A APM Terminals lança nesta sexta-feira (22) a pedra fundamental do seu terminal de contêineres no Porto de Suape. Após concluir todas as demolições necessárias, a companhia dá início à construção do seu Tecon – o segundo de Suape – na área que antes pertenceu ao Estaleiro Atlântico Sul e foi adquirida em 2022 por meio de um disputadíssimo leilão judicial. Essa nova operação tornará Suape o primeiro porto do Nordeste e o quarto do Brasil a ter dois terminais de contêiner, o que projeta para o alto sua competitividade.
Além de Suape, apenas os portos de Santos (SP), do Rio de Janeiro e o complexo Itajaí-Navegantes (SC) contam com dois terminais de contêineres ativos. “Temos três tipo de operações: longo curso, cabotagem e feeder (quando a carga internacional chega por uma linha de longo curso a um porto principal e passa a ser distribuída para portos menores via cabotagem) e Suape, por sua localização estratégica, tem potencial para receber as três”, disse em conversa reservada com o Movimento Econômico, Leonardo Levy, diretor de investimentos da APM Terminals para as Américas.
O terminal de Suape é um dos três negócios da APM em implantação no mundo. Com investimentos de R$ 1,6 bilhão, será o primeiro 100% eletrificado da América Latina. “Eletrificar é a coisa certa a se fazer, porque uma empresa que está descarbonizando suas operações precisa contar com transporte descarbonizado para completar todo o ciclo de seu negócio”, disse Levy, quando questionado, numa entrevista coletiva, sobre o alto custo da eletrificação.
A APM Terminals é uma subsidiária da A.P Moller-Maersk, dona de uma das maiores operadoras marítimas do mundo. Apesar disso, a direção da companhia ainda não tem definição de novas rotas de longo curso para Suape.
Tecon: aposta na demanda futura
Para a companhia, o novo Tecon em Pernambuco é mais que um investimento. É uma aposta na demanda futura. “Se não tem infraestrutura, ninguém vai demandar. Então, temos que criar a infraestrutura para ajudar a gerar a demanda, a gerar novos negócios, a criar riqueza. Infraestrutura cria riqueza”, diz Daniel Rose, diretor-presidente da AMP Terminals Suape e de Pecém (CE).
Rose acredita que a operação da APM vai ajudar Suape a resgatar as linhas de longo curso perdidas nos últimos anos. “Vamos poder operar qualquer navio que esteja na costa do Brasil hoje, porque vamos criar condições para linhas de grande curso. Ele se refere, inclusive, aos navios porta-contêineres da classe 366 metros, com carga total de 15 mil TEUs (contêiner padrão de 20 pés – que equivale a 100 mil toneladas), que vão permitir um crescimento exponencial na movimentação de cargas. Este tipo de navio atracou em Suape e portos como Salvador e Pecém, pela primeira vez em julho passado.
O diretor-presidente também prevê que o terminal vai contribuir com a expansão da cabotagem no Brasil. O problema é que a cabotagem requer investimentos e planejamento nos portos ao longo da costa brasileira para que as deficiências de um não prejudiquem o outro, além de mais profissionais formados pela Marinha Mercante para atuar como tripulação.
“Para a cabotagem ficar competitiva com o ramal rodoviário, primeiramente é preciso treinamento para empresas para usarem a cabotagem mas, obviamente, é preciso de navios regulares e cofiáveis em relação ao tempo de viagem para que se possa atingir a eficiência na operação”, diz Rose. Mas dar condições a Suape já é um estímulo, segundo a direção da companhia.
APM Terminal cria oportunidade
A APM entende que o terminal criará oportunidades significativas para o Nordeste, acelerando o desenvolvimento da região, pois além de gerar cerca de 300 empregos diretos e 2 mil indiretos, fortalecerá a conexão de Pernambuco com outros portos internacionais, além de apresentar iniciativas pioneiras em sustentabilidade portuária. O terminal deve movimentar 400 mil TEUs na primeira etapa de operação.
A primeira fase da implantação no novo Tecon foi a maior obra de demolição do estado de Pernambuco, com duração de 222 dias e investimos R$ 241 milhões na aquisição de equipamentos modernos para consolidar o projeto e reforçar o compromisso em liderar a modernização do setor portuário no Brasil. A próxima fase será a escolha das empresas que serão responsáveis pela construção do cais, pátio e prédios. Vale ressaltar que com o início das operações Suape terá sua capacidade de movimentação de contêineres ampliada em 55%.
A solenidade desta sexta-feira acontece no terreno do futuro terminal, e contará com a presença de Silvio Costa Filho, Ministro de Portos e Aeroportos, da governadora Raquel Lyra, de Leo Huisman, presidente da APM Terminals para a região das Américas, Ricardo Rocha, presidente da Maersk para a Costa Leste da América Latina, de Daniel Rose, Leonardo levy entre outras autoridades.
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