
O surgimento do “Novo Mateus”, oficializado na terça-feira (1º), já tem repercussão imediata no varejo nordestino. Somando 50 lojas e cinco centros de distribuição entre Pernambuco, Paraíba e Alagoas, a nova estrutura chega com faturamento estimado em R$ 6,8 bilhões (dados de 2023), posicionando-se como um player robusto de atacarejo e alimentação.
A operação foi estruturada com base no “Acordo de Associação, Investimento e Subscrição de Ações” firmado em 19 de dezembro de 2024, formalizado ontem por meio do acordo de acionistas que regula gestão e transferências societárias.
O Grupo Mateus assume 51% do capital votante e total, ficando os 49% restantes com os sócios fundadores do Novo Atacarejo. A governança é compartilhada: Daniel Costa (Novo Atacarejo) assume o cargo de CEO e o conselho será presidido por Ilson Mateus, com maioria de indicados pelo grupo.
“A conclusão da operação representa mais um importante passo na estratégia de expansão regional da Companhia (…) e contribuir com o desenvolvimento econômico das regiões Norte e Nordeste do país”, destacou o comunicado oficial.
Nos bastidores, já estão ocorrendo as primeiras reuniões com fornecedores — previstas para este mês — para consolidar negociações em volume, padronizar mix de produtos e unificar contratos. O objetivo é capturar ganhos logísticos e comerciais que garantam eficiência e competitividade de preços nas unidades da rede.
Nos próximos meses, o projeto prevê também ações voltadas à identidade visual das lojas: a marca “Novo Mateus” começará a aparecer com destaque, acompanhada por ajustes de layout e modernização de sistemas de abastecimento e gestão de estoque.
“Novo Mateus” vai rivalizar com Assaí e Atacadão
Com mais de 30 pontos de venda ativas em Pernambuco, o Novo Mateus muda o panorama competitivo diante de gigantes como Assaí e Atacadão. A consolidação da rede pressiona rivais a revisarem estratégias e pode redesenhar o mapa do atacarejo no Nordeste — sobretudo ao abordar cidades de médio porte próximas a Recife, João Pessoa e Maceió. A expectativa é iniciar novas aberturas a partir de 2026, seguindo o plano estratégico de preencher lacunas regionais e reforçar a capilaridade.
De acordo com o ranking Abras 2024, o varejo alimentar faturou R$ 1,067 trilhão — 9,12% do PIB — em um ano de crescimento de 6,5% no consumo das famílias. O Grupo Mateus se destacou no ranking das maiores redes, ocupando o 3º lugar em faturamento (R$ 36,3 bilhões), enquanto o Novo Atacarejo subiu para a 19ª posição. No 1º trimestre de 2025, o Grupo Mateus registrou lucro líquido de R$ 318,6 milhões (crescimento de 32,5%) e receita líquida de R$ 8,33 bilhões (+12,9%), puxada pelas operações de atacarejo e atacado.
Setor de atacarejo cresce em participação
No Brasil, o segmento de atacarejo é o carro-chefe do varejo alimentar, respondendo por 47,3% do faturamento do setor em 2023 — totalizando cerca de R$ 300 bilhões — com forte presença nos lares nordestinos por meio das redes regionais.
Em nível nacional, o atacarejo cresceu 12,9% em número de lojas em 2024, e segue com alta nas vendas mesmas lojas (+36% no 4º trimestre). A Abras apontou que, em 2024, apenas quatro redes nordestinas estão entre as 50 maiores do setor — incluindo Mateus e Novo Atacarejo —, que juntas geraram R$ 49,6 bilhões em receita.
Leia mais: Com R$ 464 mi, CE lidera em aprovação de incentivos fiscais da Sudene