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Projeto de R$ 3 bi cria no Ceará maior jazida ativa de fosfato e urânio do país

Projeto Santa Quitéria, no interior do Ceará, pode reduzir dependência nacional por fertilizantes importados
Bruno Brandão
Bruno Brandão
De Fortaleza
Imagem da planta industrial prevista para Santa Quitéria (CE) em uma área de 5.800 hectares (Foto: Divulgação)
Imagem da planta industrial prevista para Santa Quitéria (CE) em uma área de 5.800 hectares (Foto: Divulgação)

Um empreendimento atualmente em fase de licenciamento ambiental propõe transformar uma fazenda no interior do Ceará na maior jazida ativa de fosfato e urânio do país. Trata-se do Projeto Santa Quitéria, desenvolvido pela Galvani Fertilizantes, com previsão de investimento de aproximadamente R$ 3 bilhões e foco na produção de fertilizantes fosfatados e na concentração de urânio. Localizado no município de Santa Quitéria, situada em uma área de 380 hectares dentro da Fazenda Itataia, que possui um total de 5.800 hectares, o projeto também busca fomentar a geração de empregos, diversificar a base econômica regional e reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes importados, sem necessidade de desapropriações.

A Galvani estima produzir anualmente 1.050.000 toneladas de fertilizantes fosfatados, suficientes para atender cerca de 25% da demanda das regiões Norte e Nordeste, além de 220 mil toneladas de fosfato bicálcico por ano, o que representa metade do consumo nordestino do insumo usado na nutrição animal. No caso do urânio, a proposta é concentrar e embalar o mineral para ser enviado ao complexo nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, como matéria-prima para geração de energia.

Segundo Christiano Brandão, representante da Galvani, em conversa com o Movimento Econômico, o projeto se insere numa lacuna crítica da cadeia de produção agrícola regional. “Queremos conhecer melhor o mercado do Norte e Nordeste, apresentar a Galvani como fornecedor de fertilizantes customizados e trabalhar diretamente com o produtor rural. Hoje, a maior parte desses insumos ainda é importada. Nosso projeto busca oferecer uma alternativa nacional, com melhor custo-benefício e maior precisão agronômica”, explica.

Sete mil empregos no Ceará

Durante a fase de implantação, prevista para ocorrer entre 2026 e 2029, cerca de 7 mil empregos diretos e indiretos devem ser gerados, movimentando aproximadamente R$ 135 milhões em massa salarial na região. A operação, após a entrada em atividade plena, deve manter cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos, contribuindo com mais de R$ 110 milhões anuais em salários e R$ 40 milhões em tributos, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

“Com uma alavancagem do Produto Interno Bruto (PIB) dessa região em até 10 vezes, ou seja, o PIB de Santa Quitéria passa a ser entre entre os maiores PIBs do Estado do Ceará”, destaca o representante. 

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Grãos de fosfato, minério será base para a produção de fertilizantes agrícolas e suplemento mineral para nutrição animal (Foto: Divulgação)
Grãos de fosfato, minério será base para a produção de fertilizantes agrícolas e suplemento mineral para nutrição animal (Foto: Divulgação)

Até agora, o projeto já desembolsou cerca de R$ 230 milhões em estudos técnicos, análises ambientais, modelagens operacionais e sondagens. A Galvani, que tem experiência no desenvolvimento de fertilizantes sob medida, destaca que seu modelo de negócio se baseia na personalização dos insumos conforme o perfil do solo e da lavoura, ao contrário dos fertilizantes importados, que chegam ao país com fórmulas fixas. “Quando você importa, o fertilizante tem uma composição padrão. Nós ajustamos os nutrientes conforme a necessidade do produtor, otimizando o uso e evitando desperdícios”, afirma Brandão.

A Galvani promete operar com tecnologia de ponta, dispensando o uso de barragens de rejeitos, uma prática que tem gerado grande preocupação ambiental no Brasil. Com um processo de mineração a seco, o consumo de água será reduzido.  

“É o primeiro projeto de exploração de colofanito, que é esse minério de fosfato com urânio associado do mundo. É onde conseguimos com uma nova tecnologia eliminar uma barragem de rejeitos. Um projeto que trabalha a seco, e isso é muito importante. O projeto está localizado no semiárido, então um bom uso desse recurso ainda mais nesta região se faz de fundamental importância, então eliminamos uma barragem de rejeitos e reduzimos o consumo de água. Uma tecnologia de disposição de rejeitos absolutamente segura, que possui todas as suas fontes de pressões, sejam ambientais, sejam  sobre as comunidades, muito conhecidas e muito bem controladas”, afirma. 

Licenciamento

O Projeto Santa Quitéria está em fase de avaliação pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima) foram apresentados e discutidos com a sociedade civil em audiências públicas. Durante os debates, representantes do Ministério Público do Trabalho enfatizaram a necessidade de protocolos rigorosos para garantir a segurança dos trabalhadores e evitar impactos sociais indesejados.  A Galvani espera obter a Licença Prévia ainda em 2025. A partir daí, o cronograma prevê início das obras em 2026 e operação comercial em 2029. 

Equipe da Galvani apresenta o Projeto Santa Quitéria durante a PEC Nordeste, em Fortaleza (Foto: Divulgação)
Equipe da Galvani apresenta o Projeto Santa Quitéria durante a PEC Nordeste, em Fortaleza (Foto: Divulgação)

PEC Nordeste

O Projeto Santa Quitéria foi apresentado durante a PEC Nordeste – Feira Nordestina da Pecuária e Agricultura Familiar, que ocorreu em Fortaleza no semana passada. O projeto tem uma capacidade de produção de 25% de todo fertilizante à base de fosfato para o Norte e Nordeste do Brasil. “Então, realmente, a gente elimina uma grande dependência da importação de fertilizantes fosfatados e a gente também, com esse projeto, consegue produzir 50% do fosfato de cálcio, que é usado na nutrição animal para todo Norte e Nordeste do Brasil”, explica Christiano. 

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