Mesmo com as taxações impostas pelo Governo Trump, dos Estados Unidos, e as incertezas no comércio exterior, os empresários cearenses estão otimistas para os próximos meses quando o assunto são exportações. É o que aponta a sondagem industrial do mês de abril, estudo realizado pelo Observatório da Indústria Ceará em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dados mostram que os industriais cearenses mantiveram confiança no setor em relação aos próximos seis meses. O destaque foi a expectativa em relação às exportações, com 59,9 pontos.
De acordo com o Comex Stat, plataforma do Governo Federal que reúne dados do comércio exterior brasileiro, no primeiro trimestre as exportações cearenses chegaram na casa dos US$ 343,2 milhões, maior do que os US$ 301,8 mi do ano passado. Dados de abril apontam que as exportações fecharam em US$ 164 milhões, maior volume registrado até o momento em 2025.

Embora os empresários sinalizem otimismo, a pesquisa mostrou que a carga tributária e as taxas de juros elevadas são as principais dificuldades enfrentadas pelo setor, apontadas por 32,3% e 30,7% dos entrevistados, respectivamente.
“O otimismo do industrial cearense é um sinal positivo. No entanto, fatores como a alta dos juros e o peso da carga tributária seguem como obstáculos à expansão da atividade e dos investimentos”, comenta Laís Veloso, coordenadora de Inteligência Competitiva do Observatório da Indústria Ceará.
Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), analisa que, em termos mundiais, a imprevisibilidade permanece. Os Estados Unidos representam o país que mais recebe produtos brasileiros, com 42%, seguido da Holanda (6,2%) e do Reino Unido (5,8%).
“Já percebemos recuo de algumas decisões dos EUA e o discurso de renegociar a aplicação dessas tarifas. A indústria incentiva a importância da negociação e da parceria. O cenário exige cautela. É necessário analisar os impactos e seguir para o diálogo entre as nações. Os Estados Unidos são um mercado muito importante, é indispensável intensificar o diálogo”, pontua.
Ela ressalta que é importante aproveitar a instabilidade entre os Estados Unidos e a China, por exemplo, para intensificar a competitividade.
“Na análise singular desse contexto, considerando ainda as tarifas altas para outras nações como a China, é possível que alguns produtos do Ceará (e do Brasil), mantenham a competitividade. É necessário “cruzar” as pautas de importações desses países para analisar essa possibilidade”, afirma.
Calçados impactam alta das exportações

O ferro fundido, o ferro e o aço seguem na liderança dos produtos no primeiro trimestre, com 29%, seguido dos calçados (15%) e em terceiro, as frutas (13%). “No caso dos calçados, o aumento foi devido ao incremento nos embarques para a Argentina e Estados Unidos. O setor de frutas apresentou crescimento no valor exportado (melões, castanha, melancias), principalmente nas vendas para a Holanda e Reino Unido. O segmento de ceras também incrementou as exportações para diversos mercados como Alemanha, China, EUA e Japão”, avalia a gerente do CNI.
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