Setor de TI acolhe Marco Legal das Startups com ressalvas

Por Patrícia Raposo O Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador, sancionado na última terça-feira (1º) pelo presidente Jair Bolsonaro, foi recebido com entusiasmo moderado pelo setor de tecnologia do Nordeste. O marco tem o objetivo de fomentar a criação de empresas inovadoras no seu modelo de negócio, produto ou serviço. Embora destrave certos […]

Por Patrícia Raposo

O Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador, sancionado na última terça-feira (1º) pelo presidente Jair Bolsonaro, foi recebido com entusiasmo moderado pelo setor de tecnologia do Nordeste. O marco tem o objetivo de fomentar a criação de empresas inovadoras no seu modelo de negócio, produto ou serviço. Embora destrave certos obstáculos jurídicos, para as lideranças do setor de TI, a lei não contemplou a contento medidas que estimulem os investidores.

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Pierre Lucina, presidente do Porto Digital

Entre as novidades da nova lei está a criação do “ambiente regulatório experimental” (sandbox regulatório), que é um regime diferenciado onde a empresa pode lançar novos produtos e serviços experimentais com menos burocracia e mais flexibilidade no seu modelo, segundo o governo. O texto cria também a modalidade especial de licitação pública para contratação de startups.

Outra inovação é a previsão da figura do investidor-anjo, que não é considerado sócio nem tem qualquer direito à gerência ou a voto na administração da empresa, não responde por qualquer obrigação da empresa, mas é remunerado por seus aportes.

É neste ponto que surgem certas insatisfações no setor. Para Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, o Marco Legal não isenta o investidor completamente das obrigações e responsabilidades. Ele diz que algumas questões tratadas nas discussões iniciais do marco, que começaram ainda no governo Temer, não forma consideradas, como a intenção de se incluir a possibilidade de Stok Option – que permitiria ao investidor o direito a certo volume de ações, com a possibilidade de só exerce posição no futuro, se houver interesse. Desta forma, se o negócio der errado, o investidor não seria penalizado como gestor, porque ele de fato é apenas investidor. “No projeto original tinha essa possibilidade, mas foi excluída e o investidor continua assumindo mais risco que deveria”, diz Pierre.

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Além disso, para ele, o marco também não resolve o grande desafio do empreendedorismo, que é alargar a base de startups no país. “Se você olha o mapa das startups do Brasil, verá que temos cerca de 9.700 startups, a maioria no Sudeste, cerca de mil no Nordeste, o que é pouco”, analisa.

Ele ressalta que o marco legal trata de uma etapa mais avançada do universo de startups, “quando elas já estão consolidadas”. Para Pierre Lucena, o problema não é só questão de regulação. “Temos que olhar para o início da cadeia, não temos fomento para o setor”, reclama. Mas o presidente do Porto Digital  reconhece que houve avanços e diz que a lei, apesar de tudo, vai ajudar a animar o ambiente de negócios.

Ítalo Nogueira, presidente de  Assespro Nacional (Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação), acompanhou as discussões em torno do Marco Regulatória desde o seu nascedouro. Para ele é importante, comemorar qualquer avanço no setor. Mas reconhece que ainda há dois problemas cruciais para as startups que precisam ser resolvidos para que o Brasil não perca o bonde da inovação: a formação de mão de obra e o estímulo às iniciativas que saem das universidades. “Precisamos tanto de qualidade quanto de quantidade de startups”, ressalta.

Nogueira concorda que o projeto acabou por não trazer muito estímulo ao investidor anjo, porque eliminou temas de interesse, como o Imposto de Renda regressivo para investimentos de alto risco. “Isso seria muito importante para um momento como esse de alta liquidez”, ressalta. E acrescenta: “Quanto mais recursos, melhor, pois isso aumenta as chances de sucesso das  startups”.

O presidente da Assespro ressalta que o Brasil precisa apoiar as empresas que estão  nascendo. “Na pandemia, Israel pagou a folha pagamento de todas as startup do país todo. Há países em que para cada dólar investido pela iniciativa privada, outros quatro são investidos pelo governo”, ressalta.

Ítalo Nogueira, presidente da Assespro
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