A continuidade dos negócios vem preocupando cada vez mais os gestores de empresas. A 27ª edição da pesquisa Global CEO Survey – 2024, realizada pela PwC, revela que 41% dos CEOs no Brasil acreditam que suas organizações não sobreviverão por mais de dez anos se mantiverem o rumo atual dos negócios. Isso representa um aumento de 8% em relação ao levantamento anterior. No mundo, o tema preocupa 45% dos altos executivos (aumento de 6%).
Essa é a expectativa mesmo estando os CEOs mais otimistas em relação ao crescimento econômico global. No Brasil, o temor de uma desaceleração mundial diminuiu, enquanto a previsão de aceleração aumentou em 2024 – subiu para 36% contra 17% no ano passado – um resultado semelhante ao global: 38% ante os 18% de 2023.
No entanto, no Brasil, 39% ainda acreditam em desaceleração global, enquanto 25% em estabilidade. No mundo, o cenário de estabilidade alcança 16% e o de desaceleração, 45%.
Já com relação ao país, os CEOs brasileiros estão mais otimistas que a média dos países, conforme o quadro abaixo:
Fonte PwC
Segundo a levantamento da PwC, o ambiente econômico e geopolítico mexeu com o interesse dos líderes em crescer no exterior. O Brasil foi bem afetado, tendo recuado quatro posições em um único ano no ranking de fontes estratégicas de crescimento para os CEOs globais. Pela primeira vez em um décadas, o país não figura entre as dez primeiras colocações. O Brasil agora ocupa 14ª em termos de interesse global. Os 10 melhores países são Estados Unidos com 29% do interesse, seguido por China (21%); Alemanha (15%); Reino Unido (14%); Índia (8%); França, Canadá e Japão, todos com 7%; Austrália (5%) e México (5%).
Mudanças climáticas e IA
As mudanças climáticas entram definitivamente na pauta dos CEOs. Cerca de três quartos dos que foram ouvidos no Brasil e no mundo relataram esforços em andamento ou já concluídos para melhorar a eficiência energética de seu negócio, enquanto 66% no Brasil e 58% no mundo afirmam ter inovado em produtos e serviços com baixo impacto climático ou estar trabalhando para isso. A pesquisa revela ainda que em todo o mundo os líderes estão aceitando taxas de retorno menores para investimentos com baixo impacto climático.
O rápido avanço da IA generativa e seu potencial desproporcional para a disrupção são motivos de inquietação para os líderes globais. Metade deles acredita que nos próximos 12 meses a IA generativa irá melhorar sua capacidade de desenvolver confiança na relação com os stakeholders, enquanto cerca de 60% preveem que ela vai melhorar a qualidade de produtos ou serviços.
A maior preocupação dos CEOs com a IA generativa continua sendo com os riscos relacionados à cibersegurança. Além disso, 63% no Brasil (52% no mundo) concordam que essa tecnologia vai acelerar a disseminação de desinformação.
Pressões e ameaças sobre CEOs
Os altos executivos entendem que o negócio precisa se reinventar nos próximos três anos porque sofrem com o aumento da pressão diante de alterações associadas à tecnologia, às preferências dos consumidores e ao clima.
Mudanças climáticas e disrupção tecnológica, junto com outras megatendências globais em aceleração, forçaram 97% dos CEOs a tomarem alguma medida, nos últimos cinco anos, para mudar sua forma de criar, entregar e capturar valor, ou seja, para manter seu negócio próspero.
A pesquisa constatou que os CEOs que estão mais preocupados com a viabilidade de suas empresas tendem mais a indicar a existência de obstáculos à reinvenção. Muitas restrições percebidas à reinvenção recaem diretamente na esfera de influência deles. Processos burocráticos, prioridades operacionais concorrentes, recursos financeiros limitados, competências da força de trabalho e recursos tecnológicos estão sujeitos a algum grau de influência dos CEOs, como também a eficiência, que é uma área de preocupação para muitos líderes.
Segundo a PwC, avanços concretos ocorrerão quando líderes e empresas realizarem iniciativas relevantes para transformar a maneira como criam, entregam e capturam valor. A pesquisa deste ano mostra uma associação positiva entre margens de lucro autodeclaradas e iniciativas comerciais com impacto grande ou muito grande nos modelos de negócios, como desenvolvimento e implementação de tecnologia, modelos de precificação inovadores e parcerias estratégicas.
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