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Crédito com garantia de safra incentiva produção de milho em Pernambuco

Por Juliana Albuquerque A crise provocada pela alta dos preços dos grãos, que triplicou de valor nos últimos dois anos, tem feito com que os pequenos e médios produtores do Agreste de Pernambuco passem a direcionar o plantio do milho não mais exclusivamente para a silagem, mas para a avicultura. A mudança no perfil de […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

Por Juliana Albuquerque

Milho cultivado nos canaviais da usina São Jose / Foto: cortesia

A crise provocada pela alta dos preços dos grãos, que triplicou de valor nos últimos dois anos, tem feito com que os pequenos e médios produtores do Agreste de Pernambuco passem a direcionar o plantio do milho não mais exclusivamente para a silagem, mas para a avicultura. A mudança no perfil de produção visa suprir a demanda interna da avicultura do Estado, a maior do Nordeste, que hoje importa 90% do grão da Bahia, Piauí, Sergipe e Maranhão.

O pontapé inicial dessa mudança no plantio do milho na agricultura familiar do Estado, com alto investimento em maquinário e tecnologia, foi dado no ano passado, com o projeto Grãos PE. Desenvolvido pela Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), com apoio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, o projeto visa tornar o Estado autossuficiente na produção do grão, essencial para a subsistência da avicultura da região.

Milton Júnior – Gerente de Mercado Agro do BB em Pernambuco. Foto: Divulgação

Para atingir o objetivo do programa, a Secretaria usou o zoneamento da região para cultivo do milho, realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Mistério da Agricultura. E com esse estudo, os plantadores estão, desde o começo deste ano, aptos a solicitar financiamentos com garantia de safra ao Banco do Brasil e o Banco do Nordeste (BNB).

“A Embrapa faz estudos para determinar a janela máxima de plantio do milho, direcionando o produtor e o banco para saber qual o melhor período para plantar o grão. Esse zoneamento é um estudo técnico para que caso haja um sinistro, seja uma chuva ou seca que inviabilize a produção, o produtor esteja coberto por ter feito análise e manejo do solo corretos e plantado na época certa, mitigando os riscos do plantio”, explica o Gerente de Mercado Agro do Banco do Brasil em Pernambuco, Milton Júnior.

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Segundo ele, este ano, com esse zoneamento, os pequenos e médios produtores de Pernambuco puderam ter essa cobertura pelo Proagro – Programa de Garantia de Atividade Agropecuária, e ele estima que em breve, os produtores maiores também poderão ter acesso a um crédito com seguro contra possíveis sinistros. “Com o zoneamento, se abriu uma janela para que haja um histórico de plantio e que muito em breve as seguradoras passem a ofertar o seguro agrícola. Estamos construindo e acompanhando a evolução do relatório dessa primeira safra para verificar a produtividade e tentar construir uma agenda que permita abrir um financiamento com seguro para a região onde estiver consolidada a cultura do milho no Estado”, adianta o gerente.

Leia também: Governo autoriza Conab comprar milho para pequenos produtores

No Banco do Nordeste, que desde o início atua em parceria com o projeto Grãos PE, esse zoneamento apenas neste ano viabilizou cerca de 34 operações com a garantia do seguro Proagro, oito a mais que em todo o ano de 2020, totalizando R$ 5,3 milhões em operações. “Desde meados do ano passado, o Banco vem apoiando fortemente a organização de produtores rurais do Agreste pernambucano, mobilizados em torno da necessidade de iniciarem o plantio do milho com tecnologia avançada e altos níveis de produtividade a fim de atender a demanda do setor avícola e pecuário, tendo em vista o aumento vertiginoso do preço do grão e sua escassez de oferta, com demanda crescente do mercado internacional”, afirma nota do BNB, que ressalta o seu papel no estímulo ao desenvolvimento do setor ao permanecer atuando para continuidade dos avanços na safra 2021/2022.

Estimativa é que área de plantio aumente com garantia do banco

Edival Veras, vice-presidente da Avipe.
Foto: Divulgação

De acordo com o vice-presidente da Avipe, Edival Veras, com a inclusão do milho no financiamento com garantia dos bancos, o Agreste de Pernambuco conseguiu plantar este ano cerca de 10 mil hectares do grão, área que deve ser bastante ampliada em 2022. “Este é o primeiro ano em que o pequeno e médio produtor conseguiram plantar com a garantia de cobertura dos bancos e por isso plantamos mais de 10 mil hectares de milho no Agreste. Minha perspectiva é que no próximo ano a gente quadruplique essa área de plantação”, estima.

A possibilidade de poder investir em maquinários e sementes com um financiamento bancário com garantia levou o agricultor Guido Chaves, de Lagoa do Ouro, a ampliar sua área de cultivo e mudar o destino do grão cultivado. Antes o milho ia para a silagem e agora é direcionado a avicultura.

Segundo ele, o crédito com seguro dos bancos têm sido um grande impulsionador do seu plantio, que conta com 250 hectares plantados de milho. “Estamos bem animados com a próxima safra de milho em grãos, que deve render cerca de 150 sacas por hectare”, revela o agricultor. Além das sementes, ele adquiriu equipamentos de ponta como uma plantadeira e colhedeira de grãos para dar ainda mais “corpo” ao seu negócio.

Guido Chaves planta milho e está investido em plantação de soja na cidade de Lagoa do Ouro. Foto: Divulgação

A plantadeira, inclusive, também é essencial para sua nova e ousada plantação – a soja. É que Pernambuco não tem tradição nessa cultura que deve dar um importante passo muito em breve, pois já foi enviado ao Ministério da Agricultura o protocolo solicitando ao Mapa o estudo do zoneamento agrícola tanto para o Agreste quanto para a Zona da Mata do Estado. “No próximo mês, vamos colher a nossa primeira safra e com o zoneamento, podemos conseguir incluir a soja no financiamento com a garantia dos bancos e investir nessa plantação com a mesma segurança que hoje temos com o milho”, completa.

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