Por Angela Fernanda Belfort
Os biólogos Wallace Rodrigues Telino Júnior e Rachel Maria de Lyra Neves enxergaram no café especial a possibilidade dos filhos ingressarem num negócio próprio. Eles compraram um sítio em Garanhuns e há dois anos começaram a plantar os primeiros pés de café com todos os cuidados para resultar numa bebida especial. Eles seguem as orientações de uma agrônoma mineira especializada em cafés especiais e também as dadas pela Kaffe. “A finalidade é deixar uma renda para os nossos filhos e o café especial agrega valor, o que é um diferencial”, diz Wallace.
E Rachel complementa: “Começamos a nos apaixonar pelo café especial numa viagem que fizemos a Minas Gerais. Não foi preciso aumentar a área plantada. E a nossa expectativa é de que com uma área pequena consigamos ter um bom retorno econômico. Somente ter cuidado com a colheita, pois o fruto tem que estar maduro. É preciso ter cuidado com os nutrientes, ver a água necessária, entre outros detalhes”.
O café do casal chama-se Morada Nova e o casal já fez o primeiro teste na última Fenearte, realizada em dezembro passado, quando enviou 20 pacotinhos do café para a feira. Foram vendidos todos em menos de 48 horas.
Outra vantagem do café especial é alcançar um preço mais alto do que o café commodity, aquele que é vendido no supermercado. O primeiro, é vendido a partir de R$ 2.300 a saca de 60 quilos, enquanto a mesma quantidade do segundo custava R$ 1.249 na cotação da terça-feira (13) no site melhorcâmbio.
Se você ficou com água na boca para saber o gosto do café especial, saiba que é possível degustar de graça. A Associação dos Empresários de Cafeteria de Especialidade de Pernambuco (Ascape) vai instalar uma cafeteria na Rua dos Amores, no Recife Antigo, dentro de um projeto chamado “Café na Rua” – no dia próximo dia 1º de maio. “Na última edição deste evento, que ocorreu em 2019, foram distribuídos 4 mil copos de cafés especiais”, lembra Carlos Daniel, presidente da Ascape.
Saiba o que é a terceira onda do café
Este termo surgiu em meados dos anos 2000, quando inicia o movimento de cafeterias independentes no mundo. Surgiu primeiro nos países escandinavos. É um mercado que passa pelo aumento no consumo de grãos especiais, com o café sendo um produto artesanal, com características sensoriais e atributos como qualidade, origem, torra, métodos de preparo, segundo informações da Kaffe.
Outra característica da terceira onda é o curto caminho entre os diversos elos da cadeia produtiva, encurtando o caminho entre o produtor e o mercado. O processo de produção, torra e a distribuição para as cafeterias é feito de forma mais direta e chega mais “rápido” e fresco ao consumidor final.
Uma parte dos produtores que estão cultivando cafés especiais no interior de Pernambuco já compraram terras que possuíam cafezais esquecidos.
Na década de 1980, o governo federal desestimulou o cultivo do café no Estado para não fazer concorrência com os produtores do Sudeste e estimulou os produtores locais a implantarem pastos para o gado nessas propriedades. Na época, o grão era cultivado em Garanhuns, Brejão, Paranatama, Correntes, Saloá, além de Taquaritinga do Norte.
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