Crédito e formalização são os maiores desafios dos pequenos empreendedores

Hoje se celebra o aniversário do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MPE). No Brasil, são 18,5 milhões de pequenos empreendedores.

Por Kleber Nunes

Foi com o talento herdado das tias, que a técnica em eletrotécnica Gleicy Teixeira, 26 anos, deu uma virada na sua vida profissional. Ao ver as contas acumulando e o dinheiro mais curto escolheu empreender produzindo doces e salgados na cozinha de casa em Alagoinha, interior de Pernambuco. O negócio, que começou no fim de 2021, ganhou novo fôlego em maio deste ano após a microempresária participar de um curso de bolos e tortas. Hoje, o faturamento da GTexeira Doces somado aos ganhos do marido que trabalha como autônomo, garantem o sustento da família que tem ainda um bebê de 7 meses.

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Gleicy não está sozinha. São 18,5 milhões de pequenos empreendedores espalhados pelo Brasil, sendo 17% concentrados no Nordeste, segundo dados do Sebrae. Esse contingente representa 99% das empresas do país e foi responsável por 72% das vagas de empregos criadas no primeiro semestre de 2022. Além disso, as micro e pequenas empresas, que são lembradas nesta quarta-feira (5) – aniversário do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MPE) – respondem por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Gleyce Teixeira apostou em bolos/Foto: Marconi Meireles

“Quando eu comecei não coloquei muita fé que iria dar certo, mas as pessoas foram gostando e as encomendas aumentando. Depois que fiz o curso de bolos e tortas minha produção aumentou 70%, foi um divisor de águas. Estou investindo na compra de equipamentos para melhorar meu trabalho, pois minha vontade é trabalhar com bolo de noivas, que não tem muito aqui na minha região, e expandir para atender outras cidades”, afirma Gleyci.

O secretário de Trabalho, Emprego e Qualificação de Pernambuco, Alberes Lopes, diz que o otimismo de Gleyci é compreensível entre os gestores de pequenos negócios. Após atravessarem a parte mais crítica da pandemia de covid-19, as MPEs vivem um bom momento com possibilidades de se estabelecerem vencendo os dois primeiros anos, considerados mais críticos para os negócios, e expandirem devido à melhora do consumo.

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“Temos garantido uma rede de apoio importante com o programa Empreende Pernambuco e as centrais de oportunidades presentes nas 12 regiões do estado e que oferecem orientação e qualificação. Além disso, ampliamos em R$5 milhões o orçamento para créditos a juros baixos disponibilizados pela Agência de Empreendedorismo de Pernambuco. Tudo isso tem ajudado nessa retomada”, diz Lopes.

Formado em comércio exterior, Fernando Oliveira de Melo Júnior, assim como Gleyci, também mudou de ramo e resolveu ser dono do próprio negócio após fazer um curso de energia solar ofertado, no início do ano, pela Secretaria de Trabalho, Emprego e Qualificação de Pernambuco. Nasceu então a Tech Sys Solar – Soluções em energia solar.

“Trabalhar com o sistema solar é um investimento muito bom mesmo. Eu estou começando a fazer sociedade com meu tio e mudando de área. Antes, meu foco era de exportação e importação. Dei uma virada totalmente porque a energia solar é a explosão do momento”, comemora o microempresário.

Formalização e digitalização são desafios

De acordo com o Sebrae, do total de MPEs a maioria, 11,5 milhões são Micro Empresas Individuais (MEI), modalidade que permite uma receita bruta anual de até R$81 mil. Em seguida vêm os 6 milhões de microempresários (ME), que faturam até R$360 mil por ano, e as cerca de 1 milhão de Empresas de Pequeno Porte (EPP), ou seja, que ganham de R$360 mil a R$4,8 milhões.

Alberes Lopes avalia que a formalização ainda “assusta o pequeno empreendedor” que desconhece as vantagens, por exemplo do MEI, que dá ao contribuinte dentre outros direitos o recolhimento do INSS e o acesso a créditos com taxas de juros mais competitivas. “A formalização é o caminho necessário para o empreendedor vencer os dois anos, que é a fase mais difícil do negócio, e se firmar no mercado. São muitas vantagens pagando pouco por mês”, diz o secretário.

O gerente do Sebrae na Região Metropolitana do Recife, Leonardo Carolino, vê urgência na desburocratização e simplificação da vida do empresário. Outro ponto é o acesso a canais de inovação e tecnologia para que o empreendedor possa compreender a mudança no comportamento dos consumidores.

“Importante para que esse micro e pequeno empresário possa ofertar algo mais personalizado e também escalar esse atendimento. Então a presença digital é um grande desafio para que os pequenos negócios ampliem suas vendas e seis faturamentos, e claro sempre pensando na melhoria da eficiência e da performance”, destaca Carolino.

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