
BATATAIS (SP) – Impulsionado pelo crescimento da fruticultura, o Nordeste vem se consolidando como um mercado estratégico para defensivos biológicos. A produção de frutas no Vale do São Francisco, como melão, uva e manga, voltadas para exportação, já conta com o manejo agrícola feito com insumos biológicos da BRQ Brasilquímica. A empresa fundada em 1995 em Batatais (SP) como uma revendedora de fertilizantes tem planos de expansão na região, mirando polos estratégicos como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), além do setor de cana-de-açúcar.
Murilo Spina, diretor comercial da BRQ Brasilquímica, destaca que a adoção de bioinsumos tem crescido de forma exponencial e que a empresa investe desde 2008 no desenvolvimento de produtos biológicos. “Já atuamos com nossa linha nutricional no Nordeste e estamos expandindo nossa presença na região. É um mercado excepcional, com grande potencial de crescimento”, afirma. Para garantir a logística eficiente dos produtos, a empresa trabalha com programação prévia de clientes e parceiros logísticos que permitem a entrega em até três dias.
Além do crescimento na fruticultura, a aplicação de bioinsumos também tem sido ampliada para a produção de grãos e hortaliças, fortalecendo a economia agrícola nordestina. A demanda por produtos biológicos vem crescendo tanto pela busca por sustentabilidade quanto pela necessidade de redução de custos em insumos químicos, cuja oscilação de preços impacta fortemente os produtores.
O Nordeste é o principal produtor e exportador de frutas tropicais frescas do Brasil. A região possui mais de 300.000 hectares irrigados localizados nos seus nove estados, cultivando, principalmente, mangueiras, videiras, bananeiras, cajueiros, citros, coqueiros, goiabeiras, aceroleiras, meloeiros e melancieiras.
Investimentos em tecnologia e pesquisa
A transição do agronegócio brasileiro para o uso de insumos biológicos se tornou uma tendência nos últimos anos, impulsionada pela busca por soluções sustentáveis e pelo avanço da regulamentação do setor. Empresas como a BRQ Brasilquímica têm investido fortemente na pesquisa e no desenvolvimento de produtos biológicos, visando atender à crescente demanda do mercado.
Ao longo dos seus 30 anos, a BRQ Brasilquímica passou por diversas transformações, até direcionar a sua rota para se consolidar como referência no setor de bioinsumos. Em 2013, a empresa inaugurou sua biofábrica e, desde então, tem expandido suas operações para atender à demanda por fertilizantes biológicos e soluções para nutrição de plantas e animais. Em 2018, com a nova governança e a chegada de Marcelo Fernandes à presidência, a empresa adotou uma gestão mais corporativa e voltada à inovação.
Com foco na sustentabilidade e na tecnologia, a BRQ Brasilquímica ampliou sua produção de bioinsumos, incluindo inoculantes e defensivos biológicos. Um dos destaques do portfólio da companhia é um mix de quatro cepas de fungos para controle de nematoides, que tem mostrado resultados positivos em testes de campo. Esse tipo de solução biológica é essencial para reduzir a dependência de agroquímicos, melhorar a produtividade das lavouras e minimizar impactos ambientais.
Renan Cardoso, CEO da BRQ Brasilquímica, explica que a empresa aposta na diversificação de suas tecnologias para atender diferentes demandas do campo. “A nossa estratégia é desenvolver soluções inovadoras que possam ser aplicadas tanto em grandes áreas de produção de grãos quanto em cultivos especializados, como frutas e hortaliças. O crescimento dos bioinsumos reflete um novo momento do agro, no qual os produtores estão cada vez mais conscientes sobre a importância da sustentabilidade e da eficiência produtiva”, afirma.
Além disso, a empresa vem aprimorando suas técnicas de fermentação líquida, buscando maior eficiência na produção de bioinsumos. O investimento contínuo em pesquisa tem permitido o desenvolvimento de produtos com maior tempo de prateleira (shelf life) e resistência a variações ambientais, facilitando sua adoção pelo produtor rural.
Desafios e regulamentação dos bionsumos
Apesar do avanço do setor, um dos principais desafios é a burocracia para registro e liberação de novos produtos. O presidente da BRQ Brasilquímica, Marcelo Fernandes, destaca que a falta de regulamentação clara pode dificultar a entrada de novas tecnologias no mercado. “A indústria de bioinsumos tem avançado muito nos últimos anos, mas ainda enfrentamos desafios regulatórios. Precisamos de um ambiente mais ágil para que as inovações cheguem ao campo com rapidez, beneficiando a produtividade e a sustentabilidade do agronegócio”, afirma.
Outro desafio é a adaptação dos produtores rurais às novas tecnologias. Para enfrentar essa barreira, a empresa investe na capacitação de sua equipe comercial e na realização de ensaios técnicos em parceria com instituições de pesquisa. Isso permite demonstrar, na prática, os benefícios dos produtos biológicos e incentivar sua adoção.
Perspectivas para o futuro
O mercado de bioinsumos deve continuar em crescimento acelerado nos próximos anos. Estima-se que até 2030 o setor registre uma expansão de mais de 30%, impulsionado pela necessidade de soluções sustentáveis na agricultura.
A BRQ Brasilquímica prevê um crescimento significativo no faturamento, com projeção de superar R$ 300 milhões em 2025. Renan Cardoso afirma que esse resultado reflete o investimento contínuo em inovação e tecnologia. “Apostamos na ampliação da capacidade produtiva e na diversificação do portfólio, sempre atentos às demandas do produtor rural”, destaca o CEO.
Novas soluções para proteção das lavouras
Entre as inovações desenvolvidas pela BRQ Brasilquímica destaca-se o “protetor solar agrícola”, uma tecnologia voltada especialmente para culturas como o café. O produto reduz a temperatura das folhas e frutos, minimizando o estresse hídrico e térmico das plantas. Em testes de campo, observou-se uma redução de até 7 graus na temperatura das folhas e frutos, o que melhora a retenção de umidade e a fotossíntese, garantindo maior produtividade.
O uso do “protetor solar” tem se expandido para outras culturas sensíveis a altas temperaturas, como soja e frutas de mesa. Essa tecnologia permite que os produtores enfrentem períodos de calor extremo, protegendo as plantas e reduzindo perdas de safra.
Além disso, a empresa tem investido no desenvolvimento de novas formulações para aumentar a resistência dos bioinsumos ao transporte e armazenamento, principalmente em regiões de clima quente, como o Nordeste. Também trabalha na melhoria de seus produtos, garantindo maior durabilidade sem necessidade de refrigeração excessiva.
As informações sobre a expansão da BRQ Brasil Química no Nordeste foram repassadas ao Movimento Econômico durante encontro com jornalistas de 14 estados na sede da empresa, localizada na cidade de Batatais, no interior de São Paulo. O evento fez parte do Road Show promovido, que o Movimento Econômico acompanhou como único veículo de comunicação do Nordeste.
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