Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

A revolução do 5G está chegando

O 5G vai possibilitar o uso de mais de tráfego de dados em diversos setores da economia, como a indústria, educação, saúde, transporte, entre outros.
Diretor da V2com Guilherme Spina diz que o 5G vai viabilizar a indústria 4.0 que ocorre a partir da digitalização das unidades fabris. Foto: Divulgação WEG.

O 5G vai trazer uma revolução a ser incorporada de uma maneira transversal por vários setores da economia, indo desde o entretenimento a medicina, chegando até ao chão das fábricas. Mas o que vai mudar com o 5G ? Poderá ser transmitida uma maior quantidade de dados, a latência (resposta) no uso da  internet será muito menor – quase em tempo real – e a confiabilidade desta rede é mais robusta. Isso já está fazendo a diferença em algumas experiências, embora esta tecnologia esteja “engatinhando” como dizem os especialistas. Vai ocorrer uma demanda pela fabricação de equipamentos para atender o 5G – incluindo sensores, câmaras e outros eletro-eletrônicos-, novos negócios vão surgir e também será necessário mais mão-de-obra especializada. 

Por exemplo, a unidade da WEG em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, faz experimentos com o 5G desde julho do ano passado em três “grupos”. Um deles é na área de logística, usando um robô que faz a distribuição de produtos pela fábrica. Ele recebe as ordens remotamente, é automatizado e desvia das pessoas, quando encontra alguém no meio do caminho. “O robô é uma solução de um veículo autônomo. Essa experiência da indústria é um balão de ensaio do que pode acontecer nas ruas com os veículos autônomos”, resume o diretor da V2com, Guilherme Spina. A V2com é uma empresa do grupo WEG. 

O robô funciona ligado a um software que faz a rota dele e recalcula essa rota, quando aparece uma pessoa ou caso ele receba uma nova ordem. O software funciona como se fosse um Waze, que recalcula a rota a ser seguida pelo motorista, de acordo com o trânsito. Antes do 5G chegar a fábrica, era usada uma rede wi-fi para acionar o robô. “Com o wi-fi, o robô perdia a conexão e tinha que voltar para a base. Usando o 5G, o robô não perde a conexão, melhorou muito a eficiência do uso”, explica Guilherme. No 5G, o robô recebe a ordem e a sua rota é recalculada ao mesmo tempo em que se locomove. No wi-fi, somente para processar a nova ordem, ele levava cerca de um minuto. 

“Estamos até fazendo os cálculos para propor a ampliação de mais robôs mecânicos na fábrica na área de logística. No futuro, a quantidade de robô vai aumentar. A grande vantagem do 5G é ser uma rede única para múltiplas aplicações. No 5G, a latência é bem menor, a quantidade de dados é maior e a confiabilidade é grande ”, comenta Guilherme. Ele faz uma analogia da fábrica com uma cidade que tem cinco ruas e cada via só serve para um tipo de tráfego: a primeira é de pedestres, a segunda de veículos leves, a terceira é de ônibus e por aí vai. Ou seja, segundo ele, cada uma das redes usadas pela indústria só servia para um tipo de uso, se referindo ao tráfego de informação. 

O segundo grupo que está testando o 5G na WEG é um robô com várias câmaras filmando em 360 graus, tanto na vertical como na horizontal. Remotamente, ao colocar um óculos de realidade aumentada, a pessoa tem a experiência de estar caminhando dentro da fábrica (fazendo o mesmo trajeto que o robô). “Isso possibilita que um especialista, em qualquer lugar do mundo, possa dar suporte ao que está ocorrendo dentro da fábrica”, conta Guilherme, acrescentando que esse case faz uma paralelo com a cirurgia robótica no qual “o médico especialista pode estar em qualquer lugar do mundo” acompanhando a operação, enquanto o robô – e uma equipe médica – vão estar fisicamente com o paciente. O terceiro grupo é menos complexo e usou sensores – ligados ao 5G – para processos como, por exemplo, ver se todos os funcionários estavam usando máscaras nos locais em que o uso era obrigatório.

- Publicidade -

As experiências da WEG com o 5G foram possíveis porque a empresa fez um convênio com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) – que permitiu uma licença experimental para a empresa usar o 5G – e a iniciativa envolveu também a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e os fornecedores dos equipamentos. É a Anatel que libera o uso do 5G no País. Até agora, somente cinco capitais podem usar o serviço: Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e João Pessoa (PB).

Robô está usando o 5G para fazer o serviço de logística na fábrica da WEG em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Foto: WEG Divulgação

Ainda de acordo com Spina, o 5G é um dos viabilizadores da indústria 4.0. E resume: “a indústria 1.0 foi a que começou a se mecanizar; a 2.0 quando ocorreu a eletrificação; a 3.0 significou a automação e a 4.0, a digitalização”. Essa digitalização vai ser empurrada pelo 5G porque poderão ser usados muito mais dispositivos e aí vão começar a ser usadas numa escala muito maior tecnologias que não são novidades, mas vão desenhar um novo futuro: a Internet das Coisas, IoT na sigla em inglês, que significa a comunicação entre os objetos; a inteligência artificial – que usa uma grande quantidade de dados até para programar respostas que as máquinas podem dar dentro de um determinado “treinamento”.

Em Pernambuco, a Stellantis, a TIM e a Accenture lançaram o primeiro piloto 5G standalone para a fábrica do polo automotivo em Goiana, Mata Norte do Estado. O projeto é aplicado ao ambiente industrial por meio de uma rede privada, que utiliza inteligência artificial e computação na nuvem. Depois de três meses de trabalho integrado, a primeira aplicação do sistema já está disponível e em testes na empresa que fabrica os carros com a marca Jeep.

Segundo o diretor de engenharia da TIM Brasil, Homero Salum, o projeto da Stellantis tem dois cenários, um de curto prazo que visa o aumento da eficiência na planta usando sensores e numa segunda etapa o uso de chips nos veículos, deixando os mais automatizados. “Por exemplo, no futuro, a telemetria pode possibilitar checar a temperatura do motor do veículo à distância. Os mecânicos vão acessar informações e ter uma atuação mais preditiva”, comenta.

O que vem por aí…

“Com essas novas tecnologias vão surgir novos sensores, smartphones, braços de robôs e uma série de produtos que vão ser usados com várias dessas tecnologias. Sozinha, a tecnologia não resolve, mas é importante entender como o 5G se aplica, o impacto que isso pode ter na produtividade e se vale a pena financeiramente”, diz o pesquisador do Senai de Inovação, em Santa Catarina, Elço João dos Santos. Lá, uma equipe do centro de inovação acompanha as tecnologias usadas no 5G que podem ser incorporadas pela indústria. “É um grande desafio técnico”, afirma.

As soluções que envolvem o 5G têm um potencial para gerar R$ 101 bilhões nos próximos 10 anos para empresas e startups implantadas no Brasil e essa estimativa inclui também os aumentos de produtividade e a redução de custos que vai ocorrer no setor produtivo. O estudo que contém essa informação chama-se Relatório 5G Brasil, Benchmarking Internacional foi feito pela consultoria Deloitte com a participação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O levantamento também traz 96 recomendações de políticas públicas a serem adotadas para que este cenário se concretize como a implantação de zonas econômicas com foco no 5G, renúncia fiscal para os equipamentos a serem produzidos, entre outros. E também chama a atenção que este cenário vai precisar de mão de obra especializada na área de tecnologia.

“O 5G traz oportunidades que não existiam para a IoT de negócios que não poderiam ser viabilizados em situações anteriores. Com o 5G, baixar um vídeo de forma mais rápida, pode deixar de ser uma atividade amadora e se tornar profissional. Isso vai viabilizar novos negócios que não eram viáveis na tecnologia anterior (a 4G)”, explica o professor do Centro de Informática (CIn) da UFPE, Carlos Ferraz. Para ele, é uma questão de tempo e os equipamentos que vão atender a demanda do 5G tendem a ficar mais barato, como ocorreu com outras tecnologias.

Além dos setores já citados acima, Carlos argumenta que o 5G deve ter impacto na TV Digital, transporte, agronegócio – que durante muito tempo usou redes baseadas em satélites -, que eram caras. “O 5G talvez resolva este problema”, conta. “O 5G vai vir junto com o avanço da realidade aumentada, a inteligência artificial, o big data e o data science”, resume Carlos. As três últimas tecnologias usam muitos dados que vão trafegar muito mais rapidamente com o 5G.

Leia também

Stellantis, TIM e Accenture desenvolvem piloto de 5G inédito em planta de Pernambuco

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -