Com greve dos portos norte-americanos e baixa demanda do mercado externo, a produção de mangas do Vale do São Francisco passa por crise e agricultores já buscam alternativas para minimizar o prejuízo. Os preços chegaram em um patamar historicamente baixo, deixando a viabilidade da produção em questionamento. As variedades Palmer e Tommy chegaram a ser comercializadas por apenas R$ 0,90/kg e R$ 0,62/kg, segundo a cotação de preços diária feita pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri-BA).
A queda dos preços vem ocorrendo desde o início do mês de outubro, com o principal responsável da situação do setor mangicultor sendo a greve que ocorreu nos portos dos Estados Unidos, principal comprador do produto.
Além disso, outros fatores logísticos fizeram com que a demanda externa diminuísse significativamente. Com a queda na procura pelo fruto e uma alta oferta, os preços despencaram, deixando os produtores muito preocupados. Segundo relatos, até setembro uma caixa de 30 quilos de manga Tommy que custava entre R$ 140 a R$ 150, agora está saindo por R$ 20 no Mercado do Produtor de Juazeiro.
Essa situação se coloca em contraste com a de 2023, quando – principalmente puxado pela Bahia – o Brasil havia atingido seu recorde de exportações de manga, tendo um crescimento em quantidade, de 19%, e na receita, de 36%.
Cerca de 93% da manga exportada pelo país em 2023 foi oriunda do Vale do São Francisco, na região Nordeste, em especial nos estados da Bahia e Pernambuco, que respondem por 47,36% e 45,42% da exportação, respectivamente. O restante veio dos estados de São Paulo (3,25%), Rio Grande do Norte (2,54%) e Ceará (0,79%).
Entre outros problemas identificados pela Seagri, está a falta de capacidade do mercado interno para consumir a grande quantidade de mangas que estão estocadas, e a expectativa é de que os preços continuem baixos até o fim do ano, segundo avaliaram os técnicos da secretaria. A recuperação dos preços dependerá da normalização das exportações para os EUA, o que deverá ocorrer gradualmente com o tempo, já que a greve já chegou ao seu fim.
Diante desse cenário desafiador e sem perspectiva de recuperação no curto prazo, os cultivadores de manga do Vale do São Francisco já buscam alternativas para minimizar os prejuízos e garantir a sustentabilidade da atividade. A redução dos custos, diversificação da produção e a busca por novos mercados consumidores estão entre as medidas adotadas pelos produtores.
Bahia é o principal produtor nacional de manga
Atualmente a Bahia é o maior produtor de manga do país, segundo dados do índice de Produção Agrícola Municipal (PAM) do IBGE. Os grandes resultados do estado baiano são devido a uma combinação de fatores, como as condições climáticas, a produtividade, a área cultivada, e a tecnologia utilizada.
A Bahia tem condições climáticas e do solo ideais para o cultivo da manga, com alta radiação solar, luminosidade e baixa pluviosidade, além de uma grande área destinada para o cultivo do fruto, com mais de 33 mil hectares. Outro ponto que favorece a mangicultura é a presença dos polos estruturados para exportação, e uma localização territorial que facilita o escoamento da produção.
O cultivo da manga baiana utiliza de diversas tecnologias, como equipamentos com infravermelho para medir o nível de maturação da fruta, irrigação por gotejamento e micro aspersores. Junto a isso, a Bahia atende às normas de qualidade exigidas pelo mercado interno e externo, evitando pragas que afetem as lavouras fazendo com que o fruto tenha – em condições normais – seu valor aumentado.
Apenas em 2023 foram produzidas mais de 700 mil toneladas que foram equivalentes a R$ 1,6 bilhão. Entre as principais regiões produtoras estão Juazeiro, como líder absoluto, com um resultado de aproximadamente 78% de toda a produção do estado; e Livramento de Brumado, que produz mais de 70 mil toneladas.
*Com informações do Governo da Bahia
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