Atuando para atrair cada vez mais empresas para Alagoas, o governo do estado tem buscado oferecer incentivos fiscais e realizar obras estruturantes que garantam as condições ideais para receber empresas e gerar emprego e renda. Dados da Secretaria do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços de Alagoas (SEDICS) indicam que nos últimos dois anos, 67 empresas se instalaram no estado, investindo mais de R$ 1,5 bilhão. Em contrapartida, o estado quer investir mais de R$ 7 bi até 2026 em obras e outras ações que alavanquem a economia local.
Em entrevista ao Movimento Econômico, a secretária de Desenvolvimento e Comércio de Alagoas, Alice Beltrão, disse que todo esse investimento de empresas de segmentos químico-plástico, aço, cimenteiro, ceramista, têxtil, alimentício e hoteleiro contribuiu para que a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do estado em 2023 ficasse em 7,7%. O dado tem como base projeções feitas pelos Banco do Nordeste, Santander e Banco do Brasil.
“Esse trabalho de atração foi realizado por meio da Sedics e do Programa de Desenvolvimento Integrado (Prodesin) e a expectativa é que a atração dessas empresas gere mais de 24 mil empregos diretos e indiretos. Como resultado dessas iniciativas, Alagoas teve uma projeção de PIB em 2023 que superou economias da região Nordeste como Ceará (+2,4%), Bahia (+1,3%) e Pernambuco (+1,3%), em termos reais. O desempenho econômico considerou três setores principais: indústria (+7,12%), serviços (+4,74%) e agropecuária (+0,66%)”, destacou a secretária Alice Beltrão.
A gestora também avaliou que o volume de investimentos aumentou em 13% o número de contratações no primeiro semestre de 2024, comparado ao mesmo período de 2023, segundo dados do último boletim do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego em agosto de 2024. “De janeiro a junho deste ano, foram criados 89.533 novos postos de trabalho, enquanto no mesmo período do ano passado foram 78.787, e em 2022, o número foi 76.936”, afirmou.
Incentivos buscam desenvolver matriz energética de Alagoas
O Prodesin também tem sido importante para catalisar investidores interessados em fomentar o crescimento da produção de energias renováveis. Atualmente, é concedido o diferimento do ICMS na aquisição interna de energia elétrica e gás natural destinados ao processo industrial.
Recentemente, o estado também promulgou a nova Lei Estadual do Gás Natural e a Lei Estadual de Incentivo à Energia Solar.
“Alagoas também instituiu o programa EXYGEN, pioneiro no Brasil, composto por três indústrias alagoanas que se unirão para a produção de Etanol de Baixo Carbono, destinado tanto à aviação quanto às embarcações. Em 2023, com incentivo do Governo de Alagoas, a Veolia inaugurou a Usina Termelétrica de Biomassa de eucalipto, no polo industrial de Marechal Deodoro. Atualmente, três projetos estão em curso com a unidade industrial para beneficiamento de vinhaça e resíduo sólido urbano; a geração centralizada com parque solar e eólico no Sertão; e a geração centralizada com usina termelétrica a gás natural. Uma pesquisa desenvolvida pela Solfácil indicou Alagoas como o segundo estado mais competitivo do Nordeste para instalação de placas de energia solar. As condições geográficas e o preço acessível na implementação de sistemas fotovoltaicos tornam a região mais atrativa para investimentos no setor”, disse Alice Beltrão.
Estado promete obras e incentivos até 2026
A previsão, segundo a Sedics, é de aportar mais de R$ 7 bilhões de investimentos em Alagoas até 2026. A pasta estima que 413 obras estão em andamento neste período, gerando cerca de 105 mil empregos em todo o estado. Os destaques são o aeroporto Costa dos Corais, localizado em Maragogi, a conclusão dos hospitais Regional do Médio Sertão, em Palmeira dos Índios, e o Metropolitano do Agreste, em Arapiraca, além da conclusão do trecho V do Canal do Sertão.
“Esses investimentos visam atrair novos negócios, proporcionando a infraestrutura necessária para novos empreendimentos”, destacou.
Para garantir a execução no tempo previsto de obras, programas sociais e outras ações, a Secretaria de Planejamento e Gestão de Alagoas (Seplag) implantou um sistema de planejamento integrado, que aponta as principais necessidades do estado e prioriza os investimentos.
“Esse sistema tem sido fundamental para a elaboração de um planejamento estratégico que contempla as diversas áreas da administração pública, como saúde, educação, infraestrutura e segurança. Com isso, conseguimos direcionar os recursos de maneira mais eficiente, garantindo que as ações do governo estejam alinhadas com as reais demandas da sociedade”, explicou a secretária interina, Elesjandely Marques em entrevista ao Movimento Econômico.
Marques também destacou ações voltadas para a capacitação e valorização dos servidores públicos. “São várias as vertentes adotadas, todas focadas na eficiência administrativa, perpassando por ações de capacitação dos servidores públicos, promovendo cursos e trilha formativa visando aprimorar as competências e habilidades necessárias para um atendimento de qualidade e no desenvolvimento de um perfil de liderança cada vez mais voltado às melhores práticas de gestão e desenvolvimento de pessoas”, disse.
Economista explica crescimento da economia alagoana
Para o economista Cícero Péricles, há alguns fatores que explicam o ciclo próspero que vive Alagoas na esfera econômica. Assim como o Brasil, o momento pós-pandemia tem contribuído com a recuperação econômica de forma local. “Do mesmo modo que a economia brasileira, a alagoana afundou em 2020, ano da pandemia, e se levantou de maneira forte no ano seguinte; e, para os anos de 2022, 2023 e 2024, passou a ter projeções de crescimento próximas das taxas regional e nacional”, analisou.
Outro fator a se considerar é o aporte de investimentos públicos, sejam eles da esfera estadual ou federal. Esses investimentos influenciaram as empresas, tanto as que já estavam instaladas no estado, quanto as que foram atraídas recentemente, a investir no destino.
“O anúncio do governo Lula de aplicar R$ 50 bilhões em Alagoas até 2026, por meio do PAC 3, ajudou a criar um clima favorável aos investimentos das grandes empresas e a expansão dos grupos locais. Por outro lado, a ampliação das políticas públicas federais, tanto no nível da cobertura como do valor pago, somado ao aumento do salário-mínimo, impactaram na vida de mais de 1 milhão de alagoanos que são previdenciários, beneficiários dos programas sociais de transferência de renda ou assalariados que recebem, na sua ampla maioria, até dois salários-mínimos”, explicou Péricles.
Cícero ainda aponta como importante para explicar o bom momento econômico as negociações que permitiram reduzir a dívida pública do estado, aliado a uma boa gestão fazendária, que estão permitindo realizar grandes obras e diversos investimentos.
“O crescimento desse período foi influenciado também pelo desempenho de alguns setores como a agropecuária, que saltou de uma produção no valor de R$3,2 bilhões, em 2018, para R$5,2 bilhões em 2023, o turismo que retomou seu crescimento em 2021 e a construção civil, que foi beneficiada com o retorno de obras públicas e pelo aumento no valor de imóveis após famílias de Maceió terem que ser realocadas por conta das atividades de mineração da Braskem”, completou.
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