Montadoras entram na era digital e se tornam mobility tech company

Nesta última reportagem da série "As oportunidades da mobilidade verde", você vai entender como a tecnologia está criando um novo conceito de montadoras.

Os carros que estão chegando às ruas são cada vez mais inteligentes. Os chamados smart cars estão sendo projetados para receber aplicativos que vão lhe conferindo mais funções e novas capacidades. É desta forma, que as montadoras, todas comprometidas com a redução das emissões de carbono e atentas ao comportamento digital de seus clientes, têm definido como serão não só os carros, mas as ruas do futuro.

Numa visita à fábrica da Stellantis, em Betim (MG), o Movimento Econômico pôde conferir a transformação digital pela qual passa essa indústria automobilística em seus processos e produtos. Os robôs se dividem com funcionários nas linhas de produção. E tanto lá como na unidade de Goiana (PE), a mudança de mindset é total. A montadora vive um processo de transição entre as fases industrial e digital e caminha para se tornar uma empresa de tecnologia da mobilidade, uma mobility tech company.

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A Stellantis, nasceu há pouco mais de um ano, em janeiro de 2021, fruto da união da montadora ítalo-americana Fiat Chrysler Automobiles com a montadora francesa PSA Group e seu surgimento coincide com uma era onde o estilo de vida dos clientes é cada vez mais digital.

Sob o comando do CEO Carlos Tavares, a empresa vem buscando soluções inovadoras e sustentáveis para moldar o futuro da mobilidade. Em março passado, apresentou o Dare Forward 2030, um ousado plano estratégico para a próxima década, que se propõe a levar os empregados da Stellantis a serem ‘inigualáveis’ na criação de valor para todos os stakeholders.

A Stellantis quer ser a campeã da indústria na luta contra as mudanças climáticas, atingindo emissões zero de carbono até 2038, com uma redução de 50% já em 2030, atingindo no período vendas globais anuais de cinco milhões de veículos elétricos a bateria ou BEVs.

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Na montadora já se vê a mudança de comportamento entre os funcionários, desde o chão da fábrica até a alta chefia. Operários das linhas de produção são desafiados a buscar soluções tecnológicas, e inovadoras, para seus problemas. Não é à toa que são dessas unidades que saem os modelos que vão provocar as transformações nas ruas e nas rodovias. Inovações que podem acelerar o surgimento de cidades inteligentes.  

Robôs em ação na fábrica da Jeep do Grupo Stellantis Foto: Leo Lara

A Stellentis já tem a maior oferta de veículos eletrificados do mercado: Fiat 500e, o Peugeot e208GT, os furgões Citroën Ë-Jumpy, Peugeot e-Expert e e-Scudo, além do Jeep Compass 4xe híbrido plug-in.

Por isso, o desafio da mobilidade se sobrepõe ao da inovação. Esta última avança rápido, mas do lado de fora da fábrica, a modernização anda lentamente. Então a montadora tem provocado o mercado e feito parcerias diversas para desenhar um novo cenário urbano para os carros do futuro.

No Brasil, diferentemente da Europa, o momento é de transição entre os carros a combustão e os elétricos. Isso ocorre não só pelo alto custo do produto, mas pela falta de infraestrutura para a mobilidade. 

Custos

Para contornar o problema do custo, a montadora aposta na hibridização, uma combinação da eletrificação com o etanol como combustível. “Isso permitirá uma descarbonização de baixo custo e acessível para os padrões dos consumidores de nossa região”, diz Wagner Andrade, Gerente Sênior de e-Mobility & Cross Car América do Sul.

Segundo ele, a Stellantis planeja que até 2030 o derivado da cana saia da condição de combustível renovável para ser usado como insumo para a bateria elétrica mover o carro. Durante um bom tempo o modelo híbrido deve conviver com carros 100% elétricos, que serão inicialmente voltados a consumidores de alto padrão. É que se requer tempo para que o custo do modelo elétrico caia. E tempo para criar uma rede de abastecimento, que dê segurança a quem quer comprar um modelo elétrico.

Wagner Tavares de Andrade, – Gerente Senior de Portfolio Planning para America do Sul- Foto Leo Lara/Studio Cerri

Wagner Andrade acredita que as soluções e investimentos na expansão da rede de abastecimento para o carro elétrico virão da iniciativa privada. De fato, as grandes empresas de energia no Brasil estão financiando diversas pesquisas voltadas a esse desafio.

Mobilidade

Para ajudar a resolver o problema da mobilidade, a Stellantis criou a unidade de negócios e-Mobility, que tem mapeado um ecossistema de parcerias. O e-Mobility surgiu para ser o elo de ligação entre o produto e os serviços desse ecossistema, a fim de prover melhor experiência para o usuário do carro elétrico.

“Ele será um hub, uma plataforma de soluções e de oportunidade de novos negócios, literalmente transformando o veículo em um smart car, em um ambiente que cada vez mais demandará soluções smart, como smart mobility num contexto de smart cities”, diz Andrade.

Neste sentido, a Stellantis já fechou parcerias com a WEG e EnelX para o fornecimento de soluções B2C e B2B de carregadores, e com a Estapar, que é o maior player de estacionamentos privados da América Latina, para compor o projeto Ecovagas, que conta com mais de 200 pontos de recarga disponíveis. Um projeto de expansão prevê até mil pontos em 2023, distribuídos em todo o Brasil.

Segundo Andrade, isto permitirá aos clientes de produtos eletrificados dispor de vagas preferenciais e adequadas para carregamentos de seus veículos, sem custo adicional ao do estacionamento.

Outra parceria foi firmada com a Tupinambá, uma plataforma que permite a geolocalização dos pontos de abastecimento e, no futuro, vai permitir também a reserva e o pagamento de recargas utilizando meios de pagamentos digitais, entre outros serviços.

Cart

Todo esse ecossistema, bem como os demais parceiros que estarão chegando, estarão integrados com o Cart, que é a plataforma digital de marketplace, onde o consumidor pode fazer a gestão e obter uma melhor experiência dessas inovações. “Tudo de forma simples, embarcada no veículo, através de centrais multimídia, ou de outros meios, como celular, ou desktops dos clientes”, explica.

Stellantis tem trabalhado para fazer dos seus carros dispositivos móveis do futuro, cada veículo servindo como um “espaço de vida personalizado”. 

“O que isso significa? Que cada carro será do jeito de seu dono, que poderá interagir com ele por voz, toque, gesto e até mesmo um olhar”, diz Wagnder Andrade.

Saiba mais sobre esta série: Fique por dentro da mobilidade do futuro

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