Copom eleva taxa de juros para 12,75% ao ano

No mesmo dia em que o Federal Reserve (FED) elevou a taxa básica de juros dos EUA em 0,50 ponto percentual, no maior aumento em 22 anos, no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual.

No mesmo dia em que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (FED), elevou sua taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, no maior aumento em 22 anos, no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, fazendo-a subir de 11,75% para 12,75% e avisando que vai seguir com aperto monetário na próxima reunião. O Copom sinalizou que a incerteza da atual conjuntura exige cautela.

Mesma tese do FED, que elevou a meta de sua taxa básica para um intervalo entre 0,75% e 1%, com a chance de alongar por mais tempo os aumentos nos custos de empréstimos. Por lá, a inflação continua alta devido à guerra na Ucrânia e ao lockdown na China, assim como por aqui.

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Em seu comunicado, o BC avaliou que o ambiente externo seguiu se deteriorando e que as pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. O Copom indicou que, para a próxima reunião, deverá manter o aperto monetário, mas com reajuste de menor magnitude, ou seja, inferior a 1%. 

Esta é a 10ª alta consecutiva da Selic. O atual ciclo de alta dos juros básicos teve início em março de 2021. No último boletim Focus, em que o BC mede a expectativa do mercado financeiro, a projeção é de que a taxa básica encerre 2022 em 13,25% ao ano. Com a decisão, a taxa Selic está no maior nível desde fevereiro de 2017, quando era 13% ao ano.

“O Copom sinalizou que para a próxima reunião irá fazer outra alta mas em menor magnitude, o que sugere que o cenário de mais uma alta de 50 pontos base se mantém e neste sentido mantemos a projeção de SELIC em 13,25% ao final do ciclo”, comentou o economista André Perfeito, da Necton.

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“Num dia de decisões simultâneas no Brasil e nos EUA devemos ler em conjunto as decisões e o resultado líquido foi em linha com o esperado”, acrescentou.

“A questão se centra na dinâmica inflacionária; se de fato a inflação no Brasil começar a recuar em 12 meses já em maio teremos uma boa chance de a curva por aqui recuar”, refletiu.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Apesar disso, as estimativas do mercado para a inflação vêm crescendo há pelo menos 16 semanas. Em março, o IPCA foi 1,62%, maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o acumulado chegou a 11,30%, quase o dobro do teto da meta do Banco Central, que é de encerrar o ano com inflação de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

No mês passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que o futuro das taxas de juros no Brasil dependerá da extensão dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e de outros eventuais choques sobre a inflação.

A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) serve como parâmetro de quanto o governo paga para tomar dinheiro emprestado por meio da emissão de títulos públicos.

Câmbio

A política monetária tem também efeito sobre o câmbio. Em tese, altas na taxa Selic tendem a atrair o investimento externo em títulos públicos brasileiros, cuja rentabilidade aumenta, o que acaba pressionando o dólar para baixo diante do real.

Eventos em outros países, contudo, têm o poder de mitigar esse efeito. Também nesta quarta-feira, o Federal Reserve Bank (FED), o banco central dos Estados Unidos, aumentou em meio ponto percentual os juros para os títulos norte-americanos. Assim, a taxa de referência no país saiu de 0,5% para 1%.

Os EUA vivem um aumento histórico da inflação, o maior em mais de 40 anos, e já passou o patamar de 8% nos últimos 12 meses. A alta na taxa básica de juros dos EUA tem o poder de atrair o fluxo de capital que iria para outros países, com reflexos na valorização do dólar em relação ao real. 

*Da redação com Agência Brasil

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