A distribuidora Neoenergia Pernambuco perdeu 10% de tudo que comercializou em 2023 por causa dos roubos de energia. “As perdas são uma preocupação para a companhia, além de trazer riscos à sociedade”, diz o gerente de recuperação de energia da empresa, Hugo Andrade. No ano passado, a perda totalizou 268 milhões de quilowatts (kW), energia suficiente para abastecer, por oito meses, uma cidade como Olinda, que tem 400 mil habitantes.
Pernambuco é o Estado do Nordeste em que ocorreu mais roubo de energia em 2023, segundo um levantamento da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee).”São diversos os fatores que levam as pessoas a roubarem energia. No nosso monitoramento, o roubo de energia está relacionado com a densidade demográfica. As maiores perdas estão nas grandes cidades e no litoral”, explica Hugo. A região que mais tem casos de furto de energia é o Grande Recife. No entanto, o roubo de energia em Pernambuco passa, democraticamente, por várias classes sociais, indo desde os endereços de bairros mais populares até os da classe alta.
Ainda de acordo com o gerente, a empresa tem dificuldades de entrar em áreas de favelas, o que dificulta as fiscalizações da empresa que constatam o desvio, mas essas inspeções são realizadas com escolta privada e, em alguns casos, com a presença de profissionais da Polícia Militar. Em 2020 e 2021, a empresa perdeu dois funcionários que trabalhavam na rua e foram assassinados.
Nos consumidores de baixa tensão, o roubo de energia chega a representar, em média, 22% de tudo que foi comercializado em 2023, segundo levantamento da Abradee. Na baixa tensão, estão os consumidores de baixa renda, as residências e pequenos estabelecimentos, como, por exemplo, uma loja de bairro.
O roubo de energia também é feito por empresas dos setores de comércio e indústrias. “Nestes casos, o volume de energia roubada é muito maior. O desvio (roubo) de algumas indústrias corresponde a comunidades inteiras”, argumenta Hugo. A empresa não revelou o valor da energia roubada em 2023.
Consequências do roubo da energia
O roubo de energia é ruim para todos. Primeiro, porque a energia roubada é paga por todos os demais consumidores da distribuidora. Ou seja, a energia fica mais cara. Outro motivo é que o roubo, muitas vezes, sobrecarrega a rede distribuidora provocando acidentes. “O desvio de energia pode degradar a rede, colocando toda uma comunidade em risco, além de impactar a qualidade do fornecimento da área inteira”, afirma Hugo.
A distribuidora desenvolve várias ações para evitar o roubo. Somente em 2023, foram realizadas 136 mil inspeções e regularizados mais de 58 mil ligações que estavam clandestinas. Ou seja, as pessoas consumiam sem pagar.
Nos locais que há mais incidência de ligações clandestinas de energia, a empresa susbstitui a rede convencional por uma rede mais robusta (e inteligente), o medidor fica num poste blindado com tecnologia de telemetria, possibilitando operações remotas como leitura de energia, o corte e o religamento do fornecimento.
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