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Provedores de internet são alvo de facções criminosas no Ceará

Vários municípios do Ceará, entre eles, a capital cearense, já registraram ataques criminosos às redes de fibra óptica e fechamento de provedores
Bruno Brandão
Bruno Brandão
De Fortaleza
provedor de internet
Ao menos 15 provedor de internet foram fechados no Ceará /Foto: divulgação

As pequenas empresas provedoras de internet têm sido os novos alvos das facções do crime organizado no Ceará. Criminosos têm incendiado, sabotado e sequestrado redes de fibra óptica, exigindo pagamentos para permitir a continuidade da operação das empresas e ameaçado a integridade física de profissionais do setor. De acordo com a Associação dos Provedores do Ceará (Uniproce) já foram fechados quinze provedores e demitidos cerca de 200 colaboradores. 

A empresa GPX Telecom foi uma dessas que anunciaram o encerramento das atividades. Por meio de nota, a empresa, que atuava nos bairros do Parque Soledade, São Gerardo e Ponte Rio Ceará, informou a saída do mercado após nove anos de atividades. “Em menos de 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto esforço e comprometimento, levando-nos a tomar a difícil decisão de encerrar nossas operações. Esperamos por justiça diante dessa situação alarmante”, diz trecho da nota.

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT) também manifestou preocupação com os casos no Ceará. A Associação explica que dado que a ativação de um único cliente em uma rede de fibra óptica gira em torno de R$ 2.000, considerando equipamentos, mão de obra e infraestrutura de rede, e que muitas localidades são projetadas para atendimento e cobertura de 50% dos imóveis, o impacto financeiro e social desses crimes é ainda mais alarmante.

Provedores temem fazer denúncia

“A Abrint também destaca que o objetivo das facções vai além da extorsão financeira. A apropriação do serviço de internet também serve como uma ferramenta de controle territorial, fortalecendo a presença do crime organizado nas comunidades afetadas.  Um dos desafios das autoridades é a dificuldade dos provedores em denunciar os ataques. O medo de represálias e o cenário de impunidade impede muitos empresários de registrar ocorrências, dificultando a obtenção de dados precisos sobre os crimes”, pontua.

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Por meio de nota, a Brisanet, operador conhecido no Estado, também falou sobre os ataques e destacou os prejuízos que a empresa já soma. “Devido ao cenário atual, cerca de 2 mil clientes cancelaram o contrato do serviço de internet em Caucaia e Fortaleza, no Ceará. A empresa vem adotando protocolos de segurança para proteger seus colaboradores e preservar os ativos, garantindo a continuidade dos serviços junto aos clientes dentro das condições possíveis”, informa.

Em resposta aos ataques, o Governo do Ceará, através das Forças de Segurança, deflagrou, no fim de março, a operação Strike, que já resultou nas prisões de 40 suspeitos. A operação tem o objetivo de identificar, investigar e prender suspeitos de ataques e ameaças a provedores de internet e a funcionários das empresas para criar um comércio ilegal de provedores.

O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), Roberto Sá, ressaltou a relevância da ofensiva. “Chegamos a 40 pessoas capturadas e muitas apreensões. Nenhuma ação criminosa ficará sem uma resposta de investigação e de ação operacional. Estamos trabalhando com todas as forças nessa coalizão do bem, contra esses grupos criminosos. Solicitamos aqui o apoio da população com informações, via Disque-Denúncia 181. Não toleraremos o crime aqui no Ceará. Se insistirem nessa empreitada, serão identificados um a um e presos”, afirmou.

Ainda nas ações defensivas da segurança pública, o Ministério Público do Estado do Ceará, por meio do Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) deflagrou  a Operação Dynamus nos municípios de Caridade, Paramoti e localidades próximas. A investigação teve início a partir do recebimento de relatório encaminhado pela Polícia Militar.

Segundo o documento, teria sido identificado que a facção criminosa passou a exigir às empresas pagamentos mensais no valor de R$20,00 por cliente, sob pena de represálias. Após a negativa dos empresários em atender à exigência, atos de vandalismo e depredação foram registrados, incluindo a destruição de caixas de transmissão, antenas e redes de fibra óptica.  

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