Diante de uma grande expectativa dos empresários do comércio no Nordeste em torno de uma reação sustentada nas vendas em 2024, os resultados de fevereiro foram animadores na Bahia (com 12% de crescimento sobre o mesmo mês de 2023) e em Pernambuco (8%). No varejo baiano, o desempenho foi 4 pontos percentuais acima da média do Brasil (8,2%), enquanto os varejistas pernambucanos acompanharam o país.
Esses dados fazem parte da edição mais recente da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na Bahia, a taxa de expansão ficou na sétima posição no ranking dos estados que integram o levantamento. O mês foi o 16º mês consecutivo de comportamento positivo no varejo baiano.
De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), “a expansão nas vendas do comércio no comparativo anual revela que o setor segue influenciado por fatores positivos como juros mais baixos, mercado de trabalho mais forte, transferências governamentais, e melhora do nível de endividamento”.
No mês – afirma a instituição – o destaque entre os diversos segmentos varejistas foi a área de hipermercados e supermercados, não por ter atingido a taxa mais expressiva, mas pelo peso do seu volume de vendas para o setor como um todo.
O órgão ressalta que a melhoria nesse nicho acontece “mesmo diante de uma inflação ainda elevada, e de uma retração no nível de confiança do consumidor”.
No bimestre, o comércio no estado acumula alta de 11,9%, 5,8 pontos percentuais acima dos 6,1% registrados na média nacional.
Na passagem de janeiro para fevereiro, no entanto, o setor não foi bem: houve recuo de 1,4% nos negócios em comparação ao mês anterior. A sazonalidade – com um mês mais curto e menos dias úteis devido ao carnaval – influenciou o resultado.
Bahia: confira análise do comércio por atividade
Na avaliação por ramo de atividade na Bahia, os dados do comércio no comparativo anual – fevereiro 2024/fevereiro 2023 – revelam que sete das oito áreas que compõem o indicador do volume de vendas registraram comportamento positivo.
Os segmentos que tiveram crescimento foram os de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (27,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (20,7%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (14,8%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (14,8%), combustíveis e lubrificantes (6,0%), móveis e eletrodomésticos (4,6%), e tecidos, vestuário e calçados (2,5%).
Livros, jornais, revistas e papelaria (-15,9%) foi o único segmento a apresentar retração.
Varejo ampliado teve performance ainda melhor
Na Bahia, o comércio varejista ampliado – que inclui o varejo restrito e mais as atividades de veículos, motos, autopeças, material de construção e atacado especializado – atingiu expansão de 11,6% no comparativo anual (fevereiro 2024/fevereiro 2023) e 12,4% na passagem de janeiro para fevereiro. No acumulado do bimestre, houve crescimento de 11,6%.
Inflação segue desafiando comércio da BA
Em sua análise sobre os números da PMC, o IBGE corrobora com a análise da SEI sobre o panorama macroeconômico. O instituto avalia que o cenário segue desafiador, com inflação menor mas que ainda preocupa. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,42% em janeiro e 0,83% fevereiro de 2024.
Já a Fundação Getulio Vargas (FGV), na última edição do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), aponta um recuou em 1,1 ponto em fevereiro, passando para 89,7 pontos, menor nível desde maio de 2023 (89,5 pontos).
Comércio de Pernambuco vê retomada
Em Pernambuco, a Fecomércio do estado classifica o incremento das vendas na comparação entre fevereiro e o mesmo mês do ano passado como “demonstração de retomada”.
O economista da entidade, Rafael Lima, diz que “o avanço no varejo é atribuído, em parte, à redução da taxa Selic, que torna o crédito mais acessível para consumidores e empresas, estimulando o consumo e os investimentos, empréstimos e financiamentos”.
Ele frisa que, na passagem de janeiro para fevereiro, apesar das caracteríticas sazonais, “o varejo apresentou estabilidade, com uma taxa positiva modesta (0,7%).
O varejo ampliado pernambucano teve oscilação para cima (9,8%) na comparação anual e de 2,4% na passagem janeiro/fevereiro
O que o comércio de Pernambuco espera de 2024?
Segundo Rafael Lima, “as perspectivas para o varejo pernambucano são positivas no médio e longo prazo“. “A retomada da confiança do empresário de bens duráveis, impulsionada pela melhora do mercado de trabalho e da renda familiar, deve contribuir para o crescimento do setor nos próximos meses”, conclui.
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