
O agronegócio nordestino registrou crescimento relevante em 2024, com destaque para os segmentos de produção de ovos e abate de bovinos. De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de ovos de galinha na região alcançou 835,8 milhões de dúzias no ano, o que representa um crescimento de 12,5% em relação a 2023. Já o número de bovinos abatidos chegou a 3,33 milhões de cabeças, alta de 5,6% no comparativo anual.
Entre os nove estados do Nordeste, Pernambuco se destacou tanto em volume absoluto quanto em crescimento percentual, assumindo a liderança na produção de ovos e consolidando-se como um dos principais polos de abate de bovinos da região.
Pernambuco: mais de um terço da produção de ovos do NE
Em 2024, Pernambuco produziu 299,5 milhões de dúzias de ovos, ante 229,7 milhões em 2023 — um aumento de 30,3%. Com isso, o estado respondeu por 35,8% da produção de ovos do Nordeste. Esse resultado não só o posiciona como líder regional em volume, mas também o coloca como o estado com maior taxa de crescimento percentual entre os grandes produtores.
Outros estados também registraram expansão. A Paraíba, por exemplo, cresceu 16,9%, passando de 45 milhões para 52,6 milhões de dúzias. O Piauí teve alta de 21,8%, atingindo 21,5 milhões de dúzias. Por outro lado, o Maranhão foi o único estado a apresentar retração, com queda de -4,1%, totalizando 5,9 milhões de dúzias.
Abate de bovinos avança na região
No segmento da pecuária bovina, o Nordeste contabilizou 3,33 milhões de cabeças abatidas em 2024, um acréscimo de 176,5 mil animais em relação ao ano anterior. A Bahia manteve a liderança em volume, com 1,4 milhão de abates, o que representa 42,3% do total regional.
Pernambuco, entretanto, destacou-se pelo ritmo de crescimento. Em 2023, o estado havia abatido 222 mil bovinos; em 2024, esse número saltou para 264,1 mil cabeças — uma alta de 18,8%, uma das mais significativas da região. Com isso, Pernambuco respondeu por 7,9% dos abates bovinos do Nordeste.
Outros estados com crescimentos expressivos foram Sergipe (+35%), Piauí (+32,2%), Paraíba (+29,1%) e Alagoas (+23,6%). Mesmo estados com menor volume, como o Rio Grande do Norte e o Maranhão, registraram variações positivas, ainda que em menor escala.

Impulso do crédito
O avanço da produção de proteína animal em Pernambuco acompanha o crescimento dos investimentos em infraestrutura agropecuária e o aumento da oferta de crédito para o setor. Segundo dados do Banco do Nordeste (BNB), as contratações de crédito para a pecuária no estado somaram R$ 1,2 bilhão em 2024, um salto de 41% em relação a 2023. Desde 2019, o banco vem ampliando as contratações para o setor de forma contínua, com crescimento acumulado de 200%.
“A pecuária é um dos setores que mais têm crescido em nossa carteira. O ritmo de investimentos é consistente e tem demonstrado um forte alinhamento entre a política de crédito e a vocação produtiva do estado”, afirma Hugo Luiz de Queiroz, superintendente estadual do BNB.
Os dados reforçam o papel de Pernambuco como uma das principais forças agropecuárias do Nordeste. Liderando em produção de ovos e com forte crescimento no abate de bovinos, o estado se destaca por unir escala produtiva, resposta ao crédito e capacidade de expansão. O cenário é favorável para a atração de indústrias processadoras e para o fortalecimento de cadeias produtivas ligadas à alimentação, com impactos positivos na geração de empregos e renda em todo o estado.
Quatro trimestre
No último trimestre de 2024, o Nordeste produziu 219,5 milhões de dúzias de ovos entre outubro e dezembro de 2024, crescimento de 10,6% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram produzidas 198,5 milhões de dúzias. A expansão na produção da região acompanha a tendência nacional, que também registrou alta, com crescimento de 12,4% no trimestre.
O maior destaque do Nordeste foi novamente Pernambuco, que produziu 80,4 milhões de dúzias no 4º trimestre — um crescimento de 34,3% frente às 59,9 milhões produzidas no mesmo período do ano anterior. Com isso, o estado passou a responder por 36,6% de toda a produção nordestina no período.
Outros estados também apresentaram desempenhos positivos, como a Paraíba, com alta de 18,2% (de 11,6 para 13,7 milhões de dúzias), e o Piauí, com 20,5% de crescimento. Já o Maranhão foi o único estado da região com queda na produção de ovos no trimestre, recuando -3,6%.
No mesmo período, o abate de bovinos no Nordeste totalizou 894,5 mil cabeças, crescimento de 9,5% em relação ao 4º trimestre de 2023 (817,1 mil cabeças). O desempenho regional supera a média nacional, que cresceu 4,4% no comparativo entre os dois trimestres.
Pernambuco novamente liderou em crescimento percentual, com 48,7% de aumento: o número de abates passou de 57.124 cabeças em 2023 para 84.417 em 2024. Esse resultado garantiu ao estado uma participação de 9,4% do total do Nordeste, além da maior contribuição individual para o crescimento absoluto da região, com acréscimo de 27,3 mil cabeças.
Outros estados que se destacaram foram o Piauí (+42,8%), Sergipe (+30,3%) e a Paraíba (+24,3%). A Bahia, mesmo com um crescimento mais modesto de 5,7%, segue com a maior produção absoluta da região, com 365,6 mil cabeças abatidas, o equivalente a 40,9% do total nordestino.
Análise e tendências
Os números confirmam a tendência de crescimento da agropecuária no Nordeste, impulsionada por fatores como: expansão do crédito rural, especialmente via Banco do Nordeste; adoção de tecnologias de manejo, genética e alimentação e expansão de granjas e frigoríficos em estados com potencial produtivo.
Pernambuco, ao liderar tanto no crescimento quanto no volume de produção de ovos, e apresentar a maior alta percentual no abate de bovinos, consolida-se como o estado com maior dinamismo agropecuário do Nordeste neste trimestre. O estado vem ampliando sua capacidade produtiva, modernizando estruturas e fortalecendo cadeias locais de valor — o que o posiciona como referência para outros mercados do semiárido e do litoral.
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