
A tecnologia digital está promovendo uma revolução na produção de alimentos e biocombustíveis no Matopiba, região que abrange o bioma do Cerrado em partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A Orígeo, joint venture entre a norte-americana Bunge e a indiana UPL, uma das maiores empresas de defensivos do mundo, já atende 40 produtores na região com propriedades acima de 4 mil hectares, promovendo a agricultura regenerativa e incentivando culturas como a mamona.
A empresa oferece soluções sustentáveis para agricultores de soja, milho e algodão, com foco na otimização de processos e redução de impactos ambientais. Nos últimos 20 anos, a produção de soja no Matopiba cresceu cinco vezes, reforçando a importância da região para o agronegócio nacional. A Orígeo busca expandir sua atuação fornecendo suporte técnico aos agricultores, ajudando a superar desafios e melhorar a produtividade.
O pacote de serviços inclui assistência agronômica, consultoria sobre planejamento de safra, práticas sustentáveis, certificações e alternativas de financiamento, como o barter (troca de insumos por colheitas futuras).
Tecnologia digital e agricultura regenerativa
Segundo Igor Borges, head de sustentabilidade da Orígeo, o diferencial do programa é a abordagem personalizada, que inicia com um diagnóstico detalhado das propriedades. A partir dessa análise, ferramentas digitais e de precisão são aplicadas para otimizar práticas agrícolas, reduzindo impactos ambientais.
Em 2023, a empresa implementou um projeto-piloto em 250 mil hectares, promovendo diversificação de culturas, uso de bioinsumos e fertilizantes sustentáveis. O sucesso dessa fase levou à ampliação do programa, com a meta de atingir 600 mil hectares até 2026. Para acelerar essa expansão, a Bunge anunciou um investimento de mais de US$ 20 milhões, elevando a área de atuação da Orígeo para 345 mil hectares em apenas um ano.
A iniciativa inclui o cultivo de cinco culturas estratégicas: soja, milho, trigo, mamona e canola. O programa busca incentivar a rotação de culturas e o uso de biológicos, reduzindo a dependência de fertilizantes químicos e melhorando a saúde do solo.
Além disso, a digitalização do campo, por meio de ferramentas tecnológicas, permite um monitoramento preciso da produção, garantindo ganhos de eficiência para os agricultores.Entre essas, a mamona se destaca como uma aposta de investimento para o futuro.

Incentivo à cultura da mamona
Tradicional no Nordeste, a cultura já teve ciclos de alta no passado e agora retorna ao centro das atenções, impulsionada pela demanda por biocombustíveis e pelo potencial de diversificação agrícola. A mamona apresenta vantagens como baixa demanda hídrica, recuperação de solos degradados e geração de renda para os agricultores.
O óleo de mamona é utilizado na produção de biocombustíveis e produtos industriais, sendo uma alternativa para diversificação da produção. Além disso, a mamona auxilia no controle de pragas, como nematoides, beneficiando culturas subsequentes, como soja e milho.
Desafios da expansão agrícola no Matopiba
Apesar do avanço, a expansão da produção no Matopiba enfrenta desafios estruturais. A infraestrutura da região é limitada, com deficiências no transporte, armazenamento e escoamento da produção. Estradas precárias, falta de ferrovias e dificuldades de acesso ao crédito são entraves que afetam a produtividade.
Para contornar esses desafios, governos estaduais e a iniciativa privada investem em melhorias logísticas, como ampliação de rodovias e construção de terminais ferroviários e hidroviários. Programas de incentivo ao crédito rural também são fundamentais para modernizar as propriedades e facilitar a adoção de tecnologias avançadas.
Outro desafio é equilibrar a expansão agrícola com a conservação ambiental. O Matopiba está localizado majoritariamente no bioma Cerrado (91%), com menores parcelas na Amazônia (7%) e Caatinga (1,6%). Muitas propriedades da região têm adotado estratégias de uso eficiente da terra e manejo responsável, respeitando o Código Florestal.
Rota Regenerativa
Os planos da Orígeo foram apresentados em evento realizado na manhã desta segunda-feira (10), em São Paulo, como parte do Road Show que o Movimento Econômico acompanha como único veículo de comunicação do Nordeste.
Durante o evento, a Orígeo e a Bunge anunciaram o lançamento da série documental Rota Regenerativa, que estreia gratuitamente no YouTube no dia 8 de abril. Com cinco episódios, a produção abordará a evolução das práticas agrícolas, mostrando soluções que aliam produtividade e sustentabilidade.
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