Fecomércio-PE critica a reforma tributária

Até agora não foram fixadas as alíquotas dos novos impostos a serem criados, mas o setor de serviços teme aumento da carga tributária
Bernardo Peixoto -Fecomércio
O presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, critica a reforma tributária, caso seja estabelecido uma alíquota de 25% do IVA, novo imposto a ser criado com a reforma tributária. Foto: Divulgação/ Fecomércio-PE.

O projeto da reforma tributária está sendo criticado por um setores que mais responde pela economia de Pernambuco e do Brasil: o de serviços, responsável por 70% do Produto Interno Bruto do País. Caso a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) seja fixada em 25%, isso pode trazer um aumento de 260% a mais nos valores a serem pagos em impostos das empresas de alguns segmentos que fazem parte deste setor, segundo um cálculo feito pela Fecomércio-Pernambuco, utilizando um estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O IVA seria um dos impostos sobre o consumo a serem criados na proposta de reforma tributária que está tramitando no Congresso Nacional. O IVA dual substituiria alguns impostos, incluindo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) – uma das principais fontes de receitas dos Estados – e o Imposto sobre Serviços (ISS), recolhido pelos municípios. Ambos são cobrados sobre os serviços.

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“As alíquotas cobradas sobre os serviços são diferenciadas. Defendemos que as alíquotas deveriam continuar sendo diferenciadas. Tem empresa que paga 8% de alíquota de imposto e vai passar a pagar 25%. Outras pagam, por exemplo, 17% de ICMS e 5% de ISS, somando dá 22%. Essas também passariam a pagar 25%”, resume o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Pernambuco, Bernardo Peixoto. 

O ICMS tem 27 legislações diferentes, uma para cada Estado, e tem serviços que só recolhem ou o ICMS ou o ISS. “Com o IVA em 25% serão pelo menos R$ 200 bilhões a mais de impostos a serem pagos por ano pelo setor de serviços, caso as empresas consigam pagar”, comenta Bernardo. Ainda de acordo com o levantamento da CNC, a média de aumento no custos dos impostos para todas as empresas do setor de serviços corresponderia a um acréscimo de 29,9% com os custos que as em, caso a alíquota do IVA fique em 25%. 

A alíquota do IVA ainda não foi definida, mas o secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, estimou que seria necessária uma alíquota de 25% para manter a atual carga tributária. O País não pode diminuir a carga tributária porque são os impostos que bancam toda a máquina pública, que inclui vários serviços nas áreas de saúde, educação, entre outros.  

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Reforma tributária aumenta custos, diz Fecomércio

E o aumento de custos, segundo Bernardo Peixoto, poderia empurrar uma parte das empresas para a informalidade e  provocar desemprego no setor, que é um dos que mais empregam tanto em Pernambuco como no Brasil. Em 2022,  o setor de serviços representou 51% do saldo de empregos líquidos, gerando mais de 30 mil novos postos de trabalho formais, de acordo com números levantados pela Fecomércio.

Ainda de acordo com o levantamento da CNC, a média de aumento no custos dos impostos para todas as empresas do setor de serviços corresponderia a um acréscimo de 29,9% dos custos que o setor tem com o pagamento dos salários dos seus funcionários,  caso a alíquota do IVA fique em 25%. “As empresas não vão conseguir diminuírem os custos com aluguel, água, energia e aí vão reduzir os postos de trabalho”, diz Bernardo.

Ainda segundo o presidente da Fecomércio-PE, a informalidade aumentaria – por conta do alto custo dos impostos – que traria maior impacto nas micro e pequenas empresas. O setor produtivo sempre defendeu uma reforma tributária. 

 Na reforma tributária, a CNC defende que  o sucesso da futura lei depende de alíquotas diferenciadas, não cumulatividade plena e crédito para empresas do Simples Nacional. A Confederação também entende que a diferenciação das alíquotas deveria ocorrer em todo o setor de serviços e não apenas nos segmentos como saúde, educação e transporte público, que continuarão com alíquotas diferenciadas. 

A alíquota única dos tributos é defendida por técnicos como forma de simplificar a arrecadação dos impostos, que é muito complexa no Brasil.  “Do jeito que está a reforma tributária vai simplificar a cobrança dos impostos e matar as empresas”, argumenta o presidente da Fecomércio. E acrescenta: “É fundamental a realização de estudos que demonstrem o real impacto das propostas apresentadas, visando garantir que a carga tributária permaneça dentro dos parâmetros anteriores e que não sobrecarregue ainda mais os empregadores e contribuintes”,  afirma o presidente da Fecomércio-PE. 

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