Bemisa deve gerar mais de 3,7 mil empregos com terminal em Suape

O terminal de minério faz parte de um "projeto integrado" que pode promover investimentos superiores a R$ 10 bilhões, incluindo a mina de ferro, no Sul do Piauí. Ela será ligada a Suape por uma ferrovia de 717 km.
CEO da Bemisa, Augusto Lopes
CEO da Bemisa, Augusto Lopes/Foto: Aluisio Moreira/SEI

A instalação de um terminal de minério de ferro do grupo Bemisa no Porto de Suape, tem o potencial de ser o empreendimento que mais vai contribuir para o desenvolvimento estruturador em Pernambuco, pois garante ao complexo portuário algum muito importe: uma ferrovia que liga o Litoral ao Sertão. O terminal de minério faz parte de um “projeto integrado” que pode promover investimentos superiores a R$ 10 bilhões, incluindo a mina de ferro, no Sul do Piauí. Ela será ligada a Suape por uma ferrovia de 717 km.

São muitas as condicionantes para o projeto sair do papel, mas a previsão da empresa é de que o empreendimento esteja em operação em 2027. Durante as obras serão gerados 1.900 empregos diretos e 1.400 postos de trabalho indiretos. Na operação, serão criadas 400 vagas. O empreendimento vai poder estocar 780 mil toneladas e poderá movimentar 13,5 milhões de toneladas por ano. A concessão será por 30 anos e neste período o valor do arrendamento da área custará R$ 184,5 milhões.

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A assinatura do contrato, que prevê o arrendamento de um terminal de minério de ferro pela Bemisa, por 30 anos no Porto de Suape, ocorreu na manhã desta segunda-feira (26), no Palácio do Campo das princesas e contou com o diretor-presidente do Grupo, Augusto Lopes, e pelo conselheiro do grupo, Luís Vidal, e o governador Paulo Câmara (PSB).

“Será mais uma opção logística fundamental, que vai baratear custos. Esse novo terminal também vai potencializar ainda mais a utilização de Suape com uma logística ferroviária. Governar também é fazer escolhas, ter soluções estruturadoras para diversos arranjos produtivos de Pernambuco e parceiros de fora, que vão ter em Suape um grande centro de negócios e facilitações logísticas”, resumiu o governador Paulo Câmara.

A ferrovia vai viabilizar a exportação de minério de ferro de uma mina que a Bemisa tem no município de Curral Novo, no Sul do Piauí. E, somente como exemplo, a ferrovia pode ter impactos positivos em cadeias produtivas, como a avicultura – principalmente no Agreste -, a fruticultura do Vale do São Francisco e beneficiar até empresas que estão no meio do caminho como o Grupo Moura, que tem sua fábrica em Belo Jardim, também no Agreste pernambucano.

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Os diretores da Bemisa apresentaram detalhes do terminal e da nova ferrovia. O terminal representa um investimento de R$ 1,5 bilhão a ser implantado em 51,8 hectares localizados na Ilha de Cocaia como Terminal de Uso Privativo (TUP) e a operação ficará com uma subsidiária do grupo, a Planalto Piauí Participações e Empreendimentos S.A.

As obras do terminal só vão começar, quando estiverem fechadas as outras partes do projeto. “É um projeto integrado. Não dá para começar de forma separada, porque envolve uma mina, uma ferrovia e um porto (terminal). É para começar e terminar tudo ao mesmo tempo. O ponto fundamental era o porto (terminal), e se resolveu. Agora, vamos dar foco na solução final da ferrovia”, explica Luís Vidal. Segundo ele, a previsão da obra é começar em junho de 2025. 

Suape
Ilha de Cocaia, que aparece ao fundo, à direita, será o local do terminal da Bemisa/Foto: divulgação Suape

A ferrovia citada por Vidal é a do Sertão, cujo traçado lembra o trecho pernambucano da antiga Ferrovia Transnordestina, que saía da cidade de Eliseu Martins, no Sul do Piauí, seguindo até Salgueiro, de onde começavam dois ramais, um seguindo para Suape e outro para Pecém, nas proximidades de Fortaleza, no Ceará.

A ferrovia do Sertão é o mesmo traçado do trecho pernambucano da Transnordestina? “Não. A ferrovia autorizada não pode ser exatamente igual, porque tem a faixa de domínio que é do atual concessionário”, explica Vidal. A faixa de domínio é de 5 km.  E complementa: “necessariamente não vai passar pelos mesmos municípios. A distância (do traçado da Transnordestina) varia de 5 km a 30 km. Há trechos que se aproximam mais e outros que ficam mais distantes”.

A Ferrovia do Sertão terá 717 km, sendo iniciada em Curral Novo, no Piauí, e terminando no Porto de Suape. Mas, segundo Vidal, quem vai dizer como vai ficar a Transnordestina e a Ferrovia do Sertão é o Ministério da Infraestrutura (Minfra) e a Agência Nacional de Transportes Terrrestres (ANTT).  “Vai depender da solução que o Minfra tenha com a Transnordestina Logística S.A. (TLSA). Estamos numa posição independente até o Ministério se posicionar. Pode ser que o Ministério decida aproveitar os trechos existentes”, resume Vidal. A TLSA é a subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) dona da concessão da ferrovia no Nordeste e que está à frente das obras da Transnordestina, que começaram em 2006 e até hoje estão inacabadas.

Ainda de acordo com os dois executivos, a Bemisa está tentando conseguir condições regulatórias para gerar segurança, atraindo investidores para entrarem no investimento total de R$ 10 bilhões. Somente a ferrovia demandará um investimento estimado em R$ 5,7 bilhões.  Um dos parceiros da Bemisa é o Banco Opportunity que, como toda instituição financeira, só investe no que deve ter retorno financeiro. E já foram feitos os projetos (que não são baratos) incluindo o de viabilidade técnica e econômica

Os executivos também afirmaram que até a eleição pode impactar o projeto, porque isso pode dizer como os investidores vão responder com relação ao novo governo. “Se vai atrair os investidores mais rápido ou lento para nos auxiliar na implantação desse projeto”, conclui Vidal. 

“O projeto da Bemisa vai trazer novas oportunidades para o setor de combustível, frete mais barato, para cargas em geral. Temos desafios enormes para viabilizar estes empreendimentos”, disse o presidente de Suape, Roberto Gusmão, acrescentando novos investimentos que vão chegar a estatal, como o segundo terminal de contêiner, o novo terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) da OnCorp/Shell, entre outros.

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