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Empresas de AL apostam em reciclagem e na produção de energia limpa

Iniciativas têm evitado que toneladas de resíduos sejam descartadas de forma irregular e garantem aumento no faturamento de empresas
Urban Ambiental usina de reciclagem
Empresa Urban Ambiental inaugurou em fevereiro usina que recicla entulhos da construção civil e transforma em britas e cobertura de estradas. Foto: Divulgação

Empresas alagoanas têm apostado em projetos de economia circular para transformar resíduos em novos produtos e fontes de energia. Em Arapiraca, uma usina de reciclagem inaugurada em fevereiro pela Urban Ambiental evita o descarte irregular de entulhos da construção civil, convertendo-os em brita e material para cobertura de estradas. Já em Pilar, na Região Metropolitana de Maceió, a Alagoas Ambiental reaproveita resíduos como materiais perigosos, pneus e madeiras para produzir biomassa e biogás.

Em funcionamento desde fevereiro deste ano, a usina de reciclagem de entulhos da construção civil possui 20 mil m² e tem conseguido transformar cerca de 136 toneladas de restos de materiais de construção por mês em brita e em material utilizado para cobertura de estradas vicinais em Arapiraca e região. A iniciativa, da empresa Urban Ambiental, vem recebendo estes resíduos de cidades do Agreste e Sertão alagoano e a projeção é que haja expansão do processamento no segundo semestre deste ano.

Segundo o sócio diretor da Urban Ambiental, Mayk Melo, nesta primeira etapa, a reciclagem dos resíduos tem sido feita somente a partir das caçambas alugadas pelos clientes da empresa para o descarte dos resíduos. Além de evitar que este material seja descartado em terrenos baldios, a iniciativa é inédita na região.

“Na usina nós recebemos todo esse material que os clientes que alugam nossas caçambas iriam descartar e então produzimos cinco tipos de brita, além de um material que vem sendo utilizado para fazer a cobertura em estradas vicinais aqui de Arapiraca. A ideia é que a partir do segundo semestre possamos ampliar essa produção, recebendo materiais de outras pessoas e passemos a comercializar esses produtos”, explicou.

Usina de reciclagem Urban Ambiental
Usina que recicla entulhos é a primeira de Arapiraca e processa materiais do Agreste e Sertão de Alagoas. Foto: Divulgação

Mayk Melo reforça que há uma necessidade crescente de gerir corretamente os resíduos da construção civil. De acordo com o diretor, o descarte irregular desses resíduos cria focos de doenças, gera ônus para o poder local, desvaloriza áreas e espaços públicos e ainda causa a contaminação do solo.

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 “A primeira usina de reciclagem da construção civil em Arapiraca, além de preservar o meio ambiente, ajuda a combater os descartes clandestinos na região, alivia a pressão dos aterros de inertes (local autorizado para o depósito e tratamento de resíduos) e possibilita a criação de novos materiais de construção, representando custos bem menores”, salienta.

Economia circular ganha espaço em Alagoas

As estratégias de promover ações sustentáveis na indústria tem apresentado crescimento em todo o país. Em estudo divulgado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) mostra que do ano passado para cá houve crescimento de 52% de empresas que vem inserindo a sustentabilidade nos negócios. O Ministério do Meio ambiente (MMA) prevê que até 2030 o Brasil tem potencial de gerar até 7 milhões de empregos neste segmento.

Assim como no Agreste do estado, no município de Pilar, na região Metropolitana de Maceió, a Alagoas Ambiental vem reaproveitando pneus usados e madeiras para produzir biomassa. Em março a empresa começou a realizar coprocessamento de resíduos industriais para produzir combustível do tipo CDRI, que vem sendo utilizado como combustível alternativo em fornos de fabricação de cimento. A unidade também produz biogás a partir de resíduo domiciliar.

Somente em 2024, a empresa recebeu 250 toneladas de resíduos, que originaram mais de 18.500.000 metros cúbicos de biogás. Nas unidades de processamento em Pilar e em Craíbas, o biocombustível passa por um processo, em que é transformado em energia elétrica. No total, foram gerados 32.300.000 quilowatts: o suficiente para alimentar 20 mil residências, mensalmente.

Unidade de biogás Alagoas Ambiental
Empresa Alagoas Ambiental já processou mais de 18,5 milhões de metros cúbicos de biogás. Foto: Assessoria

Já o coprocessamento de resíduos perigosos vem sendo utilizado como combustível alternativo em fornos de fabricação de cimento devido seu poder calorífico. Segundo o gerente de marketing da empresa, Tarcísio Neto, disse que o processo realizado segue os critérios da Resolução 499/20 do Conama, que regulamenta a prática.

“No ano passado a gente investiu muito na busca por novas tecnologias no exterior e realizamos muitas pesquisas de tendências de mercado para expandir as atividades preservando ainda mais o meio ambiente, pois dependemos em tudo dos recursos naturais. Conseguimos reduzir ao máximo o processo de aterro de resíduos perigosos e não perigosos. Com a diminuição, passamos a reaproveitar esse material como matéria-prima de combustível térmico, o CDRI – Combustível Derivado de Resíduo Industrial, utilizado na indústria cimenteira. Isso gerou um incremento de receitas no estado e deve seguir beneficiando Alagoas, neste ano”, comemorou Neto.

Alagoas Ambiental produção de biomassa
Madeiras, pneus usados e outros materiais são processados e viram biomassa na unidade da Alagoas Ambiental. Foto: Assessoria

Banco do Nordeste impulsiona empresas a apostar em sustentabilidade

Assim como vem atuando em diversos setores da economia no Nordeste, o BNB também tem sido parceiro de empresas que apostam na economia circular e na sustentabilidade.

A partir de linha de crédito para investimento voltada aos setores de comércio e serviços, o BNB financiou a aquisição de novos equipamentos para a Uban Ambiental, viabilizando a montagem da usina que, desde a inauguração, já alcançou incremento de produtividade de 40%.

Segundo Mayk Melo, “o investimento na inovação agregou na diminuição dos custos e na geração de receita com a venda dos produtos beneficiados pela usina, além do impacto de suas atividades no meio ambiente e a possibilidade da reinserção de resíduos na cadeia produtiva. Nossa expectativa é diminuir os custos de destinação e frete deste resíduo que pode ser reciclado integralmente, retornando ainda ao mercado como um material para consumo de alta qualidade”, explica o diretor da Urban Ambiental.

O projeto de Arapiraca despertou o interesse de outra unidade do Banco do Nordeste, na cidade São Miguel dos Campos, a buscar parceria para viabilizar inciativa semelhante em sua área de atuação.

Para o agente do BNB Claudevan Silva, há possibilidade de nova parceria para a execução de outras ações de sustentabilidade promovidas pelo Banco do Nordeste.

 “A difusão de tecnologia entre os parceiros e agentes econômicos é primordial para encontrar soluções sustentáveis para os resíduos gerados no município de São Miguel dos Campos. Além disso, estamos levando em conta o conceito de Cidade Sustentável, que inclui a economia circular no centro das nossas ações”, enfatiza o Claudevan.

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