A Neoenergia Pernambuco vai realizar um investimento de R$ 5,1 bilhões em obras de expansão, modernização e reforço do sistema elétrico em todas as regiões do Estado. O anúncio ocorre depois de um trimestre conturbado em que as faltas de energia foram uma constante e atingiram polos econômicos do Estado, como o Porto Digital, no Bairro do Recife, e Porto de Galinhas, no Litoral Sul. A empresa também renovou o contrato da Termopernambuco para vender energia à distribuidora pernambucana por 15 anos. No futuro, isso pode encarecer a conta de luz dos pernambucanos, quando houver alguma crise energética.
O primeiro contrato de compra de energia da distribuidora à Termopernambuco vai acabar em maio. A compra da energia da Termopernambuco pela Neoenergia Pernambuco – antiga Celpe – foi uma das responsáveis pela alta da conta de luz dos pernambucanos por muitos anos. No cálculo do reajuste tarifário deste ano, a retirada da compra de energia da Termopernambuco à distribuidora resultou em quase 5% a menos no cálculo. Este foi um dos motivos que puxaram o reajuste negativo da conta de energia que entrou em vigor, nesta segunda-feira (29), e que ficou, em média, em -2,63% para os clientes residenciais da companhia.
Ao ser questionado quanto isso vai representar de aumento na conta dos pernambucanos, o presidente da Neoenergia Pernambuco afirmou que isso não representa qualquer incremento na conta de energia dos pernambucanos. “Isso significa que o sistema elétrico brasileiro, o Sistema Interligado Nacional (SIN) vai poder contar com a térmica caso seja necessário. A térmica vai ficar em stand by”, explicou Saulo.
A Neoenergia conseguiu a renovação deste contrato de compra por mais 15 anos num leilão de reserva de capacidade, um instrumento legal previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor. Se a térmica tiver que produzir energia, ela vai ser mais cara e a conta será dividida por todos os pernambucanos. A térmica não consegue não consegue ter uma energia mais barata do que as hidrelétricas, eólicas, ou solar, que usam matérias primas como a água, o vento ou o sol. Térmica usa gás natural que é uma commodity e sobe de preço de acordo com o mercado internacional.
Investimentos da Neoenergia
O investimento de R$ 5,1 bilhões é recorde para um quinquênio e representa um aumento de 31% comparando com o período anterior, segundo Saulo Cabral. Os recursos devem ser empregado em iniciativas que serão implementadas até 2028. Nos últimos cinco anos, a Neoenergia investiu cerca de R$ 3,9 bilhões.
O anúncio do investimento contou com a presença do CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui. “Ao projetar investimentos recordes para os próximos cinco anos, renovamos nosso compromisso em distribuir energia de forma contínua e confiável para os pernambucanos contribuindo ainda mais para o desenvolvimento social e econômico do Estado”, afirmou Capelastegui.
Somente em 2024, serão investidos R$ 928 milhões. O investimento inteiro inclui mais 270 quilômetros de linhas de alta tensão, que são importantes para transportar uma maior quantidade de energia. Nos cinco anos, a distribuidora irá construir ou expandir 13 subestações, ampliar de mais de 10% da disponibilidade energética no Estado e prevê a realização de mais de 680 mil novas ligações.
Na Região Metropolitana do Recife, as subestações vão ser instaladas nas seguintes cidades: Recife (2), Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Itapissuma. No Agreste e Zona da Mata, ficarão em Sirinhaém, Ribeirão, Garanhuns e Cachoeirinha. No Sertão, em Petrolina e Arcoverde.
Serão investidos cerca de R$ 163 milhões em soluções que deixem a rede de distribuição mais inteligentes, como os mais de 1,1 mil religadores que devem ser instalados, até 2028. Eles fazem a recomposição automática do sistema, em casos de interrupção, tornando o atendimento mais rápido.
As obras previstas vão beneficiar 395 mil clientes, segundo informações da Neoenergia Pernambuco. O reforço inclui melhorias em cidades que se destacam como polos econômicos, como Petrolina, no Sertão do São Francisco, várias cidades do Agreste fazem parte da bacia leiteira; o polo de confecções, que inclui Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Também serão realizadas ações que contemplam o litoral Sul do Estado e o polo automotivo de Goiana. As obras devem gerar mais de 2 mil empregos, numa estimativa da Neoenergia Pernambuco.
No seu discurso, a governadora Raque Lyra pediu que os trabalhos de implantação das melhorias fossem mais “céleres” porque a gente viu o que ocorreu com o Porto Digital. Os diretores do polo de tecnologia disseram que a falta de energia estava atrapalhando o funcionamento das empresas instaladas no Bairro do Recife. “Sabemos destes momentos mais críticos. As nossas reclamações são as mesmas dos consumidores pernambucanos no que diz respeito em especial nestes últimos meses com a quebra do fornecimento (do serviço)”, comentou a governadora.
Segundo a governadora, os investimentos em manutenção preventiva e em subestações a serem realizados pela empresa “vão permitir ter uma energia elétrica de mais qualidade com mais potência chegando as casas e empresas de cada um”.
O presidente da Neoenergia, Saulo Cabral, voltou a dizer que a qualidade da energia da distribuidora melhora ano após ano e que foram identificadas que nos últimos quatro meses ocorreram uma maior incidência de raios, chuvas e ventos. “Isso causou um aumento no volume de interrupções que aconteceram nos últimos quatro meses, mas os investimentos dos próximos cinco anos – que valem a partir de agora – vão ampliar a oferta confiável de energia em todas as regiões do Estado”, disse.
A Neoenergia é dona de cinco distribuidoras no Brasil, incluindo a Neoenergia Pernambuco, que distribui energie nos 184 municípios de Pernambuco, Pedra de Fogo, na Paraíba, e Fernando de Noronha.
*Com informações da Neoenergia
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