerará, quer por sua retomada de operação, quer pela venda pelo seu valor real, saldar seus compromissos junto a seus credores de forma rápida e transparente.
  5. O Grupo João Santos segue confiante no Poder Judiciário e determinado a alcançar o seu soerguimento e cumprimento de suas obrigações junto a seus credores.

Recife/PE, 30 de janeiro de 2023

Sobre o Grupo João Santos

O Grupo iniciou suas atividades no segmento sucroalcooleiro em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951 com a fundação da fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente. Anos depois, mais cinco fábricas foram incorporadas nos estados de Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Espírito Santo. Outros segmentos de atuação são celulose, agronegócios, comunicação e serviços como taxi aéreo e logística.

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