“Lixo” vira biogás em cidades de Pernambuco e Paraíba

O biogás surge da decomposição dos resíduos orgânicos e pode ser usado para gerar energia elétrica, atenuando os efeitos do aquecimento global.

Uma parte dos resíduos orgânicos – incluindo restos de comida, cascas de frutas, entre outros – de oito municípios no entorno do Recife, capital de Pernambuco, estão sendo transformados em energia elétrica. Isso ocorre no município de Jaboatão dos Guararapes, que recebe grande parte do lixo gerado no Recife e a totalidade do originado em Jaboatão dos Guararapes, localizado no Sul da região metropolitana recifense. O mesmo processo também se vê em João Pessoa, capital paraibana.

“Todos os aterros sanitários produzem biogás, mas nem todos geram energia elétrica e a maioria ainda não gera biometano”, explica o diretor de Engenharia da Orizon, Jorge Elias, empresa responsável pela geração de biogás na duas cidades.

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O biogás surge da decomposição dos resíduos orgânicos e pode ser usado para gerar energia elétrica, atenuando os efeitos do aquecimento global. O gás captado depois é usado numa térmica para produzir energia elétrica.

A energia produzida a partir da decomposição dos resíduos na unidade de Jaboatão é suficiente para abastecer perto de 230 mil pessoas com um consumo residencial médio. Na unidade que a empresa possui em João Pessoa, a geração de energia é suficiente para abastecer aproximadamente 50 mil pessoas.

Na capital paraibana, são processadas cerca de 500 mil toneladas de resíduos sólidos por ano. Já na unidade pernambucana, o ecoparque da empresa recebe cerca de 1,3 milhão de toneladas anualmente, vindas do Recife e mais sete municípios.

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“Na unidade de Jaboatão, a parcela orgânica é maior e também o projeto é mais adequado, conseguindo ter mais eficiência no processo de captação. Quanto mais material orgânico, mais biogás é gerado”, resume Jorge. 

Cerca de 250 pessoas trabalham na Orizon de Jaboatão. Lá, a parte dos resíduos que é orgânica e, consequentemente, se decompõe em biogás varia de 35% a 55% do total dos resíduos. “Estamos tentando recuperar o plástico e reintroduzi-lo na economia circular”, revela Jorge, explicando que na economia circular tudo é aproveitado e se deixa menos resíduos no meio ambiente.

O diretor de Engenharia da Orizon, Jorge Elias, fala que o biogás – originado na decomposição dos resíduos sólidos – é transformado em energia elétrica na unidade de Jaboatão dos Guararapes. Foto: Divulgação/Orizon

Futuro mais sustentável

A, intenção da empresa, segundo Jorge Elias, é, mais adiante, gerar a molécula do biometano, que é equivalente a do gás natural. “É mais sustentável, mais bem vista e tem menor impacto ambiental”, afirma o executivo. Para isso, é necessário um investimento alto, porque é preciso instalar equipamentos para tratar e purificar o biogás e transformá-lo em biometano.

“Hoje, o mais importante é usar adequadamente o biogás, transformando-o em energia elétrica ou em biometano, evitando que saia debaixo da terra. O aterro transforma esse resíduo em algo útil para a sociedade”, diz Jorge. Segundo ele, o custo para produzir é quase igual ao preço da venda da energia, mas se consegue ganhar algum dinheiro para implantar melhorias no ecoparque, a unidade que recebe os resíduos.

A Orizon divulgou alguns números do seu balanço de 2021, ano em que a receita operacional líquida alcançou R$ 435,5 milhões. A parte de energia, biogás e créditos de carbono geraram uma receita de R$ 103,4 milhões, o que representou uma alta de 46,9% em relação ao ano anterior. Parte deste aumento foi no último trimestre de 2021, quando o preço da energia estava em alta por causa da crise hídrica.

Inamara Melo: ação para os aterros captarem o biogás ou produzam o biometano” FOTO: Divulgação/Semas

Pernambuco só tem três aterros sanitários captando o biogás

Além da Orizon, Pernambuco só tem mais dois aterros sanitários que captam adequadamente o biogás: a CTR Igarassu e a CTR Candeias. “Nós temos metas para a recuperação do biogás e produção do biometano nos aterros sanitários e nas Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) para 2025, 2035 e 2050”, afirma a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, Inamara Mélo, citando as metas do plano de descarbonização do Estado, concluído em março deste ano.

“Estamos caminhando para fazer uma norma em que todos os aterros gerem biometano ou biogás. Essas soluções virão com medidas que garantam a redução das emissões de carbono. E o biometano para fins energéticos é um dos instrumentos para isso”, adianta Inamara.

Pernambuco tem 19 aterros licenciados em operação e nove que estão em fase de licenciamento sob análise da Agência estadual de Meio Ambiente (CPRH). Dos 182 municípios pernambucanos, 159 estão destinando os resíduos de maneira adequada (nos aterros sanitários) e 23 estão com destinação inadequada. “Vamos estar livre dos lixões ainda este ano”, conclui Inamara. Nos lixões, não há a destinação correta dos resíduos sólidos.

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