Após um dia tenso, com derrotas do governo e com a aprovação no último minuto do segundo tempo do Medida Provisória 1154/23 , que trata da estrutura de ministérios do governo Lula, o Brasil amanhece com uma notícia boa, assim como o próprio governo federal: o Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu 1,9% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses do ano passado.
No período, a soma do PIB alcançou R$ 2,6 trilhões. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 4%. O PIB acumula alta de 3,3% no período de 12 meses.
O PIB do 1T supera as estimativas e sobe nada menos que 1,9% no início do ano. O resultado foi puxado pelo lado da oferta pelo setor agro que no trimestre avançou 21,6% e do lado da demanda as exportações líquidas são o destaque com queda de 7% das importações e de apenas 0,4% das exportações.
O resultado não surpreendeu o mercado. Que espera um resultado anual na casa dos 2%.
Para André Perfeito, economista chefe da Necton Investimentos, “a boa notícia é que está ruim, ou seja, a base de comparação é tão ridiculamente baixa que crescer é quase uma ilusão estatística. Que pesem medidas recentes de sustentação da demanda como o reajuste do salário mínimo ou mesmo o Bolsa Família mais robusto, ainda não dá para dizer que foi isso que gerou o crescimento atual. Isto deve ter efeito mais para frente”, avaliou.
Setores que puxaram o PIB
De acordo com o IBGE, o crescimento na comparação com o trimestre anterior foi puxado pela agropecuária, que teve alta de 21,6%. Segundo o IBGE, o resultado é explicado principalmente pelo aumento da produção da soja, principal lavoura de grãos do país, que concentra 70% da safra no primeiro trimestre e deve fechar este ano com recorde.
Os serviços, principal setor da economia brasileira, também teve crescimento no período (0,6%), com destaque para o desempenho das atividades de transportes e de atividades financeiras (ambos com alta de 1,2%).
Queda na indústria
A indústria, por sua vez, teve variação negativa de 0,1% no período, o que, segundo o IBGE, representa estabilidade. Bens de capital (máquinas e equipamentos usados no setor produtivo) e bens intermediários (insumos industrializados usados no setor produtivo) apresentaram queda, enquanto as indústrias extrativas cresceram 2,3% e atividade de eletricidade e água, gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos subiu 1,7%
Sob a ótica da demanda, o crescimento foi sustentado pelo consumo das famílias, com alta de 0,2%, e pelo consumo do governo, com crescimento de 0,3%. A formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos, caiu 3,4% no período.
No setor externo, as exportações de bens e serviços caíram 0,4%. As importações, por sua vez, recuaram 7,1%, contribuindo positivamente para o PIB.
Investimentos
De acordo com a Necton Investimentos, com a alta do PIB a Taxa de Investimento recuou, uma vez que também a Formação Bruta de Capital Fixo desacelerou no trimestre 3,4%. “Este é o calcanhar de Aquiles da economia brasileira, mas em alguma medida era esperado: dificilmente os investimentos iriam deslanchar num início de governo”, reflete André Perfeito.
E ele acrescenta: “Se de um lado a boa notícia é que está ruim, vale dizer: mas que bom. Foi um bom início, mas há muito o que ponderar. Dificilmente a agricultura irá ajudar tanto nos próximos trimestres e o setor externo pode não ser tão generoso também”, sustenta. De acordo com o economista, cabe agora observar a evolução da renda com a inflação mais sob controle e ver se o empresariado volta a investir com a perspectiva de juros em leve queda.
*Com informações da Agência Brasil
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