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Déficit de potência leva ONS a acionar térmicas, com impacto na conta de luz

O ONS determinou o uso máximo de usinas térmicas para garantir energia no segundo semestre de 2025. A medida visa evitar déficit de potência e pode elevar o custo da conta de luz dos consumidores
Enerva usina termelétrica ONS
Usinas termelétricas no Brasil terão geração maximizada neste segundo semestre por determinação da ONS. Foto: Eneva/Divulgação

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinou a maximização da geração termelétrica e a prontidão das usinas brasileiras para o segundo semestre de 2025. A medida, em alinhamento com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), tem como objetivo assegurar o fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN) durante o período seco e na transição para o período úmido de 2025/2026.

A decisão integra as ações operativas do ONS para manter o atendimento pleno da carga e da potência demandadas pela sociedade, diante da previsão de déficit de aproximadamente 4 gigawatts (GW), especialmente nos horários de ponta – entre o final da tarde e o início da noite.

“Há uma perspectiva de elevação dos níveis dos reservatórios do Sul a partir de agosto, mas seguimos atentos à região. A questão do atendimento de potência no segundo semestre também se mantém como prioridade e propusemos diferentes ações que vão garantir o atendimento da demanda”, afirmou o diretor-geral do ONS, Marcio Rea.

Segundo estimativas do setor, o acionamento das térmicas deverá gerar um custo adicional de R$ 13,1 bilhões até novembro de 2025, valor que será integralmente repassado às tarifas de energia elétrica.

A geração térmica despachada pelo ONS está em torno de 10.350,6 megawatts (MW), refletindo o esforço coordenado para manter a segurança energética nacional diante de um cenário climático desfavorável e de crescimento da carga.

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Cenário hidrológico exige medidas preventivas

Durante reunião ordinária realizada em junho, o ONS apresentou ao CMSE uma série de recomendações para garantir a confiabilidade do sistema no segundo semestre, com foco na recuperação dos níveis dos reservatórios da região Sul e no reforço da potência disponível no SIN.

Entre as medidas propostas estão a intensificação da capacidade de modulação das usinas hidrelétricas localizadas no rio São Francisco e na Usina Hidrelétrica de Itaipu, além da plena utilização das térmicas a gás, óleo, carvão, biomassa e nuclear.

A decisão ocorre em um contexto de chuvas abaixo da média em regiões como o Norte e de baixos níveis de armazenamento no Sul, afetados por condições meteorológicas adversas nos últimos meses. A expectativa é de recuperação gradual dos reservatórios sulistas a partir de agosto.

ONS: flexibilização e monitoramento reforçado

Segundo o diretor-geral do ONS, Marcio Rea, os agentes do setor foram orientados a manter as térmicas em total prontidão e a reportar qualquer restrição operacional com antecedência. Também foi recomendada a postergação de manutenções programadas, de forma a preservar a flexibilidade operacional do sistema.

O subsistema Sul permanece sob monitoramento intensivo, com atenção redobrada à gestão dos reservatórios e à estabilidade do suprimento de energia no horário de maior demanda.

Apesar do crescimento da geração solar e eólica no país, o ONS destaca a necessidade de fontes despacháveis e controláveis, como as térmicas, para compensar a intermitência das renováveis e garantir a potência nos momentos críticos do sistema.

Impacto na conta de energia

A ampliação do uso de usinas térmicas afeta diretamente os consumidores por meio das bandeiras tarifárias e do repasse de custos operacionais. Com a bandeira vermelha 1 vigente, há um acréscimo de R$ 4,16 a cada 100 kWh consumidos. No caso de uma residência com consumo mensal médio de 200 kWh, o impacto estimado é de R$ 8,32 na fatura, podendo chegar a R$ 15,76 em caso de bandeira vermelha 2.

Considerando os encargos e tributos aplicados pelas distribuidoras, o valor total da conta de energia pode variar de R$ 200,00 a R$ 216,00 por mês, dependendo do estado.

No Nordeste, mesmo com a elevada participação de fontes renováveis, o acionamento de térmicas é necessário em momentos críticos, o que pode pressionar os custos das distribuidoras como Neoenergia Coelba (BA), Equatorial (AL, MA, PI) e Enel (CE). Esses custos são considerados nas revisões tarifárias anuais, com impacto direto no consumidor final.

Produção no Nordeste e no Brasil

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Nordeste concentra cerca de 35% da capacidade instalada de usinas térmicas do país, com destaque para os estados da Bahia, Pernambuco e Maranhão. A nível nacional, o parque termelétrico brasileiro ultrapassa os 51 GW de potência instalada, desempenhando papel estratégico na matriz elétrica, especialmente em períodos de restrição hídrica.

*Com informações da Agência Brasil

Leia mais: Biocombustíveis avançam como opção estratégica para usinas termelétricas

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