Polilac investe na volta do leite pasteurizado ao Nordeste

Etiene Ramos A pandemia atrasou os planos de expansão da Polilac, a única produtora de leite pasteurizado tipo A do Nordeste – uma categoria que perdeu espaço na região para as versões em pó e UHT. Aberta em 2019, em Garanhuns, Agreste de Pernambuco, com um investimento de R$ 1,8 milhão e proposta de distribuir o […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

Etiene Ramos

A pandemia atrasou os planos de expansão da Polilac, a única produtora de leite pasteurizado tipo A do Nordeste – uma categoria que perdeu espaço na região para as versões em pó e UHT. Aberta em 2019, em Garanhuns, Agreste de Pernambuco, com um investimento de R$ 1,8 milhão e proposta de distribuir o sabor do leite de fazenda que não chega mais às capitais e grandes cidades, a empresa se prepara para produzir o leite A2A2, de maior digestibilidade.

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Rebanho da Polilac será selecionado para garantir a certificação do leite A2A2

Para isso, vem investindo no processo de certificação do seu rebanho de vacas guzolando, uma mistura do gado holandês com o guzerá, que é criado no pasto e exige mais atenção do que o tradicional girolando da região. Ao contrário do leite comum que contem as proteínas beta-casuína A1 e A2, o A2A2 só possui a A2, ainda mais digestivo e tolerado do que o leite tipo A. “Para ter a certificação que vai permitir produzir o A2A2 todo o rebanho precisa ser de vacas que produzem só a proteína A2 e estamos testando todas para retirar as que são do tipo A1”, explica George Martins, veterinário e responsável técnico da Polilac.

Para o proprietário da Polilac, Waldemir Miranda, o A2, poderá até se tornar o carro-chefe da fazenda, mas, por enquanto, será mais um produto da linha de produção que tem itens da queijaria artesanal – queijos manteiga e coalho, e manteiga de garrafa; e da planta industrial – leite integral, zero lactose e desnatado, creme de leite, nata, manteigas com sal e ghee e doce de leite.

A variedade tem a ver com o viés turístico da Fazenda Polilac, que mantém o Empório Polilac, um espaço de degustação e venda dos produtos, onde os visitantes podem ver todo o processo de produção do laticínio, experimentar e levar para casa. O conceito é inspirado nas vinícolas que são abertas à visitação dos apreciadores de vinhos para incrementar o consumo.

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No início da pandemia, em março de 2020, as visitas foram suspensas e a experiência só agora está acessível aos clientes. “Hoje o cenário é diferente, o empório está aberto, e as pessoas querem sair de casa, voltar a ter uma vida normal”, analisa Miranda, que teve de segurar as rédeas do negócio justamente na hora da largada.

Isso porque as restrições sanitárias e o isolamento social para conter a covid-19 prejudicaram o projeto, que reduziu sua produção inicial de 5 mil litros por dia, para os atuais 3 mil litros diários. E, embora esteja crescendo em média 10% ao mês nas vendas, a Polilac está usando apenas  20% da sua capacidade instalada, e vendendo dois terços do leite in natura para a unidade da Nestlé, em Garanhuns – cidade polo da bacia leiteira pernambucana. 

Segundo Waldemir Miranda, o aumento do dólar elevou os preços dos insumos da criação do gado leiteiro que tem 70% da sua alimentação à base de milho e soja, itens que puxam para cima a balança de exportação brasileira em detrimento do mercado interno. “O setor de leite no Brasil tem enfrentado uma forte alta de custos, e muita gente está reduzindo a produção porque o custo de alimentação subiu entre 70% e 80% e não temos como repassar porque o mercado na ponta, o consumidor, não está comprando”, revela. 

Além dessa dificuldade, a Polilac precisa enfrentar o desafio de resgatar o gosto dos nordestinos pelo leite pasteurizado, vendido em saquinhos, que como não é mais fabricado na região, só ficou na memória afetiva dos mais velhos – embora a produção e o consumo continuem firmes no resto do país, especialmente em São Paulo. O percurso pode ser longo mas, segundo Miranda, a empresa já distribui seus produtos em mais de 80 pontos no Recife, que vão de supermercados populares a delicatessens e estabelecimentos mais requintados, com preços do litro do leite A variando de R$ 3,00 a R$ 6,50, conforme o perfil econômico da clientela.

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