Carro elétrico no Brasil: BYD inicia produção em 2024 e reforça protagonismo do NE

Carro elétrico no Brasil: BYD já está trabalhando no desenvolvimento de híbridos a etanol, seguindo o mesmo caminho da Stellantis Goiana, em Pernambuco
Carro elétrico no Brasil: BYD entra em operação entre final de 2024 e início de 2025
Carro elétrico no Brasil: BYD terá investimentos de R$ 3 bilhões na Bahia e vai gerar 5 mil empregos, entre diretos e indiretos/Foto: BYD (Divulgação)

O carro elétrico no Brasil, da BYD, começa a ser produzido entre o final de 2024 e o início de 2025, na antiga fábrica da Ford, em Camaçari, na Bahia. Os planos foram detalhados pelo CEO e fundador da greentech chinesa Wang Chuanfu, no evento que marcou o início da implantação do projeto no distrito industrial baiano.

A chegada da gigante asiática reforça a oportunidade de protagonismo do Nordeste no emergente mercado da mobilidade sustentável no Brasil. No vizinho estado de Pernambuco, a concorrente Stellantis também aposta as fichas na descarbonização e na eletrificação/hibridização, em linha com meta global do grupo de reduzir as emissões em 50% até 2030 e zerar até 2038.

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O parque da montadora franco-italiana, localizado em Goiana (Grande Recife) e considerado um dos mais modernos do setor automobilístico no mundo, lança o primeiro híbrido no ano que vem.

Carro elétrico no Brasil ganha tração com o lançamento da pedra fundamental da BYD, com a presença dos heads da companhia e o vice-presidente Geraldo Alckmin
O CEO Wang Chuanfu, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador Jerônimo Rodrigues participaram do lançamento da pedra fundamental da BYD, que vai produzir carro elétrico e híbrido no Brasil/Foto: Governo da Bahia (Divulgação)

Carro elétrico no Brasil: pedra fundamental da gigante chinesa é divisor de águas para o país

Na BYD, a pedra fundamental do complexo foi lançada nesta segunda-feira (9/10), com a presença dos heads globais e nacionais da companhia, o vice-presidente da República, Geraldo Alckimin, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.

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O início da implantação, na antiga operação da Ford, desativada em janeiro de 2021, é um marco econômico e simbólico para a Bahia, que ainda busca se recuperar da saída da norte-americana. O fechamento da unidade deixou um rastro de desemprego – com 150 mil postos de trabalho diretos e indiretos extintos – e desindustrialização.

Houve queda nas exportações – nas quais os carros da Ford estavam entre os principais produtos – perda da participação da indústria de transformação na pauta do comércio exterior (num estado que há décadas tenta reduzir a presença de comoddities e agregar bens de maior valor a seus embarques internacionais), além de baque na arrecadação do estado e de Camaçari.

O impacto, no entanto, foi além das fronteiras estaduais e teve repercussão em toda a cadeia da indústria automotiva no país, na qual a Ford foi a pioneira, em 1919.

Por isso, o início da materialização do projeto da BYD é considerado um divisor de águas para a indústria automotiva não apenas da Bahia, mas do Brasil, e particularmente, para a mobilidade sustentável no Nordeste. Para o vice-presidente da República, o projeto é um símbolo da “nova industrialização” no país.

Mobilidade sustentável ganha tração com a instalação da BYD no Brasil

A mobilidade sustentável vem ganhando tração no Nordeste e acelera o ritmo no próximo ano, com a chegada ao mercado dos primeiros carros elétricos/híbridos fabricados em estados nordestinos, por dois players globais que brigam para se tornar líderes mundiais de um segmento que cresce, com velocidade, impulsionado pela descarbonização da economia.

É um cenário de oportunidades que anima o fundador da BYD. “Há 28 anos, a BYD começou como uma empresa chinesa de baterias e com grandes sonhos. Vimos que as alterações climáticas e o congestionamento nas cidades seriam os principais problemas que a sociedade enfrentaria e sonhamos que poderíamos gerar energia a partir do sol, eletrificar a rede, tornar todos os veículos elétricos e aliviar o congestionamento”, conta Wang Chuanfu.

Nesse panorama, o Brasil é um mercado incrivelmente promissor e pode ser um exemplo para o mundo de que a eletrificação não só é possível, como também melhora a vida de todos aqui”, afirma.

“As mudanças climáticas não têm fronteiras, e estamos orgulhosos de ter projetos em mais de 75 países. No entanto, não há melhor exemplo desse compromisso do que nosso trabalho no Brasil, uma nação abençoada pela Floresta Amazônica, conhecida por sua paixão pela preservação ambiental. Nossa missão de reduzir a temperatura da Terra em 1ºC tem uma profunda conexão com o Brasil”, acrescenta.

Projeto da BYD no Brasil vai muito além do carro elétrico/híbrido

A dimensão do projeto da BYD no Nordeste evidencia a agressividade com que a montadora está se posicionando na mobilidade sustentável e enxergando muito mais que o nicho de carro elétrico/híbrido no Brasil e em escala global.

O parque automotivo baiano da greentech, orçado em R$ 3 bilhões e com estimativa de 5 mil empregos, entre diretos e indiretos em toda a cadeia, será o maior polo industrial da empresa fora da China. O complexo terá três fábricas, que irão produzir chassis de ônibus, caminhões elétricos, veículos de passeio elétricos e híbridos, além de processar lítio e ferro fosfato.

No caso dos automóveis de passeio, a capacidade instalada será de 150 mil veículos/ano, na primeira etapa. Nesse nicho, a BYD vai investir em tecnologia concebida no país, com a instalação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Salvador.

Dessa forma, a chinesa trilha o mesmo caminho da Stellantis Goiana, que tem, desde a década passada, uma estrutura semelhante no Porto Digital, ecossistema de tech localizado no Recife (PE). O núcleo integra o sistema de inovação aberto da montadora e trabalha em diversos projetos, entre eles veículos híbridos com tecnologia 100% nacional.

No caso da BYD, a prioridade também é o desenvolvimento de híbridos, combinando eletrificação e energia térmica a partir de etanol. “Já estamos trabalhando duro para criar a solução brasileira para nossos carros híbridos plug-in: a combinação de etanol e energia elétrica. Duas fontes de energia limpa para levar o Brasil em direção a um futuro mais verde”, destaca Wang Chuanfu.

“Estamos realizando estudos para um modelo flex, que possibilite o uso da energia que vem da cana-de-açúcar, uma solução verde, uma solução brasileira”, acrescenta o conselheiro e sócio da BYD no Brasil, Alexandre Baldy.

Primeiro modelo de carro elétrico da BYD fabricado em Camaçari será o Dolphin

O BYD Dolphin será o primeiro modelo a ser produzido em Camaçari. Atualmente importado, o veículo chegou ao mercado brasileiro em junho deste ano, com o marketing agressivo de carro elétrico mais barato de sua categoria no país, com preço a partir de R$ 149,8 mil.

O Dolphin se tornou um fenômeno de vendas, pressionando a concorrência a revisar suas tabelas. As rivais reagiram, baixando os preços de modelos como o Renault Kwid E-Tech, Caoa Chery iCar e JAC e-JS1.

Atualmente, o Dolphin é o carro elétrico mais vendido no Brasil. Foram comercializadas 146 unidades em seis horas após o lançamento e 5 mil unidades em três meses, um recorde no mercado automobilístico nacional.

Além dele, o BYD Song Plus, que tem autonomia de mais de mil quilômetros, e o BYD Yuan Plus, que é 100% elétrico, também serão produzidos no complexo.

Embora só agora comece a produzir carros de passeio no Brasil, a companhia iniciou a   comercialização desse tipo de veículo em 2021 e foram lançados, até o momento, cinco modelos no país.

BYD: saiba mais sobre a pioneira no encerramento da produção de carros 100% a combustão

Em março de 2022, a BYD foi a primeira empresa automotiva do mundo a interromper oficialmente a produção de veículos apenas com motor a combustão, reforçando seu posicionamento na descarbonização.

A empresa, hoje, tem mais de 600 mil funcionários em todo o mundo, dos quais 90 mil são engenheiros de diversos segmentos diferentes e a marca conta também com 11 centros de pesquisa em diferentes regiões do globo.

Os números de registro de patentes ajudam a entender o tamanho do negócio: a BYD solicita uma média de 19 patentes por dia e possui 40 mil patentes registradas e, destas, 28 mil em âmbito mundial.  Os veículos eletrificados da companhia estão rodando em mais de 70 países e em 6 continentes há mais de dez anos.

Greentech instalou primeira operação no Brasil em 2015

No Brasil, o primeiro projeto da BYD, inaugurado em 2015, foi uma fábrica de montagem de chassis de ônibus 100% elétricos em Campinas (SP). Em 2017, abriu uma segunda fábrica, também em Campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos.

Para abastecer a frota de ônibus elétricos, a empresa iniciou, em 2020, a operação de sua terceira fábrica no Brasil, no Polo Industrial de Manaus (PIM), dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio.

A empresa também é responsável por um projeto de SkyRail (monotrilho) na cidade de São Paulo, com a Linha 17 – Ouro. Além disso, a BYD comercializa no Brasil sistemas de armazenamento de energia, inversores, empilhadeiras, caminhões, furgões e automóveis, todos elétricos e com baixa emissão de poluentes.

Em abril de 2022, a BYD Energy, braço da companhia no setor de soluções para a geração de energia limpa e que tem fábrica em Campinas (SP), inaugurou novas instalações e uma completa linha de módulos fotovoltaicos no mercado brasileiro e, neste ano, atingiu a marca de 2,3 milhões de painéis fotovoltaicos produzidos no país. 

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