De Fortaleza*
Durante a 54ª Reunião Anual da Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (Alide), em Fortaleza, o governador cearense Elmano de Freitas anunciou os resultados de sua viagem aos Países Baixos no começo da semana. Em Roterdã, ele assinou Memorando de Entendimento com a Eletrobras para a produção de hidrogênio verde (H2V) e seus derivados no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) e disse que tem perspectiva de pré-contrato com outras três empresas.
O memorando com a Eletrobras foi assinado no estande do Porto de Pecém, na terça-feira (14), segundo dia da World Hydrogen 2024, evento que reuniu diversos investidores e países em torno dessa nova indústria de energia limpa. O acordo prevê o fornecimento de energia renovável e de H2V aos futuros projetos industriais no Ceará.
“Além dessas três empresas, temos seis pré-contratos em execução e isso significa que saímos da fase de intenção e passamos para fase mais concreta. Agora, as empresas passam a fazer investimentos reais”, revelou.
Entre as empresas que assinaram pré-contratos estão Fortescue, Casa dos Ventos, Cactus, AES e Voltalia. A sexta empresa não teve o nome divulgado ainda. Os investimentos superam os R$ 30 bilhões.
Elmano de Freitas também anunciou que se reuniu com a empresa petrolífera britânica British Petroleum (BP), com quem o governo já tem um memorando, para avançar num pré-contrato. A BP está envolvida em exploração, produção, refino e distribuição de petróleo e gás natural, bem como em energias renováveis.
Houve reunião também com a Envision Energy que tem disposição de fazer investimentos no brasil na área de energia renovável. A empresa é uma multinacional chinesa com sede em Xangai que fornece turbinas eólicas e software de gerenciamento de energia. A Envision tem cooperações estratégicas de longo prazo na área de fabricação de baterias com Renault, Nissan, Daimler e Honda.
“A avaliação da viagem foi muito positiva sob o ponto de vista de nossa relação com o Porto de Roterdã, confirmando a posição do Porto de Pecém como saída para o Hidrogênio Verde na região e o de Roterdã como entrada para a Europa”, disse, Elmano de Freitas.
Voos da KLM
Outra negociação travada na ida aos Países Baixos foi com a direção da companhia aérea KLM para tratar da implantação de voos diretos entre Amsterdã e Fortaleza. “Há dificuldades a serem vencidas sob o ponto de vista do número de aeronaves, as questões financeiras da própria empresa, além do relacionamento da KLM com a Air France, que são parceiras, mas acho que vamos avançar”, declarou.
A rota é muito relevante para o estado, que vem intensificando sua relação com os Países Baixos em torno do H2V. Além disso, o Porto de Roterdã, o principal da Europa, tem participação de 30% no Complexo do Pecém, numa joint venture formada com o Governo do Estado do Ceará. Os holandeses ocupam posições na Diretoria Executiva e no Conselho Fiscal e de Administração.
Freitas fez questão de ressaltar que a missão para Holanda não foi uma ação isolada do estado cearense, mas conjunta do Consórcio Nordeste. “A região pode crescer muito e estamos irmanados”, destacou. O governador ressaltou que há ações articuladas entre estados e citou uma parceria que vem evoluindo entre o Ceará e o Piauí em torno do gás, que vai demandar investimentos conjuntos.
Vendendo bem Pecém e o Ceará
Irmanados ou não, o fato é que o Ceará vem sabendo vender-se quando o assunto é H2V. E vai além disso. No evento da Alide, que está acontecendo na sede do Banco do Nordeste até esta sexta-feira, o governo mostrou aos representantes de bancos de desenvolvimento de 26 nações todo o potencial local para atração de investimentos.
Destacou seus parques eólico e solar e os avanços com o H2V, a nova âncora energética local. Também ressaltou seu modal de transportes, que passará em breve a contar com a ferrovia Transnordestina chegando ao Porto de Pecém e sua conexão com as estradas.
O Ceará se colocou como um hub de conectividade, com diversos cabos submarinos de fibra óptica ligando diversos data centers situados em Fortaleza a outros ao redor do mundo. Uma infraestrutura faz com que 90% de todos dados que circulam no Brasil passem pela capital cearense antes de serem distribuídos a outras regiões.
Além disso, o governo apresentou o Complexo Industrial e Portuário do Pecém e sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE), a primeira criada no Brasil e responsável por metade das exportações do estado. Tudo isso sem esquecer seu cartão postal: o turismo.
*A jornalista viajou a convite do Banco do Nordeste
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