A raça Soinga, desenvolvida no Rio Grande do Norte, foi oficialmente reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), tornando-se a primeira raça de ovinos do estado a obter registro federal. O processo de certificação contou com o apoio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape/RN) e recebeu financiamento de R$ 100 mil, oriundo de uma emenda parlamentar do então deputado Betinho Rosado.
O estudo técnico que embasou o reconhecimento foi conduzido pelas zootecnistas Ana Luiza Guerreiro e Karoline Batista de Paiva Lopes. Com a homologação da última quarta-feira (29), a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) passa a ser responsável pelo registro genealógico da raça, garantindo a preservação de suas características genéticas.
Criada pelo médico veterinário José Paz de Melo, a Soinga surgiu a partir do cruzamento das raças Morada Nova, Bergamácia Brasileira e Somalis Brasileira. O rebanho já conta com mais de 4 mil animais registrados no estado. Segundo o titular da Sape/RN, Guilherme Saldanha, a Soinga apresenta vantagens para a criação no semiárido.
“A raça Soinga tem traços que favorecem a sua criação no clima semiárido. É um animal resistente, com características maternas importantes e excelente para produção de carne. Esse reconhecimento é muito importante para dar ainda mais visibilidade a este rebanho”, afirmou.
A carne da raça se destaca pelo marmoreio e pode ser preparada de diversas formas, incluindo assados, grelhados, ensopados e curados. Com a oficialização, o criador da raça e presidente da Associação Brasileira de Criadores Soinga, Edvandro Moura, acredita que o setor de ovinocultura será impulsionado.
“Desde a sua criação, a raça Soinga tem se destacado no mercado de ovinocultura e ultrapassado as barreiras do RN. Com a sua oficialização, acredito que os ganhos de quem trabalha com o rebanho serão consideráveis”, declarou.
Soinga é 29ª raça ovina reconhecida no Brasil
Segundo a Arco, o país agora possui 29 raças ovinas oficializadas, sendo oito nacionais (Bergamácia Brasileira, Morada Nova, Santa Inês, Somális Brasileira, Rabo Largo, Cariri, Crioula e Soinga) e 21 exóticas (Merino Australiano, Corriedale, Texel, Suffolk, Dorper, Ile de France, entre outras).
A entidade mantém registros atualizados com mais de 1,3 milhão de animais cadastrados e segue processos rigorosos para reconhecimento de novas raças, incluindo análises genéticas e padrões morfológicos. Outras raças autóctones, como a Pantaneira, continuam em processo de estudo para possível reconhecimento futuro.
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