O otimismo está presente nas empresas familiares. É o que revela a pesquisa realizada pelo ACI Institute em parceria com o Board Leadership Center Brasil da KPMG junto a cerca de 100 respondentes, distribuídos entre 15 estados brasileiros, procurou investigar estrutura e as práticas de governança adotadas pelas empresas familiares no Brasil.
O levantamento “A Governança Corporativa nas Empresas Familiares Brasileiras” foi realizado no segundo semestre de 2022 e divulgada na semana passada, no Fórum da Amcham Recife. Os dados analisam sucessão, fonte de recursos, presença de conselhos, setores, geração no controle, entre outros pontos como é possível conferir neste texto.
Os dados mostram também um cenário otimista sobre o desempenho dos negócios nos últimos doze meses. A maioria dos respondentes relatou que houve crescimento na receita das vendas, na lucratividade, nos investimentos e no número de funcionários. De maneira geral, as expectativas positivas também se mantêm para o próximo ano, evidenciando um ambiente de confiança na recuperação econômica no pós-pandemia, mesmo em um cenário econômico bastante desafiador.
Do universo entrevistado, 45% são de empresas que possuem um faturamento de mais de R$ 1 bilhão, com um quadro de funcionários que se dividiu de forma mais representativa (50%) entre aquelas que têm de 500 a 999 colaboradores (25%) e as que têm mais de 3 mil colaboradores (25%).
Os dados trazem perspectivas tanto de membros da família proprietária (49%), quanto de integrantes da diretoria (21%) e de membros de conselhos de administração, conselhos fiscais e comitês de auditoria (22%).
Principais dados da pesquisa com empresas familiares:
Fonte de recursos
Segundo a pesquisa, a principal forma de captação de recursos para as empresas familiares são os empréstimos e financiamentos bancários (47%), seguida dos investimentos dos proprietários (44%).
Setores
A maior parte dos respondentes atua em empresas do Agronegócio (29%), seguida por Atacado e Varejo (14%), Construção (8%), Serviços (7%) e Bens Industriais (7%).
Gerações no comando
Das empresas ouvidas, 37% têm de 41 a 70 anos de existência, 25% têm mais de 70 anos e 21% têm de 21 a 40 anos. Além disso, os resultados mostraram uma atuação mais presente da segunda geração da família (40%) nos negócios. Todavia, 28% disseram que a primeira geração ainda continua ativa.
Juntas, a quarta, quinta e sexta gerações representam 10% da atuação nos family businesses brasileiros. Entre as empresas participantes desta pesquisa, as que possuem mais de 3 mil funcionários e as que têm de 500 a 999 foram as mais representativas, ambas com 25%.
Controle
A maioria (51%) das empresas tem controle majoritário, sendo 33% indireto, ou seja, por pessoa jurídica/holdings e 18% direto – por pessoa física. Com relação à forma jurídica, 41% são sociedades limitadas (Ltda.) e 38% são S.A. de capital fechado. Nas companhias em que há participação minoritária, na metade dos casos trata-se da presença de outra família; em 28%, de private equity ou fundo de investimento; e, em 22%, de um investidor pessoa física.
Temores
A maioria (70%) dos respondentes considera a incerteza política e econômica como a principal preocupação para suas empresas familiares ao longo dos próximos três anos. Segundo os autores do trabalho, “os dados podem refletir os resultados da recente eleição realizada no país, mas, historicamente, os empreendedores brasileiros sempre enfrentaram instabilidades e insegurança em distintas áreas — política, econômica, jurídica e regulatória”.
Disputa/retenção e desenvolvimento de talentos, é a maior preocupação para 52% dos empreendedores familiares.
Pontos fortes
Para 44% dos respondentes desta pesquisa, a capacidade de tomar decisões de forma rápida e flexível é um dos pontos fortes dos empreendimentos familiares, seguido pelo foco no negócio estratégico e operacional (34%) e pela marca forte ou presença de mercado (33%). A atração e retenção de talentos foi citado como ponto forte por apenas 2% das empresas.
Razões do sucesso
Quando perguntados sobre as questões mais importantes para o sucesso da empresa familiar, os respondeste destacaram as boas práticas de governança corporativa (53%); a preparação e capacidade demonstrada pelos sucessores (51%); e a harmonia e comunicação entre as gerações da família (47%).
Sucessão
Para um bem-sucedido processo de sucessão, que garanta a perenidade dos negócios, a escolha certa do sucessor é fundamental. E para a maioria dos respondentes (59%), é essencial que ele conheça o negócio e a empresa da família. Em segundo lugar, vem como requisito o comprometimento demonstrado com o sucesso do negócio (51%) e, seguido da capacidade de negociação e de articulação entre a empresa e a família (49%).
Conselho de Administração
A pesquisa revela que 63% das empresas que participaram desta pesquisa têm conselho de família ou equivalente constituído — porcentagem significativamente maior do que a observada na pesquisa global conduzida pela KPMG e o STEP Project Global Consortium, em que apenas 24% dos respondentes afirmaram deliberar suas decisões familiares no negócio por meio de um conselho de família. Entre as empresas que compõem esta pesquisa, 71% têm um acordo de acionistas formalizado.
Quase dois terços (64%) das empresas analisadas contam com um conselho de administração e outras 17% têm conselho consultivo. Entre aquelas com um conselho de administração, quase todas (98%) têm ao menos um membro da família nesse conselho e 85% conta com conselheiro(s) independente(s).
Remuneração
Das empresas familiares que têm um conselho de administração, a maioria paga, em média, até R$ 99 mil por membro do conselho, anualmente. Apenas 3% informaram que a média de remuneração anual paga aos membros do conselho de administração fica acima de R$ 1 milhão.
Comparativamente, quase um terço (32%) das empresas que participaram desta pesquisa pagam, em média, entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões por membro da diretoria, por ano. Em 33%, a remuneração anual média individual fica entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão
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