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APM Terminals tem autorização para implantar seu terminal de contêineres em Suape

A expectativa é de que ocorra um crescimento de 50% na operação de contêineres em Suape com a entrada do empreendimento da APM.
Em primeiro plano, Raquel Lyra, Sílvio Costa Filho e Marcio Guiot assinam a autorização para a implantação de um segundo terminal de contêineres no Porto de Suape. Foto: Miva Filho/Secom

A governadora Raquel Lyra (PSDB) e  o ministro Sílvio Costa Filho assinaram uma autorização para que a empresa APM Terminals, da Maersk, instale um segundo terminal de contêineres no Porto de Suape. O investimento será de R$ 1,6 bilhão e a previsão é de que o empreendimento entre em operação em 2026. A concessão do único terminal de contêiner em operação atualmente no porto, o Tecon Suape, vence em 2031. Segundo o presidente de Suape, Márcio Guiot, uma nova licitação será feita até lá para garantir a concorrência.

A APM Terminals é uma subsidiária da A.P Moller-Maersk, dona de uma das maiores operadoras marítimas do mundo. Durante a obra, serão gerados 500 empregos diretos e 2 mil indiretos. E quando entrar em operação, o terminal vai gerar 350 postos de trabalho diretos e 1,4 mil indiretos, segundo informações do governo do Estado. 

“O novo terminal vai permitir que Pernambuco se reposicionar em termos logísticos”, disse a governadora Raquel Lyra, em coletiva, durante o evento que marcou a assinatura, na manhã desta segunda-feira (16), no centro administrativo de Suape. As obras devem começar em 2024. 

A expectativa é de que ocorra um crescimento de 50% na operação de contêineres em Suape com a entrada do empreendimento da APM, que será um Terminal de Uso Privativo (TUP) e terá condições diferenciadas dos outros terminais, considerados públicos. No ano passado, o Porto de Suape movimentou 492.194,00 TEUs, medida usada para indicar a quantidade de carga colocada em um contêiner. Cada TEU equivale a um contêiner de 20 pés.  

O novo terminal terá capacidade inicial de movimentar, anualmente, 400 mil TEUs, segundo  informações do Porto de Suape. E poderá ultrapassar a marca de 1,3 milhão de TEUs anuais quando estiver em pleno funcionamento. 

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O terreno onde o terminal será instalado foi vendido pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS) – que está em processo de recuperação judicial – num leilão realizado pela Justiça. Segundo o ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, a APM já está de posse do terreno e já está tudo regularizado. Mesmo sendo um porto estadual, a implantação dos empreendimentos em área portuária passa por uma autorização de órgãos federais, que tratam das questões dos portos, no âmbito federal.  “Esse novo terminal vai colocar Pernambuco como hub internacional, fazendo com que a gente possa ampliar as exportações do Estado e do Nordeste”, afirmou Costa Filho. 

“Um segundo terminal de contêineres em Suape era mais do que merecido. Isso vai garantir a melhoria de processos e redução de custos. Teremos dois players internacionais. E temos certeza de que várias linhas de navegação voltarão a Suape”, apontou o presidente de Suape, Márcio Guiot. 

Terminal eletrificado

Mais detalhes sobre o terminal foram dados pelo diretor-presidente da APM Terminals Suape, Aristides Russi Junior. “Este será o primeiro terminal 100% eletrificado na América Latina. Todos os equipamentos serão elétricos, com tecnologia e processos de ponta, como um sistema completo de gestão ambiental, gestão de resíduos, tratamento de águas residuais. Também terá rede 5G própria, que possibilitará transmitir informações em tempo real para os clientes, 24 horas por dia, sete dias por semana”, comentou o executivo.

A Maersk começou, no dia 13 de setembro, a usar o primeiro navio movido à metanol, a embarcação Laura Maersk,  que está fazendo a linha Ásia/Europa e evitando a emissão de 100 toneladas de carbono na atmosfera por dia. A intenção da empresa é ter 24 navios movidos a metanol nos próximos anos e atingir zero de emissão em 2040. 

Para se ter ideia do tamanho da Maersk, a companhia tem 64 localizações espalhadas pelo mundo em 57 terminais, sendo 15 deles na América Latina. Até 2026, a empresa pretende empregar um total de R$ 5,23 bilhões no Brasil, incluindo outros terminais como o de Santos. 

Em 2001, a movimentação de contêineres no Porto de Suape passou a ser realizada pelo terminal da empresa filipina ICTSI, que obteve uma concessão, do governo do Estado, para prestar este serviço. Foto: Miva Filho

O fim do monopólio na movimentação de contêineres do Porto de Suape é uma antiga reivindicação de vários setores produtivos da economia de Pernambuco. Nestes últimos anos, algumas cargas foram deixando o Porto de Suape como por exemplo as frutas cultivadas no Vale do São Francisco que, atualmente, são escoadas principalmente pelos portos de Pecém, no Ceará; e Salvador, na Bahia. “Acabar com o monopólio é importante para a economia de Pernambuco. Houve um afastamento do fluxo de navios em Suape. Tem carga daqui que vai para Santos, porque não tem frequência de linhas passando por aqui”, resume o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger. 

Entidade ligada à Fiepe, o Observatório da Indústria vai fazer um levantamento do que vem para Pernambuco e entra por outros portos e do que poderia sair por Pernambuco, mas embarca em outros terminais. O documento será entregue ao governo do Estado e indica um potencial de carga que poderia ser movimentado por Suape. 

“É importante ter o segundo terminal e os dois terminais de contêineres estarem em operação para ocorrer a concorrência plena e não existir verticalização do serviço”, disse o diretor do Grupo  Agemar, Manoel Ferreira. 

Fim do monopólio

Desde 2001,  a operação de contêineres é realizada pela empresa Tecon-Suape, que explora uma concessão do governo do Estado realizada na gestão do ex-governador Jarbas Vasconcelos (MDB).  A  concessão vence em 2031. Um dos fatores que impactou o preço das tarifas do Tecon-Suape foi o alto valor do arrendamento que o empreendimento paga ao Porto de Suape para explorar a concessão, que foi estabelecido numa licitação realizada em 2001. Isso fez muitas cargas optarem pelos portos vizinhos.

Ao ser questionada como vai ficar a situação do Tecon-Suape, a governadora Raquel Lyra argumentou que “não se quer dividir, mas agregar novos contratos e cargas para Pernambuco”. Ela acrescentou também que “cada contrato pode ser questionado da forma que o concessionário compreender” com uma demanda que pode ser feita “administrativamente ou judicialmente”. 

A remuneração paga pelo Tecon-Suape ao porto é uma das principais receitas da estatal, segundo Márcio Guiot. “O ICTSI daqui a dois anos vai buscar meios de viabilizar a sua operação. Não tenho dúvidas de que Suape tem potencial para dois terminais”, comentou Guiot, que acredita que aparecerão interessados, quando o governo do Estado realizar uma licitação para um novo terminal de contêineres em 2031, quando vence a concessão do grupo filipino ICTSI, o qual administra o Tecon-Suape. 

Dragagem em Suape

Ainda no evento, o ministro Sílvio Costa Filho anunciou que serão destinados R$ 130 milhões do governo federal para dragagens no Porto de Suape, “além dos recursos que estão previstos para serem empregados pelo governo do Estado”. Ele afirmou também que o presidente Lula (PT) deve vir ao Estado até o final deste ano para anunciar estes recursos previstos para 2024.

Serão R$ 100 milhões destinados à dragagem do porto interno de Suape e R$ 30 milhões para conclusão da reforma no molhe. As obras vão fazer Suape alcançar 20 metros de profundidade na sua área de atracação. E isso é importante para que o porto consiga receber navios maiores, que transportam uma grande quantidade de carga e por isso, deixam as suas operações mais baratas

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