Em mais um passo em sua estratégia agressiva na mobilidade elétrica, no Brasil, a chinesa BYD acaba de firmar parceria com a Shell (Inglaterra) e Raízen para instalação de hubs de recarga em oito capitais já a partir deste ano. São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Belém (PA) serão as cidades contempladas pelo programa, que vai utilizar a rede Shell Recharge e a plataforma digital Tupinambá, adquirida pela Raízen.
A formalização aconteceu na cidade chinesa de Shenzhen, com representantes das três companhias. A cooperação prevê ao todo 600 pontos de recarga para veículos elétricos, totalizando 18 megawatts (MW).
Essa infraestrutura deverá ser instalada num prazo máximo de três anos, segundo o cronograma informado. A execução caberá à Raízen Power, braço de negócio da empresa brasileira dedicado a soluções de energia elétrica renovável.
De acordo com o documento divulgado pelos parceiros, o objetivo do acordo é “ampliar significativamente a rede pública de carregadores elétricos nas principais capitais do país, com energia 100% limpa e renovável, proporcionando uma experiência tecnológica de recarga”.
“Acreditamos que é crucial ter uma infraestrutura amplamente distribuída. À medida que embarcamos no nosso ambicioso plano de expansão de vendas, é essencial investir em recarga”, diz a vice-presidente executiva da BYD e CEO da BYD Américas, Stella Li.
BYD e Shell juntas em cooperação mundial
A cooperação no mercado brasileiro reforça a parceria mundial iniciada em 2022 entre a BYD e a Shell, que já têm acordos desse tipo para veículos elétricos e híbridos plug-in na China e União Europeia.
No mercado chinês, BYD e Shell tem até uma joint venture, a Shenzhen Shell/BYD Electric Vehicle A Investment Company Limited. A operação inaugurou, em setembro passado, em Shenzhen, a maior estação de carregamento de veículos elétricos da Shell no mundo, com 258 carregadores rápidos. O hub atende a cerca de 3,3 mil clientes.
Ao todo, entre empreendimentos próprios e parcerias, a Shell possui 55 mil pontos públicos de recargas de elétricos/híbridos em 30 países e projeta atingir 70 mil até 2025. Segundo a companhia, a rede é uma das maiores do gênero, no planeta.
Depois da China e União Europeia, é a vez do Brasil
“Estamos ansiosos para, juntos, desempenhar a nossa parte no crescimento da adoção de veículos elétricos no Brasil, tornando a recarga o mais conveniente possível”, ressalta o vice-presidente executivo Global de Mobilidade da Shell, István Kapitány.
Para Kapitány “nenhuma empresa pode impulsionar a mobilidade elétrica sozinha”. “Isso exigirá uma colaboração sem precedentes entre a indústria, o governo e os clientes”, defende.
Para Raízen, acordo democratiza eletromobilidade
O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, afirma que a empresa “quer democratizar a mobilidade elétrica e energia renovável, tornando essas soluções mais acessíveis, econômicas e atrativas”.
Ele acrescenta que “com essa parceria, estaremos mais próximos do cliente, a partir de um portfólio completo e integrado em nossos postos, atendendo ao consumidor seja ele de gasolina, etanol, diesel ou eletricidade”.
Segundo ele, usuários de veículos da BYD terão benefícios ao utilizar a rede Shell Recharge, como preços menores pelo serviço, além de bonificações.
Raízen quer liderar mercado de eletromobilidade
Essa união de forças no Brasil marca também mais um avanço da Raízen Power, um dos maiores players do país na área energética e que tem como objetivo liderar o atendimento ao emergente mercado de eletromobilidade. A meta é ter 25% de market share no segmento.
A Raízen é uma empresa integrada do setor energético e que atua na produção e comercialização de etanol, açúcar, combustíveis e bioenergia. Licenciada da marca Shell, a companhia conta com uma rede de oito mil postos no Brasil, Argentina e Paraguai.
Quem é a BYD?
A Build Your Dreams (BYD), que começou sua história em 1995 como uma pequena empresa de baterias para smartphones, superou em 2023 a Tesla (EUA), de Elon Musk, como maior fabricante de veículos elétricos do mundo.
Com sua política de preços abaixo da concorrência, a empresa é responsável por uma grande contribuição para que a China desbancasse o Japão e assumisse o número um no ranking do setor.
A empresa entrou no mercado brasileiro em 2013. Inaugurou, em 2015, uma planta de ônibus 100% elétricos, em Campinas (SP), onde também abriu, em 2017, uma fábrica de módulos fotovoltáicos. Atualmente, a montadora está dedicada ao seu projeto mais ousado no país: a construção de um complexo de R$ 3 bilhões nas antigas instalações da Ford em Camaçari (BA).
A pedra fundamental do polo, que tem previsão de começar a produzir entre o final de 2024 e início de 2025, foi lançada em outubro passado.
O parque automotivo será o maior da empresa fora da China. Terá três fábricas, que irão produzir chassis de ônibus, caminhões elétricos, veículos de passeio elétricos e híbridos, além de processar lítio e ferro fosfato.
No caso dos automóveis de passeio, a capacidade instalada será de 150 mil veículos/ano, na primeira etapa. Nesse nicho, a BYD vai investir em tecnologia concebida no país, com a instalação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Salvador.
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