
O Grupo Maratá, um dos maiores conglomerados alimentícios do Nordeste, passou a adotar o gás natural como fonte energética em seu parque industrial localizado no município de Lagarto, no Centro-Sul de Sergipe. A mudança de matriz energética foi viabilizada por meio da ampliação da rede de gasodutos do estado, em um projeto do Governo de Sergipe que marca um novo passo na interiorização da política energética e na transição para fontes mais sustentáveis.
A primeira fase do fornecimento foi inaugurada nesta quarta-feira (4). Com um investimento de R$ 1,16 milhão, a obra inclui a instalação de um gasoduto conectado diretamente ao parque industrial do Grupo Maratá. Nesta etapa inicial, serão fornecidos 10 mil metros cúbicos de gás natural por dia, transportados no formato Gás Natural Comprimido (GNC) pelas empresas Logás e Petrobahia, vencedoras do chamamento público. A operação em Lagarto é pioneira no estado, utilizando uma estação de descompressão para abastecimento direto da indústria.
O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, destacou que o fornecimento de gás natural representa um avanço estratégico para a modernização da matriz energética da indústria sergipana. Segundo ele, “o investimento inicial atende como empresa âncora o Grupo Maratá e, na segunda fase, contemplará hospitais, postos de gasolina e o comércio em geral”.
Para o diretor executivo do Grupo Maratá, Frank Vieira, a adoção do gás natural fortalece a competitividade da empresa e torna suas operações mais sustentáveis. “Lagarto perdeu muitos investimentos nos últimos 20 anos pela ausência desse insumo. Agora, com o novo marco do gás em Sergipe, a região ganha em competitividade”, afirmou.
Adesão de novos setores
Além da indústria alimentícia, a ampliação do fornecimento prevê o atendimento a hospitais, postos de combustíveis e estabelecimentos comerciais em fases futuras. Já está programada a instalação de Gás Natural Veicular (GNV) no Auto Posto Aliança.
De acordo com o presidente da Sergipe Gás S/A (Sergas), Alan Lemos, o projeto com o Grupo Maratá serve como base para a expansão da rede no município. “O gasoduto ligado à indústria âncora cria um ambiente propício ao desenvolvimento sustentável da cidade”, disse.

I Para o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, o fornecimento de gás natural é um passo importante para a interiorização da política energética do estado. Foto: Arthur Soares/Governo de Sergipe
Indústria alimentícia é estratégica para Sergipe
Em Sergipe, o setor alimentício representa 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial, posicionando-se como o terceiro maior segmento da indústria de transformação no estado. A indústria sergipana emprega 80.138 trabalhadores, com o setor alimentício contribuindo significativamente para esse total.
Em 2024, a indústria brasileira de alimentos alcançou um faturamento de R$ 1,277 trilhão, um aumento de 9,98% em relação ao ano anterior, representando 10,8% do PIB do país. Esse crescimento reflete a expansão do setor no Nordeste, impulsionada por investimentos em infraestrutura e aumento da demanda regional.
No contexto nordestino, Sergipe destaca-se por sua produção de alimentos processados, com empresas como o Grupo Maratá liderando iniciativas de modernização e expansão industrial. O estado também é responsável por 0,1% das exportações brasileiras de produtos industrializados, com o setor de alimentos representando 58,16% do total exportado em 2022.
Além disso, políticas de incentivo à industrialização promovidas pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise) têm sido fundamentais para consolidar o estado como destaque nacional em geração de empregos no setor industrial.
Grupo Maratá investe em expansão
Fundado em 1962, o Grupo Maratá é um dos maiores conglomerados industriais do Nordeste, com atuação nos segmentos de alimentos, agronegócio, embalagens, construção civil e exportação. A empresa tem sede em Lagarto e presença em diversas cidades da região. Recentemente, o grupo anunciou um plano de investimentos de R$ 700 milhões para a construção de duas novas fábricas: uma de massas em São Cristóvão e outra de biscoitos em Lagarto, com previsão de criação de mais de dois mil empregos diretos e indiretos.
Além disso, investiu R$ 250 milhões em um novo moinho de trigo no Distrito Industrial de São Cristóvão, já em operação, e R$ 130 milhões na modernização do terminal portuário de Ilhéus (BA), com capacidade para processar até 120 mil toneladas de trigo por ano.
Em 2023, o Grupo Maratá vendeu seu portfólio de cafés e chás para a multinacional holandesa JDE Peet’s, permitindo à empresa concentrar esforços em segmentos industriais de maior valor agregado. Também recebeu, entre janeiro e agosto de 2024, mais de R$ 47 milhões em isenções fiscais federais, conforme dados oficiais.
O grupo mantém forte atuação em responsabilidade social, por meio da Fundação José Augusto Vieira, que oferece educação gratuita e cursos de capacitação em parceria com instituições como Senai e Senac.
Leia mais: Piracanjuba projeta Sergipe como hub de crescimento no Nordeste