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Transição e desmobilização preocupam empresários da Ciepe

Paulo Drummond
Paulo Drummond, vice-presidente da Ciepe: a desmobilização é preocupante /Foto: divulgação

A indicação de nomes para os cargos de Secretário de Planejamento e para os Portos de Suape e Recife tem mobilizado discussões no Centro das Indústrias do Estado de Pernambuco (Ciepe), entidade ligada à Federação das Indústrias, a Fiepe. Com o fim de um ciclo de 16 anos do PSB e início da gestão de Raquel Lyra (PSDB) no comando do Governo do Estado, os empresários se preocupam com a continuidade das tratativas para garantir os investimentos anunciados para os próximos anos.

“Ter planejamento estratégico, gestão e definição de prioridade é fundamental para que os investidores não desistam de trazer seus negócios para Pernambuco”, alerta o vice-presidente da Ciepe, Paulo Drummond.

A preocupação faz sentido. O Complexo Portuário Industrial de Suape tem investimentos da ordem de R$ 44 bilhões previstos até 2027. As negociações em torno do novo terminal de contêineres da APM Terminal, do Grupo Maersk, da ferrovia do Grupo Bemisa, e da planta de Hidrogênio Verde da Qair Brasil – só para citar alguns -, são muito recentes e vinham sendo travadas por funcionários que devem deixar seus cargos com a mudança de governo.

“É preciso dar foco à ferrovia. A Bemisa tem um potencial de mina de 20 bilhões de toneladas e pretende escoar pelos trilhos 20 milhões de toneladas por ano. Ou seja, quase duplicar o volume de cargas movimentadas em Suape, hoje na faixa 25 milhões de toneladas. Se não tivermos gente eficiente no Porto de Suape dando atenção e foco a isso, esse pessoal da Bemisa vai mudar para Pecém, pois são muito objetivos. A empresa quer viabilizar a mina que está lá parada e não vai ficar esperando o governo se mexer na sua velocidade tradicional”, diz Drummond, preocupado com a morosidade na gestão pública.

Os empresários da Ciepe entendem que a transição, seguida do processo de desmobilização, precisa ser bem planejada para não deixar o empresário sem interlocução ou com interlocução deficiente. “Suape tem potencial de expansão e sendo o núcleo central do desenvolvimento do estado, precisa ser gerido por pessoas que tenham autonomia, conhecimento técnico e celeridade. A desmobilização na transição precisa ter dosimetria correta”.

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Desmobilização na Adepe

Assim como Suape, preocupa também a desmobilização da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), que atua na atração de investimentos. Pode-se dizer que essas preocupações vão além da Ciepe. Recentemente, um grupo de empresários ligados ao setor automotivo, em conversas reservadas com o Movimento Econômico, defendeu a permanência do atual presidente, Roberto de Abreu e Lima, e sua equipe na Adepe. A agência conta com mais de 300 técnicos de alto nível, envolvidos, entre outras coisas, na atração de indústrias para Pernambuco. Sob a gestão de Abreu e Lima, a Adepe vinha conduzindo, por exemplo, a atração de novas empresas para o supply park da Jeep, fábrica do grupo Stellantis, em Goiana.

No dia 30 de novembro passado, Abreu e Lima estava em São Paulo, num evento promovido conjuntamente pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), pela Stellantis e pela Adepe, para apresentar a empresários as oportunidades de negócios em torno do polo automotivo.

Portos unificados

A Ciepe também defende uma tese que vem ganhando corpo: a gestão unificada dos portos de Suape e Recife. “Pernambuco precisa urgentemente retomar o seu protagonismo com a devida atenção aos portos de Suape e do Recife, uma vez que, a cada ano, vem perdendo sua vantagem locacional para os portos de Pecém, no Ceará, e da Bahia. Unificar a gestão dos dois portos vai trazer mais economicidade e resultados. Afinal, por que o Porto de Suape dá lucro e o do Recife não? ”, questiona Drummond.

“Projetos para viabilizar os nossos terminais não faltam, então, não se pode perder tempo criando projeto”, comenta, alertando que o Porto do Recife pode perder cargas para o Porto da Cabedelo (PB), que vem recebendo investimentos em dragagens. “A tendência é de empresas situadas em Goiana escoarem suas mercadoras pela Paraíba”, diz.

Porto de Cabedelo
Porto de Cabedelo/Foto: divulgação Companhia das Docas da Paraíba

A dragagem em Cabedelo representa um investimento de R$ 95 milhões e vai ampliar a profundidade do canal de acesso de 9,14 metros para 11 metros, permitindo a atracação de navios de até 55 mil toneladas. Atualmente só é possível a atracação de navios de no máximo 35 mil toneladas. A mudança fará com que a movimentação no porto paraibano cresça até 57%, conforme projeções. O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da dragagem estima o crescimento na movimentação de cargas de 10% ao ano até 2031, algo em torno de R$ 1,6 milhão/ano.

A possibilidade do Porto de Recife perder competitividade para Cabedelo traz de volta a discussão em torno do Arco Metropolitano, rodovia essencial ao escoamento das indústrias automotiva e de autopeças de Goiana, assim como de fundamental importância para o tráfego de caminhões na Região Metropolita no Recife. “Precisamos de alguém que planeje o estado. Tudo isso requer planejamento”, defende Drummond.

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