Com otimismo em baixa, indústria ganha espaço de interlocução em Pernambuco

Frente parlamentar foi criada na Alepe para ampliar articulação do setor com o Poder Executivo
Frente Parlamentar da Indústria
Frente Parlamentar em Defesa da Indústria foi criada para fazer ponte entre as demandas do setor e o Poder Executivo. Foto: Giovanni Costa/Alepe

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) instalou, na noite de segunda-feira (8), a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria. Considerado um pleito antigo, a implantação do colegiado terá o objetivo de ampliar a interlocução com o Poder Legislativo e, a partir desse, com o Governo do Estado, alvo de queixas pela falta de anúncios de ações estratégicas para um setor que iniciou 2024 com menos otimismo, conforme apontou o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI).

O levantamento, divulgado pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) em janeiro, indicou que a confiança dos industriais caiu 2,1 pontos de dezembro de 2023 para o primeiro mês de 2024, passando de 57,8 para 55,7 pontos. Embora o resultado ainda seja considerado positivo por estar acima de 50 pontos, preocupa especialmente no que diz respeito ao indicador “Economia Brasileira e Economia Estadual”, que recuou quatro pontos e puxou o índice geral para baixo.

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Segundo a Fiepe, estão por trás dessa queda na confiança o excesso de burocracia, a dificuldade de acesso a crédito e a alta carga tributária, que pesam, sobretudo, para as pequenas e médias empresas. Outro empecilho para o desenvolvimento da indústria é a alta cambial, que impacta, principalmente, negócios que dependem de matéria-prima oriunda de fora.

“Não temos reconhecido em nenhum dos governos, nem no passado, nem neste governo, por enquanto, nenhum auxílio, nenhum apoio, nenhuma boia lançada na direção da indústria. Espero que, com a força dos senhores [deputados], possamos olhar na mesma direção, nos guiando pela bússola do bom senso, pelo otimismo e pelo pé no chão para ver se conseguimos obter o efeito desejado. Penso que é importantíssimo que esta frente pense no planejamento de ações estruturadoras”, avaliou Mássimo Cadorim, presidente do Centro das Indústrias de Pernambuco (Ciepe), integrante do Sistema Fiepe.

Ricardo Essinger, presidente da Fiepe: “Depois de muito tempo, conseguimos esse veículo de interação”. Foto: Giovanni Costa/Alepe

Canal para falar das necessidades da indústria

A Frente Parlamentar em Defesa da Indústria foi criada por proposição do deputado Mário Ricardo (Republicanos), que é ex-prefeito de Igarassu, município que divide com Itapissuma os louros do Polo Cervejeiro, instalado no Litoral Norte de Pernambuco. O político também preside a Comissão de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Alepe.

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A diferença entre os dois colegiados é que o último tem uma esfera de atuação mais formal, voltada à apreciação de projetos de lei ligados ao ambiente econômico. Já a frente parlamentar não vai votar matérias legislativas, mas deve se comportar como um espaço de articulação para encurtar distâncias entre os industriais e os governos Federal e Estadual.

A novidade foi comemorada pelo presidente da Fiepe, Ricardo Essinger, que destacou que, “sem indústria forte, não há desenvolvimento”. “Há alguns anos temos feito a defesa muito forte de projetos importantes para a indústria, mas havia uma dificuldade porque eram projetos pontuais e, muitas vezes, não tínhamos um acesso facilitado ao deputado autor da proposição. Com esta frente, vamos conseguir ter esse canal para melhorar o desempenho da indústria. Depois de muito tempo, conseguimos um veículo de interação com o Poder Legislativo”, avaliou.

Frente parlamentar tem representatividade

Além de Mário Ricardo, compõem a frente parlamentar os deputados Abimael Santos (PL), Débora Almeida (PSDB), Edson Vieira (União Brasil), Eriberto Filho (PSB), France Hacker (PSB), Henrique Queiroz Filho (PP), Jarbas Filho (MDB), João de Nadegi (PV) e Rodrigo Farias (PSB).

Durante a instalação, foi exaltado o fato de a maioria desses deputados serem oriundos de diferentes regiões produtoras de Pernambuco e estarem ligados a atividades econômicas como a da indústria de confecções, a da bacia leiteira e a do setor sucroalcooleiro, o que deve reforçar a interlocução referente a esses e outros segmentos.

Deputado Mário Ricardo: “Parlamentares desta frente se comprometem a fazer essa interlocução”. Foto: Giovanni Costa/Alepe

“É uma frente de parlamentares que se comprometem em fazer essa interlocução. Podemos aproximar o Parlamento estadual dos nossos representantes na Câmara dos Deputados e do Governo do Estado em vários aspectos, seja na parte de licenças ambientais, seja na discussão da carga tributária, que é sempre uma preocupação presente na atividade empresarial. Queremos que o Estado atrapalhe menos e ajude a indústria a crescer. Então, que essa frente possa injetar ânimo para que os senhores invistam mais e possam gerar mais oportunidades para as pessoas”, disse o deputado Mário Ricardo.

Marcaram presença no início das atividades da frente parlamentar nomes como Marcelo Guerra, superintendente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), Nilson Gibson, presidente do Conselho Regional do Sest Senat em Pernambuco, Bruno Câmara, dirigente do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços Elétricos de Pernambuco (Sindienergia-PE), e Sergio Pontes, diretor da Ondunorte.

Leia também: Falhas no serviço da Neoenergia motivam audiência pública na Alepe

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