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Possível indicação de José Múcio para o Ministério da Defesa repercute bem

Múcio é conhecido por apresentar um perfil conciliador e ter bom trânsito com pessoas de todo o espectro político
José Múcio, contado para Ministério da Defesa/Foto: Agência Senado

O ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-ministro das Relações Institucionais (2007-2009), José Múcio Monteiro Filho, é atualmente o nome mais especulado para assumir o comando do Ministério da Defesa no novo governo Lula. A expectativa da classe política é que o anúncio seja realizado na próxima semana, junto às indicações dos futuros comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. 

Apesar de ganhar força, o nome de José Múcio ainda não foi formalizado, nem há informações concretas se, no seu último encontro com o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT), ele chegou a receber um convite para integrar o governo.

Ao Movimento Econômico, o deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE) – indicado pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, para compor a equipe de transição entre os governos Bolsonaro e Lula – disse que “não apostaria as fichas em nenhum outro nome” além do de José Múcio para a pasta. “É uma grata surpresa a ventilação do nome de Múcio, um pernambucano, muito hábil, que transita bem e tem o respeito das Forças Armadas”, disse o parlamentar.

Contudo, o parlamentar enfatiza que os temas ligados à definição dos nomes de ministros(as) têm sido tratadas com muita reserva no “núcleo duro” do futuro governo. O pedetista disse que “o nome e a data do anúncio” só podem ser definidos por Lula, e que apesar de integrar o grupo de transição, “ninguém sabe das escolhas para nenhuma pasta”. 

“É um assunto restrito. Não sei se é estratégia ou falta de consenso, pois se um membro de alto escalão diz ter certeza, outro diz que está descartado. Torço muito pela escolha de José Múcio, tenho uma boa relação com ele. Fomos deputados juntos e também vizinhos, é alguém que a gente conhece o talento”, diz Wolney.

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Wolney Queiroz integra a equipe de transição e torce pela nomeação de José Múcio. Foto: Wikimedia Commons

Wolney declarou que a escolha de um civil dá uma ideia de que o presidente quer conduzir a questão da Defesa junto à sociedade e que a escolha de alguém como José Múcio, caso concretizada, demonstraria uma desejo de distensionar a relação com as Forças Armadas por meio do diálogo. Para Wolney, a pasta terá mais protagonismo no mandato de Lula em relação aos últimos anos. 

Além dos militares e do meio político, a possível indicação de José Múcio também é vista com bons olhos por estudiosos como o jornalista Fabio Victor, autor do livro “Poder Camuflado: Os militares e a política, do fim da ditadura à aliança com Bolsonaro”, que avalia a escolha de um civil e a desmilitarização da Esplanada dos Ministérios como positiva, um primeiro passo para reduzir o que chamou de “confusão” entre a política e as Forças Armadas. Na sua visão, a tendência é que esse cenário “comece a melhorar, eliminado aos poucos o estrago provocado pelo Bolsonaro e por essa politização”.

Em entrevista ao podcast “O Assunto”, ele reafirmou a importância da Defesa ser comandada por civis. “Sempre o ministro da Defesa foi um civil. É uma premissa básica para garantir a subordinação do poder militar ao poder civil como deve ser e como é nas principais democracias do mundo. Até o ministro da Defesa, se for mesmo o José Múcio, já tem a marca dessa conciliação de Lula”, disse o jornalista e escritor.

Quem é José Múcio

José Múcio é pernambucano, nasceu no Recife em 1948 e começou sua vida política como vice-prefeito e posteriormente prefeito da cidade de Rio Formoso (PE), entre 1975 e 1986. 

Ele também foi deputado federal de 1991 a 2007 e ocupou diversos cargos no governo federal ao longo da carreira, como a Secretaria de Relações Institucionais, de novembro de 2007 a setembro de 2009, no governo Lula. 

José Múcio chegou ao posto de presidente do Tribunal de Contas da União indicado por Lula, e lá permaneceu até 2021, quando completou 75 anos e precisou deixar o cargo por meio da aposentadoria obrigatória. 

Ao longo de quase 50 anos de vida pública, José Múcio passou por diversos partidos. Começou na Arena, partido do regime militar, entre 1966 e 1979. Em 1980 se filiou ao PDS, e permaneceu até 1991, quando foi para o PFL (que tornou-se o DEM, hoje chamado União Brasil após fusão com o PSL) por 10 anos. Em 2001, migrou para o PSDB e, desde 2003, é filiado ao PTB.

Recentemente, José Múcio foi convidado para integrar o grupo de transição do governo Lula, focado nos trabalhos da área de Defesa, o que iniciou e fortaleceu a projeção de seu nome como forte candidato ao posto de ministro. Sua possível indicação não apenas agrada à caserna como atende a uma exigência do presidente eleito: a indicação de um civil à pasta da Defesa, que há quase 5 anos é comandada por militares (desde Michel Temer).

Múcio é conhecido pelo perfil conciliador e ter bom trânsito com pessoas de todo o espectro político, o que poderia facilitar o diálogo de Lula com as Forças Armadas após anos de militarização do Governo Federal e “Bolsonarização” das Forças Armadas. O ex-TCU já trabalhou com Lula e foi elogiado até por Hamilton Mourão e pelo próprio presidente derrotado na última eleição, Jair Bolsonaro (PL). 

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