Mercado eleva projeção para PIB e inflação para 2023 

Para economista ouvido pelo Movimento Econômico, as projeções da inflação podem piorar.
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Segundo o BC, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 61%/Foto: Marcello Casal JR/ABR

Pela terceira semana seguida, a previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira este ano subiu, passando de 2,56% para 2,64%. A estimativa está no boletim Focus de hoje (11), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a projeção para os principais indicadores econômicos.  Já a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, não foi muito positiva.

Para o próximo ano, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB – a soma dos bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 1,47%. Para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 2%, para os dois anos. 

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Superando as projeções, no segundo trimestre do ano a economia brasileira cresceu 0,9%, na comparação com os primeiros três meses de 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 3,4%. 

O PIB acumula alta de 3,2% no período de 12 meses. E no semestre, a alta acumulada foi de 3,7%. 

Inflação 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerada a inflação oficial do país – teve previsão de elevação de 4,92% para 4,93%. Para 2024, a estimativa de inflação ficou em 3,89%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 3,5% para os dois anos. 

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A estimativa para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%. 

Segundo o BC, no último Relatório de Inflação, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 61%. 

A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. 

Em julho, influenciado pelo aumento da gasolina, o IPCA foi de 0,12%, segundo o IBGE. A taxa ficou acima das observadas no mês anterior (-0,08%) e em julho de 2022 (-0,68%). Com o resultado, a inflação oficial acumula 2,99% no ano. Em 12 meses, a inflação é de 3,99%, acima dos 3,16% acumulados até junho.  Os dados da inflação de agosto serão divulgados amanhã pelo IBGE

Taxa de juros 

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros – a Selic – definida em 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Diante da forte queda da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, iniciou, no mês passado, um ciclo de redução da Selic. 

Antes disso, a última vez em que o Banco Central tinha diminuído a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas. 

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 11,75% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 9% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 8,5% ao ano para os dois anos. 

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. 

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica. 

Por fim, a previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar está em R$ 5 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é de que a moeda americana fique em R$ 5,02. 

Análise do economista

“Como argumentei algumas vezes iríamos ver certa piora nas projeções dos economistas e isto está se concretizando no FOCUS divulgado hoje. Não é um movimento dramático, nem deve ser, mas as projeções para o IPCA tanto de 23 quanto 24 tem ligeiras altas”, analisou André Perfeito, economista chefe da Necton Investimentos.

André Perfeito
André Perfeito diz que o dólar pode sofrer enfraquecimento/Foto: divulgação

Para ele, as projeções irão piorar. “E isso pode ganhar o volume necessário para revisões na Selic terminal do ano que vem, que se mantém em 9% na mediana das projeções, mas que projeto em 10,75%”.

Sobre o dólar, ele diz que o mercado revisou levemente o Dólar para cima e para 2023 agora está em R$ 5,00. “Mantenho a perspectiva de dólar em R$ 5,00 este ano, no entanto dado a relevante inversão na curva de juros dos EUA e a provável queda dos mercados acionários por lá em 2024. É razoável supor que o FED, ou o mercado, tanto faz, irá projetar queda dos juros nos EUA o ano que vem e isso pode enfraquecer o dólar”.

Para Perfeito, este movimento deve se concretizar apenas no início do ano que vem. “Mas se de fato o BC não cortar tanto a Selic e nos EUA o cenário for de juros mais baixos (tanto a parte curta quanto a longa) o Real tende a se valorizar um pouco mais”, disse.

*Com informações da Agência Brasil

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