O arquipélago de Fernando de Noronha vai ganhar um novo equipamento cultural que poderá tornar a ilha destino de eventos corporativos, dando um novo viés ao turismo praticado ali. O antigo Forte Nossa Senhora dos Remédios foi rebatizado como Forte Noronha e, em novembro, será reaberto como um espaço cultural. Esse local dará ao arquipélago o primeiro auditório modulado, destinado ao turismo de negócios.
Gerido pelo Consórcio Forte, o Forte Noronha é um patrimônio tombado que data de 1737. Na sua nova versão, terá um museu imersivo que contará a história do surgimento de Fernando de Noronha, desde a erupção vulcânica, à passagem de Américo Vespúcio, até a base americana na Segunda Guerra Mundial. O forte foi uma das atrações no estande que a Empetur montou na 49ª edição da ABAV Expo 2022, que se encerra nesta sexta-feira (23), no Centro de Convenções de Pernambuco.
O Consórcio Forte é formado pelas empresas Pentágono Investimentos, Dix Empreendimentos e Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Este último é responsável pela administração do Museu Paço do Frevo (Recife) e do Museu do Amanhã (Rio de Janeiro). A Dix pertence ao grupo pernambucano Agemar, e também administra o aeroporto de Fernando de Noronha.
O consórcio assumiu a gestão do forte em abril de 2022, após vencer a licitação promovida pelo governo de Pernambuco, pagando mais de R$ 200 mil pelo aluguel mensal. A gestão privada tem o propósito de proteger e preservar o equipamento, que estava em ruínas há muitos anos, além do fomentar o destino na ilha. Para isso, vem investindo na reforma e em novos serviços, onde as premissas principais são a valorização da cultura local, da gastronomia, da música, da biodiversidade e da história da ilha.
O espaço para eventos será refrigerado e comportará até 80 pessoas. Mas o forte em si pode receber até 800 visitantes simultaneamente. “Existe a possibilidade de se realizar eventos na área externa. O espaço para eventos privados tem capacidade para 1200 pessoas”, explica Renata Borba, diretora executiva do Forte Noronha.
Emissão de carbono
Renata Borba ressalta que desde sua concepção, o Consórcio Forte teve a preocupação com as emissões de carbono. Em agosto passado, mesmo antes de iniciar sua operação, o equipamento recebeu o Selo de Sustentabilidade Tesouro Verde. O título chancela o compromisso socioambiental da gestão do Consórcio Forte com a ilha por meio da aquisição de títulos de créditos de floresta homologadas, dentro do programa Brasil Mata Viva, sendo eles dos núcleos de origem Xingu, Teles Pires, Madeira e Arinos.
Com validade até outubro de 2023, a compensação é baseada na projeção do impacto que o Forte Noronha produzirá no seu primeiro ano de funcionamento, levando em consideração as informações sobre o número de pessoas que atuarão no empreendimento, o consumo anual de energia elétrica e água, a produção anual de lixo e a área ocupada pelo equipamento.
“O consórcio se preocupa em reduzir os impactos ao meio ambiente e busca o gerenciamento responsável do consumo de recursos naturais resultados da atividade do empreendimento”, diz a diretora. Segundo Renata Borba, o modelo de administração será um projeto piloto para multiplicar ações de preservação e promoção do patrimônio cultural em todo país.
Espaços
Com projetos de arquitetura e de iluminação assinados pelos escritórios Meireles Pavan e Ilumination, respectivamente, o projeto contará com espaços multiusos, para diversas atividades, a exemplo de apresentações e oficinas de arte, cinema, música e dança, além de áreas expositivas, mirantes, arquibancada, espaço de entretenimento infantil, palco para apresentação de artistas locais, auditório, restaurante com capacidade para 500 pessoas e áreas com mesas compartilhadas e gazebos exclusivos.
Um importante atrativo do Forte Noronha será a gastronomia. Sob o comando da chef Fernanda Wiettaeuper – com marcantes passagens no comando da cozinha do Wiella Bistrô (Recife-PE), experiências na França e recente passagem no Maré (Fernando Noronha) -, o Forte Noronha lançará operação própria e com proposta inédita no equipamento, o restaurante Paiol.
Honrando as tradições de Fernando de Noronha, a proposta gastronômica do Paiol tem como ponto de partida o elemento fogo, inspirada no próprio hábito local dos noronhenses na preparação do peixe na fogueira, prática realizada desde os primeiros habitantes da ilha. O cardápio unirá a tradição nordestina com o toque internacional. Uma das experiências oferecidas será o tradicional churrasco, só que com itens comuns no arquipélago, como polvo e peixe.
“Queremos valorizar as características culinárias da ilha. Assim como daremos ao ilhéu acesso livre ao forte”, explica a diretora. Com projeto aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), o equipamento encontra-se em fechado, em obras desde 1º de julho.