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Energia limpa no Nordeste tem avanço do Piauí na guerra do H2V

Energia limpa: Piauí bate de frente com Ceará e anuncia projeto de hidrogênio verde de R$ 50 bi, considerado o maior do mundo pela croata GPE e voltado para exportação de amônia ao mercado europeu, onde os clientes finais já têm até contrato assinado
Energia limpa: projeto da Green Energy Park, no Piauí, bate de frente com o Hub do H2V e o corredor Pecém/Roterdã, no porto cearense
Energia limpa: projeto da Green Energy Park, no Porto Luís Correia (foto), bate de frente com o Hub do H2V e o corredor Pecém-Roterdã, no Ceará/Imagem: Layout de Luís Correia (Investe Piauí)

A guerra no setor de energia limpa nos estados nordestino escala, com um projeto de hidrogênio verde da Green Energy Park (Croácia) no Piauí. A companhia afirma ser esse o maior empreendimento do setor no mundo. A planta de H2V que o grupo acaba de anunciar e tem investimentos previstos de R$ 50 bilhões bate de frente com projeto que o vizinho estado do Ceará vai implantar a pouco mais de 400 quilômetros.

No Nordeste, Ceará, Bahia, Pernambuco e Piauí brigam para sair na frente na corrida do H2V que acontece no Brasil e para ocupar o posto de líder regional no mercado do chamado combustível do futuro, além de atraírem bilhões em projetos de energia limpa, principalmente eólica e solar.

O memorando de intenções do empreendimento da GEP foi firmado neste final de semana, na Holanda, em Roterdã, durante o Congresso Mundial de Hidrogênio.

Assinaram o acordo o CEO da GEP, Bart Biebuyck, a diretora de Mercados Europeus da agência estadual Investe Piauí, Nathália Ervedosa, e a presidente da vinícola Puklavec Family Wines, Tatjana Puklavec. A produtora de vinhos é uma das clientes da Green Park Energy que já tem contrato assinado para a compra da amônia verde produzida no Piauí, que será destinada ao setor industrial.

O memorando prevê a realização de estudos voltados à construção de uma fábrica de H2V, com capacidade de 5 gigawatts (GW) de amônia verde por ano. A planta tem previsão de ser iniciada em 2024, com início da operação em 2026. Os técnicos responsáveis pelas análises chegam ao Piauí nas próximas semanas.

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O local escolhido pela GEP é a futura Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Porto de Luís Correia. O complexo portuário está em fase de implantação em Parnaíba, a 340 quilômetros de Teresina, e a apenas 435 km do Porto de Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, onde já está em funcionamento uma ZPE inaugurada em 2013 e que foi a primeira a entrar em operação no país.

Energia limpa: corredor de H2V do Piauí vai concorrer com o de Pecém

A unidade piauiense da GEP e a criação de um corredor de hidrogênio verde entre Parnaíba e o porto croata de Krk, se viabilizados, vão concorrer diretamente com empreendimento semelhante que Pecém – no qual o complexo de Roterdã tem 30% das ações – busca viabilizar em sua ZPE.

O acordo para a criação de um corredor para a cadeia do H2V Pecém-Roterdã foi firmado em maio passado, em Fortaleza, pelo primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, e o governador do Ceará, Elmano de Freitas.

O anúncio reforçou a ofensiva do Ceará para criar, no Porto de Pecém, o chamado Hub do H2V, cluster que tem 33 memorandos assinados até o início deste mês e investimentos totais estimados em US$ 8 bilhões. No contra-ataque, o Piauí não se intimida e tem 20 projetos previstos para o seu ecossistema de hidrogênio verde. São iniciativas nas áreas de implantação de unidades fabris, parcerias tecnológicas e centros de pesquisa de universidades.

Energia lima: Unigel também vai produzir amônia verde de H2V na Bahia

A princípio, a GEP Brasil não vai concorrer, no mercado interno, com a Unigel, que está investindo US$ 1,5 milhão, em Camaçari (BA), numa fábrica de H2V voltada para amônia verde.

Isso porque o projeto no Piauí, pelas informações até o momento, é focado no comércio exterior, enquanto a Unigel visa atender a sua própria demanda de amônia na produção de fertilizantes.

Não se pode dizer, no entanto, até quando esses planos de negócios e estratégias comerciais serão mantidos na configuração atual e se, no futuro, os croatas da GEP vão brigar por mercado com o grupo petroquímico brasileiro.

Anunciada pela Unigel em 2021, a planta baiana já recebeu até os equipamentos – incluindo os eletrolisadores da alemã Thyssenkrupp – em junho deste ano. Só os investimentos em maquinário de última geração, nessa fase, chegam a US$ 120 milhões.

 A unidade tem previsão de entrada em operação em 2024. Na primeira etapa, a capacidade de produção é estimada em 10 mil toneladas/ano de hidrogênio verde que podem ser convertidas em 60 mil toneladas anuais de amônia verde.

Na segunda fase, programada para 2025, a fábrica deve quadruplicar a produção de hidrogênio e amônia verdes e a pergunta é se a Unigel sozinha vai absorver 100% dessa matéria-prima.

Energia limpa: o que diz o governo do Piauí sobre a guerra do H2V?

O governador do Piauí, Rafael Fonteles, diz que “o fechamento desse acordo com a GEP coloca o estado como líder no mercado global da economia verde”.

“Reunimos vantagens competitivas para liderar o novo mercado global de economia verde que tem no hidrogênio verde seu principal ativo. Isso abre perspectivas extraordinárias para o Piauí, com geração de emprego e renda para nossa gente”, desafia.

Mais comedida, a diretora de Negócios do Hidrogênio Verde da Investe Piauí, Karita Allen, afirma, sobre a guerra do H2V no Nordeste, que “o estado não tem interesse de bater de frente com ninguém”.

”Somos estados irmãos que estamos desenvolvendo nossos projetos para o hidrogênio verde como todos os estados brasileiros. Cada um tem suas potencialidades e Pecém está há três anos explorando a pauta do H2V, com uma governança bem sólida. Enquanto isso, a Bahia avança, no setor, no ecossistema industrial de Camaçari”, sustenta.

Em relação à infraestrutura necessária para viabilizar as operações da GEP, a executiva explica que o terminal de amônia já integra o masterplan do Porto de Luís Correia. “Os valores ainda estão sendo levantados, haja vista que o complexo está sendo construído por etapas, começando pelo terminal pesqueiro, com investimentos de R$ 90 milhões. Ao todo, teremos seis terminais”, detalha.

O porto foi idealizado nos anos 1960 e iniciado na década seguinte, mas ficou inacabado durante anos. O empreendimento chegou a ser concedido à iniciativa privada, sem avanços. As obras só foram retomadas em junho de 2023. Atualmente, o ancoradouro é administrado pela Secretaria de Estado dos Transportes (Setrans-PI).

Por que a GEP escolheu o Piauí para seu projeto de energia limpa no Brasil?

A diretora de Mercados Europeus da Investe Piauí, Nathalia Everdosa, diz que “a escolha do Piauí para as negociações com a empresa europeia se deve ao potencial solar e eólico que o estado possui”.

“Além disso, trabalhamos para garantir todo o suporte necessário às empresas de energia limpa e a desburocratização dos processos para implantação desses empreendimentos”, frisa. Segundo a agência, o Piauí tem 500 projetos eólicos e solares com outorga autorizada, que somam R$ 19 bilhões em investimentos.

Vale ressaltar que o hidrogênio, para ser homologado como verde pelas entidades internacionais do setor, precisa ter zero emissão de carbono em toda a sua cadeia, incluindo a geração de energia utilizada em todas as etapas de produção.

O que é o H2V no mercado de energia limpa?

O hidrogênio é uma matéria-prima que possui aplicação em diversos setores industriais, desde o segmento de alimentos até fertilizantes. Porém 96% da produção mundial hoje é resultante de métodos poluentes, gerando 830 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, o correspondente a 2% das emissões anuais de CO2 em todo o mundo. Ao adotar fontes de energia renováveis, a produção do hidrogênio verde (H2V) a partir da água tem se mostrado uma alternativa promissora na transição global para uma economia de baixo carbono.

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