O mês de outubro foi marcado pelo superávit da balança comercial brasileira. Mas o bom desempenho não se repetiu na balança comercial pernambucana. O levantamento é da Análise Comex, do Comitê de Internacionalização do Lide Pernambuco.
No caso nacional, o bom desempenho da safra de grãos e a recuperação das exportações de carne geraram uma alta de 90% no superávit da balança comercial brasileira em relação a outubro de 2021. O país exportou US$ 3,921bilhões a mais do que importou este ano contra os US$ 2,064 bilhões do ano anterior. Foi o terceiro melhor resultado para o mês, só perdendo para outubro de 2020 e de 2018.
No mês passado o Brasil vendeu US$ 27,299 bilhões para o exterior e comprou US$ 23,378bilhões. Tanto as importações como as exportações bateram recorde para outubro, desde o início da série histórica, em 1989.
“Mas as exportações pernambucanas, não foram tão bem. Sofreram uma queda de 22,75%, quando comparadas com o mesmo mês de 2021, enquanto que as importações aumentaram 13,28%”, analisa Maurício Laranjeira, consultor empresarial e presidente do Comitê de Internacionalização do Sistema LIDE Pernambuco.
Ele analisa que, diante deste cenário, a corrente de comércio do período teve um aumento de 4,74%, amparada nas importações, e a balança comercial aumentou seu déficit em 29,53%, devido às exportações não acompanharem o ritmo de crescimento das importações. No acumulado do ano, as exportações cresceram 11,34%, e as importações 19,44%.
Maurício Laranjeira também aponta em seu estudo que, com relação ao Nordeste, em outubro, Pernambuco subiu para a 4ª posição no ranking de estados exportadores (em setembro foi o 5º), e voltou para a 2ª posição no ranking de estados importadores (mês passado foi o 3º). “No acumulado do ano as posições, entre os estados do Nordeste, se repetem. Ao considerarmos o cenário nacional, Pernambuco é o 17º estado nas exportações, e o 10º nas importações”, diz.
Em relação aos produtos exportados, o óleo combustível perdeu a liderança da pauta pernambucana, com redução de quase 60%no valor exportado, quando comparamos com outubro de 2021, indo para apenas o terceiro lugar, com a resina PET assumindo a primeira colocação. “O açúcar, produto de extrema importância para as vendas ao exterior, assume o segundo e o quinto lugares, com o início da safra, o que pode dar outra dinâmica às nossas vendas internacionais nesse final de 2022 e início de 2023”, analisa. Segundo o consultor, se somados as vendas dos dois tipos de açúcar vendidos, o produto assume a primeira posição da na pauta. Destaque para as uvas, que ocupam a quarta posição como produto mais exportado pelo estado, e das mangas, na sexta posição. O restante da pauta é composto por demais derivados de petróleo, automóveis, baterias, produtos semimanufaturados de ferro e produtos químicos.
“Quando olhamos para a pauta de produtos importados, vimos a continuidade do domínio de petróleo e seus derivados, principalmente óleo diesel, com 19%de todo o valor que importamos em outubro e líder absoluto da pauta”, diz.
Ele destaque o desempenho da gasolina, em segundo lugar, p-xileno, em terceiro, e outros butanos, em quarto. Células fotovoltaicas, automóveis e suas partes, trigo e produtos químicos também aparecem em posições de destaque. “Mas vale considerar que a pauta de importação é muito mais diversificada do que a de exportação, devido à vocação de Pernambuco como hub importador”, diz.
Com relação aos principais destinos das vendas do mês de outubro, considerando vendas de apenas um produto, Singapura figura na liderança mais uma vez, com a pauta única de fel mil – apesar da queda nas vendas deste produto -, seguida, novamente, da Argentina, com a resina PET.
Vale destacar a Turquia em 5º lugar, com a compra de açúcar pernambucano. Entretanto, o principal destino de todas as vendas ao exterior, em outubro, são os Estados Unidos. “No acumulado do ano, temos a liderança de Singapura, seguida da Argentina e dos Estados Unidos. Os portos que lideram as exportações são os pernambucanos Suape, com 34% das vendas, e Porto do Recife, com 17%, além de Santos (SP) com 15%.
Nas importações, os Estados Unidos mantiveram a liderança como principal origem, com 31%do valor total, seguidos à distância pela China, e depois pela Holanda e Argentina. Destaque para Taiwan, em 8º lugar, com a venda de p-xileno para Pernambuco. Brasil e Taiwan não têm relações diplomáticas, pois o Brasil reconhece, desde 15 de agosto de 1974, a República Popular da China como detentora da jurisdição sobre o território taiwanês. As duas nações mantêm, no entanto, relações através de escritórios econômicos e culturais.
“Entre as 10 principais origens das nossas importações, apenas 02 são países latinos. O porto de Suape concentra 73% das nossas compras do exterior”, conclui Laranjeira.
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