Powershoring. O termo é novo e entrou no vocabulário da transição energética. Powershoring pode ser literalmente traduzido como “escoramento”. Num conceito mais amplo, significa uma localização estratégica ancorada em energia verde.
Tendo como orientação a agenda do clima, esse novo movimento da economia se sustenta na necessidade urgente de descarbonizar o planeta. E neste cenário, o Brasil tem uma vantagem de 30 anos à frente de muitas nações desenvolvidas em virtude de sua matriz energética predominantemente limpa, conforme pontou Jorge Arbache, vice-presidente do CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe.
Abrache fez a palestra de abertura no evento Powershoring: Transformação Energética e Neoindustrialização de Pernambuco e sustentou que tal condição do Brasil contribui para a atração de investimentos intensivos em energia verde. O evento aconteceu na terça-feira (23) no cinema do Porto Digital, no Recife.
“O presente diz que o futuro será diferente”, afirmou a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, na abertura do evento, apontando o potencial que o Porto de Suape tem para atrair investimentos intensivos em energia verde.
Depois que a reforma tributária decretou o fim da guerra fiscal, os estados passaram a buscar novos atrativos para seguirem competitivos. Dentro dessa lógica, a secretária de Meio Ambiente do estado, Ana Luiza Ferreira, ressaltou que logística, capital humano e sustentabilidade se tornarão os principais fatores de atração de investimentos.
“Acrescento a essa lista a infraestrutura. Precisamos compensar o déficit histórico que a região Nordeste tem nessa área”, ressaltou, no debate, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, Assunto que, inclusive, tem entrado na pauta não só de governos, mas do parlamento.
Recentemente, a Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos e o Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI) reuniram políticos e empresários em torno do tema, em Brasília, no Pernambuco Day. Foi o primeiro de uma série de eventos que discutirá o tema da infraestrutura de transportes envolvendo estados da federação.
Corrida do Powershoring
Para Cavalcanti, Pernambuco tem bom ponto de partida nessa corrida do Powershoring, porque conta com um porto industrial, com fonte de energia renovável e muita área para sediar novos negócios. Suape dispõe de cerca de 4.800 hectares – equivalente a 4.800 campos de futebol – para novos empreendimentos.
Além disso, o complexo portuário e industrial conta com uma vasta área verde preservada, oferecendo vantagens competitivas para as empresas que perseguem metas de ESG. São cerca de 10 mil hectares preservados. “Floresta em pé é a alterativa mais eficiente para se enfrentar a emergência climática”, defende o diretor de sustentabilidade do porto, Carlos Cavalcanti.
“Para avançarmos com o Powershoring é necessário contar com política pública arrojada e trabalhar com Parceria Público Privada ampla, remover o que possa criar obstáculos para tomada de decisão e atuar junto a bancos de desenvolvimento e fundos soberanos”, elenca Jorge Arbache, que ressalta ainda a importância das vantagens corporativas e competitivas.
Arbache lamenta que a agenda dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável lançados pela ONU em 2015 para seus 193 estados membros) tenha perdido espaço para a agenda climática e ressalta que é preciso combiná-las para os países seguirem nesta nova pauta da descarbonização. “Só tem uma coisa que devemos evitar, copiar modelos importados. Precisamos fazer nossa própria trajetória”, alertou Rosana Santos, diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética.
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