Nordeste tem 5 estados disputando investimentos em hidrogênio verde

Cada estado tem apostado em um diferencial competitivo para tornar real a sua produção de hidrogênio verde.
Unigel vai produzir hidrogênio verde
Unigel larga na frente com produção industrias da H2V na Bahia/Foto: Alberto Coutinho/ GOVBA

No promissor mercado do hidrogênio verde (H2V), cinco estados do Nordeste despontam como destino certo de investimentos: Ceará, Pernambuco, Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte.

Um fator que alavanca esse potencial é a oferta de energia na região. Para ser produzido na forma de combustível, o hidrogênio verde requer uma grande quantidade de energia limpa. Como o Nordeste tornou-se autossuficiente em geração de energia, graças à sua produção eólica e solar, a região virou alvo de investidores.

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Segundo a Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), os estados nordestinos fazem parte de um time de 10 unidades da federação consideradas hub em hidrogênio verde no Brasil. A eles se juntam Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.

Ceará: agressividade na captação

Um dos estados mais agressivos na região é o Ceará, que conta com 30 memorandos de entendimento com empresas interessadas em se instalar no Porto de Pecém para produzir H2V. Destes, três evoluíram para pré-contratos de implantação com as empresas AES, Casa dos Ventos e Fortescue. Os investimentos somam US$ 8 bilhões.

O Porto do Pecém, inclusive, anunciou que vai adaptar o píer 2 para receber a operação de amônia e H2V, e implantar uma subestação para garantir energia suficiente ao uso dos eletrolisadores.  A intenção é construir uma estrutura para o transporte e embarque do produto, que será compartilhada por todas as futuras produtoras do H2V com potencial de exportação.

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E até uma rota está sendo desenhada. Há alguns dias, Pecém e o Porto de Roterdã firmaram acordo para criar a rota de H2V, que vai aproximar a América do Sul da Europa.

Piauí faz evento

O Piauí também tem se movimentado. Na semana passado, governador Rafael Fonteles (PT) realizou em Berlim, na Alemanha, o II Summit Piauí – Europa de Hidrogênio Verde, evento no qual apresentou as potencialidades do estado para investidores europeus.

“Nós temos o maior parque solar (em São Gonçalo do Gurguéia) e o maior parque eólico (em Lagoa do Barro e Queimada Nova) da América Latina”, disse o governador, ciente de que oferta de energia é um grande atrativo para essa indústria.

Rafael Fonteles
Rafael Fonteles: evento na Europa para atrair investidores/Foto: divulgação GOVPI

Ao final de sua visita a Alemanha, Fonteles anunciou protocolos de entendimento com a Solar Outdoor Media, All Energy, Quinta Solar Energia e Celeo Redes Brasil. Esta última já tem R$ 2 bilhões alocados na produção de energia solar e em linhas de transmissão no território piauiense.

Suape: mercado cativo para o hidrogênio verde

Suape conta com 5 protocolo de entendimento e o que foi firmado com a empresa de origem francesa Qair Brasil, passou para uma etapa mais avançada. A Qair agora aguarda a liberação de uma área no complexo portuário para dar prosseguimento ao seu projeto.

No entanto, o ponto focal de Suape é o mercado cativo. Com mais de 80 empresas instaladas em sua área industrial, a administração joga suas atenções sobre o TechHub. Selecionado na chamada bilateral Brasil-Alemanha, em abril, esse laboratório fará prototipagem, teste e validações para a indústria do H2V.

Suape
Suape: mercado cativo é o diferencial/Foto: divulgação Suape

O TechHub tende a concentrar em Suape a implementação de projetos inovadores focados na produção, transporte, armazenamento e gestão de hidrogênio verde (H2V). “O TecHub é atrativo para prototipagem, teste e validação para as indústrias locais. Para nós de Suape, o mercado cativo é importantíssimo. Temos indústrias dentro do complexo que são potenciais consumidores do H2V”, explica Carlos Cavalcanti, diretor de sustentabilidade do complexo portuário.

Bahia: produção industrial

Na Bahia, a indústria química Unigel, uma das maiores da América Latina e maior fabricante de fertilizantes nitrogenados do país, deve se tornar, ainda este ano, a primeira empresa no Brasil a produzir o H2V em escala industrial.

Em janeiro, a Unigel anunciou investimentos de US$ 1,5 bilhão no primeiro projeto em escala industrial do país – há projetos-piloto nos estados do Ceará e do Rio de Janeiro, todos em caráter experimental.

A fábrica de hidrogênio da Unigel terá investimentos em três fases. Na primeira etapa do projeto, já em construção, a empresa está investindo US$ 120 milhões. A unidade contará com a tecnologia de eletrólise de alta eficiência da alemã tyssenkrupp nucera. Essa etapa entra em operação ainda este ano. Até 2027, todo projeto deve estar concluído.

“Temos acompanhado o que se tornou uma verdadeira corrida pela alcunha de ‘pioneiro no mercado’. Porém, é de suma importância diferenciarmos cada iniciativa. Temos o único projeto em escala industrial em construção no Brasil. Localizada em Camaçari, no estado da Bahia, a nossa fábrica deverá ser inaugurada até o final deste ano. A Unigel e a Bahia lideram o pioneirismo do Brasil no hidrogênio verde”, disse na ocasião do anúncio, Roberto Noronha Santos, CEO da empresa.

A Unigel tem como foco clientes que encontram no hidrogênio verde e na amônia verde uma importante solução para seus desafios de descarbonização.

Rio Grande do Norte: novo porto

Em março passado, numa visita a Portugal, a governadora do Rio Grande do Norte (RN), Fátima Bezerra (PT), assinou dois memorandos de entendimento para desenvolvimento de plantas de produção hidrogênio verde e derivados. Um deles foi com Voltalia Brasil, empresa francesa que conta com mais de 1 GW em projetos de energias renováveis no estado.

Outro memorando de entendimento foi assinado com o grupo espanhol Enerfín, para a instalação do projeto piloto de produção de hidrogênio verde e energias associadas no estado. Em ambos os casos, os projetos devem ocupar áreas próximas ao futuro Porto Indústria-Multipropósito Offshore do Rio Grande do Norte.

Em 2022, havia sido assinado um memorando entendimento com a gigante dinamarquesa de turbinas eólicas, Vestas. O propósito é estudar a viabilidade de implantação de projetos de eólicas offshore e produção de hidrogênio verde no porto-indústria.

Fatima Bezerra governadora do RN
Fatima Bezerra, governadora do RN, com executivos da EDP Renováveis/Foto: divulgação

A governadora também apresentou o programa estadual de hidrogênio verde e o projeto de instalação do porto-indústria à direção da empresa EDP Renováveis.

O local que deve abrigar o Porto Indústria-Multipropósito Offshore do Rio Grande do Norte está no litoral Norte, entre os municípios de Caiçara do Norte e São Bento do Norte, a cerca de 160 km de Natal. O empreendimento é necessário para a exploração da energia eólica offshore (no mar) e exportação de outros produtos, como o Hidrogênio Verde (H2V).

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