Paulo Guimarães: O Nordeste na Equação Energética

Em recente relatório divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Região Nordeste aparece com destaque na geração de energia eólica e solar no Brasil. Bahia, Piauí e Ceará aparecem entre os cinco maiores nas duas fontes mencionadas e o Rio Grande do Norte se destaca entre os top five, quando se observa a […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista
Paulo Guimarães*

Em recente relatório divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Região Nordeste aparece com destaque na geração de energia eólica e solar no Brasil. Bahia, Piauí e Ceará aparecem entre os cinco maiores nas duas fontes mencionadas e o Rio Grande do Norte se destaca entre os top five, quando se observa a geração proveniente dos ventos. O Estado de Pernambuco deverá em breve entrar nesse seleto grupo a partir da conclusão e operação de grandes usinas solares como, por exemplo, os projetos localizados no município de São José do Belmonte, que segundo o Ministério de Minas e Energia, deverá ser o maior complexo da América Latina em geração de energia solar.

Esse cenário não é novidade, com sol e ventos constantes praticamente o ano todo, as previsões já indicavam que a região se consolidaria na produção de energia em fontes renováveis. O que chama atenção são as variáveis recentemente inseridas na equação energética.

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Inicialmente destaca-se a grave crise hídrica no Brasil que afeta de forma significativa a produção hidroelétrica, maior fonte da matriz energética do país. Essa redução de oferta se acentua no momento em que a economia apresenta sinais de retomada, após fase mais aguda da pandemia. Nesse sentido, o aquecimento na atividade econômica passará invariavelmente pela rápida ampliação na oferta de energia de forma que o crescimento não seja comprometido.

Pelo lado positivo, as políticas e ações relacionada à agenda ESG[1] tem levado empresas, fundos de investimentos e instituições financeiras a estabelecerem critérios socioambientais e de governança para os projetos e atividades por eles conduzidos ou patrocinados. Esse movimento vem impactando fortemente a demanda dos grupos empresariais, principalmente de grande porte, por fontes de energias renováveis inseridas em suas políticas de responsabilidades socioambientais.

É nesse contexto que se observa um conjunto de oportunidades possíveis de se concretizar a depender das estratégias associadas à capacidade de geração solar e eólica do Nordeste. Como é de conhecimento, a maior parte das usinas ou fazendas de energia se encontra no semiárido nordestino, ou seja, a região “problema” pode ser parte importante de uma solução. Contudo, ficam as perguntas: como enraizar essa riqueza energética localmente? Existem formas de adensar esses vultosos investimentos na região?

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Especialistas destacam que já há uma distribuição de riqueza local através dos royalties pagos pelas energéticas aos proprietários de terrenos, onde se localiza o investimento. Entretanto, esses recursos podem ser ampliados por políticas que estimulem a aproximação do setor produtivo local, das universidades e institutos de pesquisa à cadeia produtiva que envolve geração solar e eólica.

Há um enorme potencial de geração de renda e emprego de qualidade a partir do fornecimento de bens e serviços para as fazendas energéticas instaladas ou em implantação. O Nordeste tem a oportunidade de entrar nesta equação, não apenas como exportador de energia limpa, mas também participando no desenvolvimento do setor de forma inclusiva, inovadora e empreendedora.

*Paulo Guimarães é economista, doutorando pela Universidade de Lisboa e Sócio Diretor da Ceplan Consultoria

[1] Sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, utilizada para medir práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa ou projeto e que tem relação importante como critérios para decisão de investimentos.

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