Grupo de João Santos ajuíza pedido de recuperação judicial

A empresa tem 60 dias para apresentar o plano de Recuperação Judicial.
Cimento Nassau fabrica
Fábrica do cimento Nassau, no município de Goiana (PE).

O Grupo João Santos ajuizou pedido de Recuperação Judicial (RJ) na Comarca de Recife-PE, sede de sua administração. Nesta sexta-feira (23), o juiz Marcus Vinícius Barbosa de Alencar Luz, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, acatou o processo.

O Grupo João Santos tem atualmente um faturamento próximo a R$ 1 bilhão, e detém um passivo reconhecido no pedido de Recuperação Judicial de R$ 13 bilhões. O Grupo mantém diversas operações em atividade, gerando aproximadamente 4.250 empregos diretos.

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Agora a empresa tem 60 dias para apresentar o plano de Recuperação Judicial. Se houver objeção de algum diretor do grupo, o plano será analisado pela Assembleia Geral dos Credores, onde será aprovado ou rejeitado. “A expectativa é de aprovação e a intenção é de recuperação de empresas e suas principais atividades, que são a produção de cimento, açúcar a álcool. Acreditamos que o grupo retomará sua posição de destaque”, diz João Rogerio Alves Filho, sócio-fundador da PPK Consultoria, uma das empresas que atuam na condução da reestruturação econômico-financeira no processo de RJ.

O Grupo João Santos já ocupou a posição de 2º maior grupo fabricante de cimento no país e um dos maiores do mundo, com o Cimento Nassau. Das 58 empresas do portfólio, 44 estão ativas e integram o processo de RJ.

Ainda no segundo semestre deste ano, o Grupo João Santos passou por uma profunda reestruturação em sua direção executiva, tendo a mesma sido assumida por dois profissionais de mercado, iniciando um novo ciclo. 

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Trâmites do processo

Os trâmites do processo levarão cerca de um ano até que o plano, sendo aprovado, possa ser executado. A demora se deve à complexidade do processo. Sendo aceito o plano, os credores terão de seis meses a um ano para comprovar que têm créditos juto ao grupo. Depois, o plano precisa ser homologado pelo juiz responsável pelo processo. Só então, será executado.

O tempo de duração para a recuperação do grupo depende do perfil de cada credor. Dos R$ 13 bilhões em débitos contábeis, cerca de R$ 350 milhões são dívidas com o mercado. Mas há contingenciamento de aproximadamente R$ 6 bilhões e empréstimos entre empresas do grupo.

“Temos intenção de usar créditos tributários para reduzir o passivo que chega a R$ 10 milhões na esfera federal”, diz João Rogério. Além disso, ele ressalta que o grupo tem muitos bens, que numa recuperação judicial ganha valor, porque são negociados livres de problemas judiciais.

“A Recuperação Judicial vem ao encontro da necessidade de organização, método e transparência que a nova gestão, iniciada há cerca de 4 meses, vem trazendo na condução dos negócios do Grupo”, diz o Diretor Paulo Narcelio.

Atores do processo

A análise de viabilidade econômica de retomada do funcionamento de plantas industriais e segmentos de atuação está contando com a coordenação da consultoria internacional Delloite Touche.

Para a condução do processo judicial foi contratado o escritório Matos Advogados, liderado por Gustavo Matos, seu sócio fundador, que se mostra “bastante confiante na eficácia que as modernas ferramentas acessíveis a partir de um ambiente concursal trazido pela Recuperação Judicial trará para o breve soerguimento do grupo.”

A PPK Consultoria, de João Rogério, atua em paralelo ao escritório de advocacia, na condução da reestruturação econômico-financeira. “A recuperação judicial servirá ao Grupo João Santos como um pilar estratégico para revisão de viabilidade de todos suas unidades de negócios, podendo-se, a partir de operações estruturadas, aumentar significativamente o valor dos ativos detidos pelo Grupo, garantindo assim a viabilidade e modernização tecnológica de unidades de negócios mais competitivas”, diz João Rogério.

Grupo João Santos

O Grupo iniciou suas atividades no segmento sucroalcooleiro em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951 com a fundação da fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente. Anos depois, mais cinco fábricas foram incorporadas nos estados de Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Espírito Santo. Outros segmentos de atuação são celulose, agronegócios, comunicação e serviços como taxi aéreo e logística.

O grupo começou a ruir após a morte do patriarca e presidente do conglomerado, João Pereira dos Santos. A briga pelo controle do grupo teria de um lado os filhos e do outro os irmãos. As discórdias entre os parentes de João Santos começaram em 2009, durante o inventário dos bens deixados por ele. Somou-se a isso o atraso na modernização das fábricas, a ausência de novos mercados e o surgimento de concorrentes na produção de cimento na região, como o Cimento Nacional, em Pitimbu PB, do Grupo Ricardo Brennand, com plantas modernas e produção maior.

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